Responsável por ajudar a tirar do buraco a divisão de motos da marca alemã, a aclamada série entra nos 40 com muita energia e prestígio, graças a um contínuo processo de renovação.
Até o final do século passado, as evoluções tecnológicas se davam em uma velocidade muito menor e isso implicava não só em um número menor de segmentos de motos mas também, em muito menos modelos.
Até meados dos Anos 70, se você quisesse uma moto para encarar uma terra, ou você pegava uma moto de enduro/motocross, ou pegava uma street e a adaptava para esta condição – e foi assim que surgiram as primeiras motos que poderiam ser consideradas como dual purpose: as scramblers.
Este movimento fez as marcas sacarem que o público buscava por motos mais versáteis e aí vieram os maravilhosos e saudosos Anos 80, que trouxeram alguns movimentos neste tabuleiro que mudaram a história.
Um desses foi feito pela BMW, quando no segundo semestre de 1980, apresentou a R 80 G/S. A história desta moto é meio nebulosa até hoje, mas acredita-se que ela nasceu a partir de Laszlo Peres, um fã declarado de off-road e engenheiro da marca alemã, que havia criado para si uma moto com motor boxer de 800 cm3 para correr em provas alemãs no início dos Anos 60. Diante do sucesso, a moto começou a despertar o interesse dos colegas e em 1964 os primeiros protótipos batizados de G/S (Gelande/Straße (off-road/road, em alemão) começaram a aparecer nas trilhas, mas ainda fabricados por Peres.
O salto só ocorreria alguns anos mais tarde, quando Karl Heinz Gerlinger, o homem contratado pela marca com a missão de tirá-la do buraco em que se encontrava no início dos Anos 80, encontrou o modelo no departamento de Pesquisa e Desenvolvimento.
A moto apresentava capacidade para rodar no fora de estrada, boa desenvoltura no ambiente urbano e vocação para encarar a estrada. E para mostrar que a aposta de Gerlinger estava correta, no ano seguinte (1981), Hubert Auriol venceria o Paris-Dakar, fato que se repetiria depois, entre 1983 e 1985, de forma ininterrupta.
Nova era
Em 1993 surgia a primeira GS (já sem a barra separando as letras) monocilíndrica. Batizada de F 650 GS, era considerada pela marca uma “funduro” (mistura entre diversão e enduro, em inglês), por mesclar a potência de seu motor de 47,6 cv com a leveza de seu conjunto.
Neste mesmo ano a BMW anunciaria a chegada da R 1100 GS, moto que trouxe três importantes novidades: motor com 4 válvulas por cilindro, que gerava 81 cv, o qual era usado como elemento de ampliação da rigidez do quadro; sistema de suspensão dianteira batizado de Telelever, que reduzia o mergulho da frente nas frenagens – atrás a marca já havia desenvolvido o Paralever para otimizar o trabalho da suspensão traseira em conjunto com a transmissão a cardã – e freios ABS (a primeira maxi trail a contar com tal recurso).
Em 2007 viriam mais duas grandes novidades: F 650GS e F 800GS, ambas equipadas com o mesmo bicilíndrico em linha, mas limitado a “apenas”71 cv na 650 e na plenitude de seus 85 cv na 800.
No segundo semestre de 2009 que surgiria aquela que reescreveria a história da linha: a R 1200GS. Seu motor boxer bicilíndrico apresentava duplo comando de válvulas o que o fazia entregar 111,5 cv e muita eletrônica embarcada, que deixavam sua pilotagem ainda mais intuitiva e agradável em qualquer ambiente.
Em 2010 a marca bávara anunciou também o lançamento da série comemorativa “30 Anos de GS”, onde a gama completa de modelos (F 650 GS, F 800 GS, R 1200 GS e R 1200 GS Adventure) receberam grafismos e itens de conforto exclusivos. Neste mesmo ano surgia a G 650 GS, motocicleta que aposentava a F 650 GS, fazendo-a retornar à configuração monocilíndrica, algo que muita gente não engole até hoje.
Em 2012 a R 1200 GS seria apresentada na Intermot completamente redesenhada. O motor trazia um novo conceito de fluxo de alimentação vertical, com caixa de ar integrada e arrefecimento a líquido, que fez a potência passar dos 125 cv. O cardã havia sido alocado no lado esquerdo e uma série de mimos eletrônicos como ABS, controle de tração e chassi semi-ativo foram incorporados.
500 K
Em março de 2014, a BMW Motorrad anunciava a saída de sua linha de produção em Munique da GS de número 500.000, não por acaso, uma R 1200 GS Adventure.
No segundo semestre de 2016 surgia a primeira moto da família GS de baixa cilindrada. Batizada de G 310 GS, a moto foi concebida com a missão de atrair novos consumidores para a marca, enquanto que a renovada R 1200 GS voltava a chacoalhar o mercado, desta vez, com duas versões: Rallye e Exclusive.
Neste mesmo ano (2016) surgiu a R nineT Urban G/S (não disponível no Brasil), motocicleta que procurava fazer uma releitura daquela primeira G/S de 1980, com pitadas de scrambler. O motor voltava a ser o arrefecido a ar/óleo da versão de 2010, de 111,5 cv.
Em 2017 surgem as renovadas F 750 GS e F 850 GS, apresentando motores com maior capacidade cúbica e novos virabrequins de 270/450 graus de distância de ignição, que geravam 78 cv na 750 e 96 cv na 850.
E finalmente no final de 2018 a BMW daria novos e importantes passos na consolidação da sua moto mais vendida no mundo, a R 1200 GS. Para melhorar a entrega de potência e de torque, mas com redução de emissões e de consumo de combustível, os novos motores boxer ganharam aumento de cilindrada (1250) e receberam o inovador comando de válvulas assíncrono e variável na admissão (ShiftCam), que gerou mais efetividade na combustão e mais performance.
“Destaque também para o novo painel em TFT colorido de 6,5”, com conexão aos dois sistemas de smartphones, quickshifter e smart key. Na versão Sport + a moto ainda contava com ABS Pro, piloto automático, luz de frenagem dinâmica, suspensão semi-ativa, controle automático de estabilidade e sensores de pressão dos pneus.
E assim como fizera nos 30 anos, a BMW lançou a linha “40 Years GS Edition”, onde criou grafismos e itens de conforto exclusivos para as F 750 GS, F 850 GS e F 850 GS Adventure (inexplicavelmente, a R 1250 GS e R 1250 GS Adventure não haviam entrado na série).