Ele já foi atendente de vídeo-locadora, vendedor de CD (se você não sabe o que foram estas duas coisas, pergunte a seu pai), bancário, teve uma kombi em sociedade com o cunhado onde vendia lanches na Rua Augusta e quando ainda dividia o apartamento com a irmã, vivia enchendo o saco da avó para que ela lhe passasse umas receitas para preparar.E foi dela que veio o chacoalhão que fez com que abandonasse a faculdade de Comércio Exterior e fosse atrás do que gostava de fazer, ainda que na época, faculdade de gastronomia fosse vista com preconceito.
Quando já estagiava em um restaurante no Shopping Iguatemi, um dos mais badalados de São Paulo, foi convidado para um amigo para ser sócio em um café que queria abrir. Isso era 2003.Dos cafés e quitutes, vieram os pratos que ele inventava, tirando as combinações da própria cabeça – e foram justamente estes, que saíam de um singelo fogão de quatro bocas, que começaram a fazer a fama daquele tal de Sal. Quando a fila para conseguir uma mesa chegou a duas horas, Henrique Fogaça percebeu que era hora de expandir o seu negócio.
Em 2008 veio o primeiro prêmio: “Chef Revelação do Ano”, concedido pela revista Veja São Paulo, reconhecimento que se repetiria no ano seguinte, este conferido pela Prazeres da Mesa.Em 2014 veio o convite para fazer uma seletiva para um novo programa, cujos direitos estavam sendo comprados pela Band; alguns meses depois, recebeu um telefonema com o resultado e uma convocação: as gravações começariam em uma semana. O Masterchef projetou não apenas a gastronomia a um outro nível na televisão brasileira, como tornou o carrancudo Fogaça em uma estrela – assim como Paola Carossela e ÉrickJacquin.
Com a grana que a exposição massiva lhe proporcionou, Henrique Fogaça criou outros negócios: nasceram o Sal Grosso, o Cão Veio (bar que tem em sociedade com Badauí, da banda CPM22), o Jamile e uma marca de roupas, a PODEPA. Para extravasar as tensões, Fogaça dá uns rolês de moto (ele é embaixador da Triumph) e solta o verbo no “Oitão”, sua banda de hardcore, cuja logo traz tatuada no pescoço.De mal, só tem a cara: sempre que pode, Fogaça dá uma força a seus funcionários, carrega amizades desde a adolescência em Ribeirão Preto e vira e mexe, é visto com os olhos marejados quando algum candidato a Masterchef é cuspido do programa, mostrando que os brutos também choram – ainda que só de vez em quando.