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Com cara de moto da rally e livre de penduricalhos, a Ténéré 700 procura trazer de volta o prazer da pilotagem pura.

Texto: André Ramos

Fotos: Divulgação

Desde que foi apresentada como uma versão conceito em 2016, a Yamaha Ténéré 700 tem sido uma das motos mais comentadas na mídia especializada em duas rodas em todo o mundo. E isso tem algumas explicações.

A primeira, sem dúvida, foi por conta do visual inspirado nas motos de rally que a Yamaha emprestou para esta primeira versão. Esguia, mas ao mesmo tempo, musculosa e agressiva, a T7 (como passou a ser chamada) parecia uma moto saída do Dakar, com leves modificações para andar nas ruas. As suspensões de longo curso, associadas à um set de rodas 21/18, misturavam-se a protetores de mão e de motor, a um assento praticamente plano, a um pequeno para-brisas transparente e a um tanque que demonstrava ampla capacidade volumétrica.

A descontinuação da Ténéré 660 e o ocaso da XTZ 1200 Super Ténéré (que sairia de linha no início de 2021) estavam deixando o fã da marca e desta série preocupados com o desparecimento do nome, e o surgimento desta nova motocicleta trouxe um novo ânimo a este consumidor.

World Raid

O ponto de partida para a concepção da Ténéré 700 foi a busca para a criação de uma antítese do que vinha ocorrendo até então com as big trails: cada vez mais rebuscadas, cheias de penduricalhos, repletas de itens de tecnologia, mas cada vez mais distantes de suas raízes aventureiras.

Tendo isso como um norte, a marca de Hamamatsu passou a desenvolver uma motocicleta que fosse ágil, leve, forte e que trouxesse apenas o suficiente em tecnologia para deixar a pilotagem segura, mas nas mãos do piloto. E para isso, foi buscar inspiração em sua área de competições, que teve um importante papel neste desenvolvimento.

E para empurrá-la, a Yamaha não teve dúvidas e escolheu um propulsor conhecido e bastante reconhecido pelo seu consumidor: o bicilíndrico cross plane (CP-2) que equipa da MT-07. Este compacto motor de 689 cm3, arrefecido a líquido e alimentado por injeção eletrônica tinha tudo para fazer da Ténéré 700 uma moto ágil, com torque suficiente para subir rapidamente de giro e com funcionamento suave em altas rotações para encarar longas viagens.

O teste inicial foi com a batizada Ténéré 700 World Raid, o protótipo que rodou ao longo do ano de 2018 por diversos países (inclusive com passagens aqui pela América do Sul) e sob as mais diferentes condições e níveis de exigências e através de todo tipo de piso.

A espera termina… Lá fora

Depois de um ano inteiro de testes e avaliações, finalmente em fevereiro de 2019, a tão esperada Ténéré 700 chegava aos mercados europeu e ao Japão, sendo que no Velho Continente as vendas começaram em março do ano passado, com preço sugerido de 9.299 euros (R$ 39.613, ao câmbio de 26/3/2019).

Bem, ela não ficou com aquela cara de moto de rally que a gente esperava, mas mesmo assim, a Ténéré 700 conseguia conservar sua personalidade aventureira. Seu visual continuava agressivo, com painéis traseiros laterais que lembravam number plates; as linhas continuavam esguias e compactas e seu cockpit simples, trazendo um amplo painel digital protegido pelo para-brisas de acrílico, mostrava que ali não havia excessos ou luxos desnecessários – o único mimo eletrônico que oferecia era o ABS com possibilidade de desconexão em ambas as rodas.

 A suspensão dianteira era uma KYB invertida de 43 mm de diâmetro, com todas as regulagens (compressão, retorno e pré-carga) e 210 mm de curso; atrás o monoamortecedor trazia reservatório de nitrogênio, regulagem de pré-carga e retorno e 200 mm de curso.

Equipada com rodas 21/18, o assento estava a 875 mm em relação ao solo enquanto que seu peso declarado era de 205 kg (em rodem de marcha, ou seja, com todos os fluidos).

No quesito propulsão, a Ténéré 700 recebia uma nova caixa de ar e acertos na ECU para deixar o funcionamento de seu motor mais adequado à sua proposta. Os freios traziam na dianteira, discos duplos da Brembo de 282 mm, com pinças de dois pistões opostos, enquanto que atrás o disco de 245 mm utilizava pinça de pistão único. Para assegurar longas tocadas, a moto apresentava tanque com capacidade para 15,8 litros.

Em junho do ano passado surgiu a versão Rally Edition. Trazendo visual inspirado nas XTZ 750Z com as quais Stephane Peterhansel venceu seis edições do Dakar, a moto ainda trazia assento mais alto (895 mm), ponteira Akrapovic, protetores de motor, radiador e corrente, piscas em LED e apliques emborrachados nas laterais do tanque, ao preço de 11.752 euros (R$ 78.047).

E por aqui…

Segundo apuramos, a Ténéré 700 será comercializada no Brasil, mas isso ainda não tem data. O problema é que por aqui a marca está encontrando dificuldades em homologar a moto no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), devido à maneira como o teste de ruído é feito. Embora a motocicleta já tenha sido aprovada em todos os grandes mercados mundiais, aqui ela enfrenta problemas para conseguir a aprovação da burocracia nacional.

Coisas de Brasil. Vai entender?

1 COMENTÁRIO

  1. Burocracia nacional ou lei nacional? Se não cumpre a lei na emissão de ruído, não pode ser homologada mesmo.

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