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Verdadeiro baú do esporte a motor no Brasil, Celso Miranda é uma referência quando o assunto é velocidade e agora, abre sua tampa e nos traz alguns dos momentos que viveu ao longo de sua trajetória.

Texto: Celso Miranda Fotos: Arquivo Pessoal

Das páginas da revista Motosport nos Anos 80, passando pelas ondas do rádio, me orgulho de atuar hoje no YouTube e no Canal Bandsports, do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Ao longo de mais de 35 anos de carreira já cobri eleições, escândalos religiosos e sociais, o ataque às Torres Gêmeas, Jogos Olímpicos, Copa do Mundo, incêndio em favela.

No esporte à motor acompanhei o início de carreira de muitos pilotos, gente como Rubens Barrichello e Felipe Massa. Entrevistei e me aproximei de grandes nomes do nosso esporte como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Criei um programa de rádio só pra falar de motociclismo e no estúdio da Rádio 97 FM, em Santo André (SP), recebi os vencedores do Enduro das Montanhas de 1987, André Azevedo e Klever Kolberg, que contaram em primeira mão sobre os planos de fazer o Rally Dakar.

Vi o menino Felipe Massa arrasando os concorrentes numa competição de kart que daria ao vencedor uma vaga na escola francesa La Filiéré pra estudar e competir na Europa. Massa não foi o escolhido na ocasião, mas quando venceu, saíam faíscas dos seus olhos. Não pelo calor da competição, mas pelo prazer de pilotar. A minha lição ali foi perceber em outros, o fogo da paixão pelo esporte.

Acompanhei o Rubens Barrichello quando ele ainda estava no início de sua trajetória na Europa, sem carteira de motorista. No hoje desativado Play Center, o garoto “brincou” em todas as atrações com um enorme sorriso. A matéria ficou excelente pra TV Cultura e aprendi ali que aquele garoto não perderia jamais o sentido da diversão em tudo que fizesse.

Do Alex Barros aprendi a ver o quanto um competidor está sempre pronto pra se colocar à prova. O foco na busca pela excelência fez e faz dele um cara necessário. Ouvir e anotar suas ideias é cada vez mais uma missão pra quem quer melhorar o nosso motociclismo. Respeitado no mundo todo, Alex é uma referência quando se fala em combatividade e talento sobre motos. Tive o privilégio de ver isso desde o moleque que esperava impaciente o primeiro dia dos treinos do GP Brasil de Motovelocidade, em 1987.

Vi também decisões de campeonatos de várias modalidades e rivalidades que deveriam ter virado livro, peça de teatro, filme, aliás, filmes. No motocross, principalmente.

Vi a chegada dos americanos Kenny Keylon e Rodney Smith e o quanto os brasileiros se dedicaram pra fazer frente àquela “invasão”. Como era bom ver os veteranos aprendendo novas técnicas e os moleques copiando imediatamente pra se tornarem vencedores. Os moleques mais famosos daqueles dias eram Eduardo Saçaki e Jorge Negretti. Motocross na TV, nos anúncios de jornais e revistas, suas vozes nas rádios e a rivalidade entre eles fez o esporte ficar ainda mais famoso.

Quem os conhece hoje nem imagina o quanto eram ingênuos e afetuosos, o quanto só queriam voar em suas motos. Pra mim a lição deles foi: se o Negretti e o Saçaki são quem e como são, ninguém deveria ser “metidão”. Eles terão meu eterno respeito.

Respeito, aliás, que tenho também pelo Gilson Scudeler. Atleta exemplar nas pistas e que pelo amor ao esporte, realizou o mais bem organizado campeonato brasileiro de motovelocidade: o Moto 1000 GP. Infelizmente o tal mercado o traiu.

Como todo motociclista sei que devo focar no ponto mais distante do caminho. Meu melhor projeto ainda está por vir.

Sempre feliz debaixo do capacete!