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Longa metragem encontra-se em cartaz no Cine Orlandi, em Socorro (SP), o mais antigo cinema de rua do Brasil e revela tudo que cercou este que foi um dos maiores feitos da motovelocidade brasileira.

Em 1982, a jovem revelação Antonio Jorge Neto, o “Netinho”, já era bi-campeão latino-americano e seis vezes campeão brasileiro de velocidade em diferentes categorias. Com as credenciais de piloto Shell/Yamaha, foi à Daytona pela primeira vez com apoio da Yamaha do Brasil, tendo Masaharu Tanigawa como preparador. Caiu na prova quando estava em quarto lugar brigando pela vitória. Ainda tentou retornar, mas a mão machucada não deixou. Ficou a certeza, posso vencer.

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Depois de uma longa negociação com a Yamaha do Brasil, as coisas não frutificaram para voltarem juntos, em 1983. Diante disso, seu pai, decidiu que iram mesmo assim.

O time desta vez era formado pelo pai, o cunhado Pato, Netinho, Jacinto Sarachu como preparador e a coincidente viagem do amigo e jornalista João Mendes, que se juntou à trupe lá em Daytona. O “Exército de Brancaleone” contra a mais poderosa equipe dos Estados Unidos. Mais uma história de Davi versus Golias.

Mas algumas coisas precisam ficar registradas aqui.

A moto: segundo o próprio Netinho, eles tiveram a sorte, ou melhor, um bom currículo, e puderam comprar a mais moderna TZ que era vendida ao público. Melhor ainda, ela era a melhor versão em anos e a menos distante para as motos oficiais. Outro detalhe: mais de 100 motos se inscreveram naquele ano para as 100 Milhas na categoria 250cm³  e “apenas” 70 alinharam para a corrida. A classificação já era uma coisa de louco.

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Além de tudo, o sistema de tomada de tempo e classificação era diferente do usado no Mundial e no Brasil. Em vez de computar apenas a melhor volta, o sistema tirava a média das 4 melhores voltas para determinar a posição de largada. Mesmo tendo feito o tempo que seria a pole, Neto acabou classificado para largar na 12ª posição.

12 de março de 1983

Ao chegar na pista, Netinho encontrou um Sarachu tenso, preocupado. “Olhe os tanques de combustível, Neto. Todo mundo com tanque maior. Estava fazendo contas. Esta nova moto anda mais, mas bebe mais, também. Acho que com o tanque original não vamos conseguir completar.” Corre daqui, pede dali e ninguém, nem que tivesse, cederia um tanque grande para aquele brasileiro que havia feito o melhor tempo no cronometrado. A solução inusitada partiu do cunhado. Ele pediu o tanque a Sarachu e correu para o caminhão da Dunlop, onde havia um grande compressor. Com o tanque no colo e todo vedado, injetou ar até que ele estufasse. Todos em volta saíram correndo, mas o tanque não explodiu e ganhou pouco mais de um litro.

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A motocicleta com a qual Netinho conquistou o feito histórico está exposta no Centro Cultural Movimento. Foto: Johanes Duarte/VG Com

Neto foi o último piloto a alinhar, largando da 12ª posição, recuando para 18º na primeira curva e então primeiro no início da terceira volta. João Mendes disse: “Neto parecia possuído. Ultrapassou todo mundo tão rápido que parecia ser de outra categoria. Enfiou um segundo por volta no americano, venceu com 27 segundos de vantagem e bateu 16 vezes o recorde da pista naquela prova. Parece inacreditável, mas é verdade.”

O filme teve sua pré-estreia realizada no último dia 12 de março, exatos 40 anos depois, quando um jovem garoto saído do interior do estado de São Paulo, sem estrutura alguma, superou os pilotos de fábrica norte-americanos diante de uma plateia de 100 mil pessoas que não acreditavam no que estavam vendo.

Motostory apresenta o documentário:  Aconteceu em Daytona

Onde assistir:  Cine Cavaliere Orlandi

Endereço: Rua Campos Sales, 63 – Centro – Socorro – SP

Telefone: (19) 3895-6972 (confirme antes o horário da sessão)

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Da esq. para a dir.: Ryo Harada, ex-Yamaha, Laner Azevedo, atual assessor de imprensa da Yamaha, Netinho, Carlãozinho Coachman e Jacinto Sarachu. Foto: Johanes Duarte/VG Com

Patrocínios:  

Governo Federal – Ministério da Cultura – Lei de Incentivo à Cultura –  @leideincentivo

Yamaha Motor do Brasil – @yamahabrasil

Moto Remaza –  @motoremaza

Estando em Socorro não deixe de visitar o Centro Cultural Movimento

Ingresso para Museu: R$20 (vinte reais) inteira e meia entrada R$10 (dez reais) para os estudantes, professores da rede pública, menores de 12 anos e 60+.

Horário de funcionamento do Museu: quartas, quintas e sextas, das 10h às 20h, sábados, das 10h às 20h e aos domingos, das 9h às 17h

Acesse o site e saiba mais:  www.centroculturalmovimento.com.br

No Instagram:   @centroculturalmovimento

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Jacinto Sarachu, Netinho e Carlãozinho Coachman. Foto: Johanes Duarte/VG Com

Sobre o Centro Cultural Movimento –  O CCM é um espaço criado na Antiga Estação Ferroviária de Socorro, prédio histórico construído em 1909. Inaugurado em novembro de 2021, o museu dedica seu trabalho ao resgate da história do motociclismo – Motostory – e do ciclismo Bikestory –  brasileiro, e trabalha para fomentar o turismo de experiência em Socorro  e no Circuito das Águas Paulista. Com foco na história de personagens e suas motocicletas, bicicletas, troféus, capacetes e diferentes itens de mobiliário, o Centro Cultural Movimento oferece uma luz sobre a história do mercado de duas rodas no país. 

Mantenedores:  Cine Orlandi, SocoPisos, Ecobier, Moto Classic Museum, Abraciclo, Lojas 1a99;

Apoiadores:  Moto Remaza, Alemão Pneus Moto, Cobreq, Riffel, 2W Motors, Scott Bike Brasil, Total Grass Grama Sintética, Dimep Sistemas, R3 Internet, TPT Log;

Cúmplices:  Octo Works, PixHaus, Cycle Adventure, Socorro Destino Duas Rodas, Turismo de Socorro, Associação Comercial de Socorro, Prefeitura Municipal de Socorro, Circuito das Águas Paulista, Sebrae SP e VGCOM.