Este mês, o tema em destaque é a utilização de jaquetas próprias para pilotagem

TEXTO: TEODORO VIEIRA

FOTOS: MAURA DE ANDRADE

“Meu casaco de couro, minha armadura contemporânea”, disse Frejat. Quem nunca experimentou o duro asfalto ou a terra que impregna na ferida aberta jamais dará valor a esse equipamento de segurança fundamental. Já que não se trata somente de nos proteger das intempéries, a jaqueta evolui com o passar do tempo e o couro antiabrasivo dá lugar a boas e modernas opções, como o gore-tex e a cordura com proteções nas extremidades – ombros e cotovelos – em kevlar ou compostos cerâmicos, chamado SuperFabric.

Aberturas em zíper adornam locais estratégicos para facilitar a ventilação, enquanto forros térmicos e impermeáveis garantem o conforto em situações extremas. Em se tratando de frio intenso, os coletes e jaquetas térmicas alimentados pela tomada 12V disponíveis em muitas motocicletas mantém piloto e garupa aquecidos. Aplicação de material químico e proteção de raios solares garantem uma temperatura do corpo adequada nos deslocamentos em regiões inóspitas – por meio do investimento em pesquisa e desenvolvimento. Exageros à parte, existem opções de jaquetas com airbag embutido e à prova de balas. Na atual conjuntura da segurança, pode até ser uma opção interessante.

Além do fator segurança, a jaqueta pode se adaptar ao estilo da moto: uma Custom veste bem uma jaqueta de couro, enquanto a esportiva exige a jaqueta ou macacão em couro com todas as suas proteções, inclusive protetor do peito e corcunda. A moto clássica, ou rat-bike, vai bem com a jaqueta de couro envelhecido, ou mesmo aquele seu bom e velho casaco de couro. As motos urbanas vestem uma prática jaqueta de cordura no dia a dia. Vai encarar uma longa viagem em uma Big Trail? Você perceberá que a parca – derivada do anorak esquimó – é a mais indicada, pela quantidade de bolsos e ventilação, além de opções de forros.

Outro fator muito importante é tentar evitar cores escuras e adotar as mais claras e chamativas, que são percebidas mais facilmente no trânsito da cidade ou na estrada. Independentemente do clima, a jaqueta já se tornou um item fundamental e deixa a pilotagem mais segura e confiante. Afinal, como dizem os motociclistas mineiros: “Não aguenta o calor, sai da cozinha”.

Na década de 1980, tive o prazer de pilotar uma Agrale SXT 16.5 que adquiri com o apoio de meu pai, que sempre me incentivou a ir em busca dos meus sonhos. Além da metade do valor da motocicleta, ele me presenteou com uma clássica jaqueta de couro “Moai”, feita sob medida. Ao longo das mangas e cotovelos, aqueles “biscoitos” de proteção. Gola larga com fechamento duplo para proteger o peito do vento. Não importava onde fosse, lá estava minha jaqueta, como se fizesse parte do meu corpo. Mais tarde, um modelo feminino “Moai” em couro marrom seria encomendado para Maura, minha inseparável garupa e companheira, que ficou ainda mais charmosa!

Mais recentemente, o couro substituído pelo tecido sintético gore-tex resistente a abrasão da prática parca com aquela SuperFabric literalmente salvou minha pele no tombo da cordilheira dos Andes entre Cusco e Chalhuanca. Os danos na manga esquerda mostraram o quanto meu cotovelo foi protegido, saindo praticamente ileso. A quantidade de bolsos dessa parca se equipara à de um colete de fotógrafo profissional. Aliás, ela também se transforma em um colete quando destacamos suas mangas anexadas por zíper. O bolso traseiro é adequado para acomodar o forro impermeável e tem mil e uma utilidades (como porta-luvas e porta-gadgets) e também se transforma em um útil bornal, talvez para guardar aquelas mangas destacadas. É só usar a sua imaginação.

Fica a dica: encontre sua “armadura contemporânea” ideal e não largue mais dela!

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