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Nossos leitores Beth e Carlos Henrique Cirino embarcam em uma jornada de 8.000 km em 7 países, com um roteiro na mão e nenhuma reserva de hotel, prontos para viverem o que viesse pela frente.

Texto e fotos: Carlos Henrique Cirino e Maria Elizabeth Déa Cirino

Nossa aventura começou no dia 2 de maio de 2019. Ainda no Aeroporto Afonso Pena (Curitiba-PR), tivemos a grata oportunidade de nos despedirmos de nossos filhos Phillipe, acompanhado da esposa Mariana, e Raphael, cuja esposa Renata, infelizmente não pôde ir por causa do trabalho.

Nossos corações estavam apertados, pois além da distância que iríamos estar dos nossos filhos por 25 dias, no dia seguinte seria aniversário do Raphael, e infelizmente pela segunda vez na vida dele, não estaríamos presentes, desta vez, por culpa da TAM, que disponibilizou milhagem somente para o dia 2. Mas era o possível, pois caso contrário não conseguiríamos viajar.

Embarcamos às 14h05 para São Paulo e às 23h35 para Paris. Após 11h30 de um voo tranquilo, chegamos ao Aeroporto Charles de Gaulle. Já na chegada, a França mostrou que não gostou de mim: na descida do avião a Beth disse “bonjour” e passou direto pelo fiscal da alfândega, e eu fiquei sendo questionado por uns 5 minutos, até a Beth aparecer na porta da doca de descida e eu falar para o fiscal que era minha esposa. Aí fui liberado.

A partir daí, enfrentamos uma série de contratempos e correrias para conseguirmos chegar a Londres – e de lá para Conventry, onde nos encontramos com nossos amigos Klass e Ceres Bronkhorst, que nos receberam em sua casa (casa, comida, roupa lavada e moto pronta pra pegar a estrada). Quem reclamar tem que apanhar.

Mal sabíamos que este primeiro dia, marcaria o tom do nosso ritmo pelo resto da viagem. Teríamos pela frente 7 países (Inglaterra, França, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Bélgica e Holanda) e 8.000 Km a bordo de uma velha e boa BMW R1150 RS 2003. Não tínhamos  reservas em hotéis; apenas um roteiro pré-definido e completamente aberto a alterações – em minha opinião, a melhor forma de fazer uma aventura. Somente a Beth e eu, 36 anos de casados e 43 compartilhando os mesmos sonhos e alegrias.

Moto carregada e rodas na estrada

Descansados após uma boa noite de sono e depois de um belo café da manhã, fomos ver a criança, uma BMW R 1150 RS 2003, com 52.830 milhas. Linda, limpinha, de óleo trocado e revisada, pronta para a aventura. Carregamos a bagagem, e como sempre, era grande e entupiu os 3 maleiros e mais a mala de tanque. Compramos um chip válido em toda a Europa, nos despedimos do casal de amigos e fomos para a estrada.

A princípio, estava com medo de rodar na contra-mão, mas foi até tranquila a adaptação. Nosso primeiro trecho, de Coventry a Callais, atravessando o Canal da Mancha de balsa, foi tranquilo. Saímos após o almoço e chegamos ao hotel em Callais às 2h da madrugada, sendo que a reserva foi feita durante a travessia da balsa.

No dia seguinte, algumas fotos para marcar o local, e estrada até Mont Saint Michel, 472 km que com erros de navegação, ficaram em 765. Este é um lugar que merece ser visitado: cidade murada, ruas estreitas, sem circulação de veículos. Ficamos hospedados na Cidadela, um lugar fantástico, cujo passeio noturno é imperdível. Mas como o que é bom dura pouco e deve ser bem aproveitado, ficamos a manhã inteira visitando a cidade, e após o almoço, seguimos para Bordeaux, em um dia muito frio, de chuva fina e vento muito forte, mas de paisagens maravilhosas.

Bacalhau português e estrada dos sonhos

À noite, em contato com alguns amigos, decidimos mudar o roteiro e setamos o GPS para Astroga na Espanha, bem no meio do Caminho de Santiago de Compostela, Um show de cidade! Pequena, aconchegante e com uma população muito atenciosa. Amanheceu e seguimos para Guijon, onde almoçamos à beira mar, e terminamos o dia em Santiago de Compostela, com chuva e frio, mas mesmo assim, tudo muito lindo. Como não havia mais acomodação em Santiago, ficamos um pouco adiante, em Pontevedra. Dali, passamos por Viana do Castelo e Braga, finalizando o dia no Porto. Comer aquele bacalhau português regado por um bom vinho, foi uma delícia.

Dia seguinte Sintra, passando por Óbidos e Nazaré. Dois dias em Sintra foram poucos, mas pudemos conhecer Cascais e um pouco de Lisboa. Seguimos dali para Évora, onde almoçamos. Um lugar pequeno, mas pitoresco, que deve ser incluso no roteiro, especialmente a Capela dos Ossos. Fomos dormir em Albufeira, a cidade litorânea da zoeira, mas foi legal.

Dia seguinte fomos até Ronda, na Espanha. Estrada dos sonhos, feita para motociclistas, uma delícia, lugar bonito e bem conservado, cheio de construções Romanas. Seguindo, fomos a Almeria, onde almoçamos, finalizando o dia em Cartagena pela “Auto Via Del Mediterrâneo”, que recebe este nome por serpentear o Mediterrâneo – um show à parte.

De Cartagena para Valência, pegamos uma interrupção na estrada e o GPS nos desviou por um caminho lindo, cheio de curvas bem feitas e com um asfalto lisinho, muito legal. Mas a cereja do bolo do dia era onde terminava esta serra, um local de descanso, com estacionamento e acesso à um rio de pedras, onde as pessoas vão para tomar banho de rio, fazer um churrasco, ou apenas relaxar: “EL POU CLAR”. Finalizamos o dia em Valência, onde ficamos duas noites, e depois mais duas em Barcelona; cidades grandes, repletas de muitos atrativos.

O café de 10 euros!

Mas nosso objetivo era a estrada e conhecer lugares diferentes. Saindo de Barcelona, fomos almoçar em Carcassonne, outra cidade murada, e finalizamos o dia em Valence. De Valence fomos a Luxemburgo. Pensa num lugar lindo e caro: um mero café custou 10 euros (R$ 63,50 ao câmbio de 18/09/20). Fomos ver a acomodação e desistimos, mas como este tipo de viagem é cheio de surpresas, a 100 km dali achamos um hotel na cidade La Roche en Ardenne. Meu Deus, que estrada! Passo de montanha, lindo, coisa de louco! Chegamos na cidade encravada na montanha às 20h30 ainda com luz natural, com um rio passando no meio. Cidade pequena, muito bem cuidada e linda, uma verdadeira joia. Ali decidimos alterar nosso roteiro novamente e visitar outro casal de amigos em Rotterdam (Holanda), onde fomos recebidos pelo Stanley e Sthefani e o Arthur Blonke. De Rotterdam para Brugges (Bélgica), mais 2 noites e retorno para Coventry, devolver a moto e passear um pouco com os amigos.

Como nosso retorno era a partir de Paris, aproveitamos para visitar a cidade e curtir um dia de “Disneyland”, fechando a viagem com chave de ouro.