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Dos quadros de bicicletas, aos conceitos mais sofisticados, os chassis evoluíram junto com os motores e hoje, cada proposta de moto tem um que mais se adequa a ela.

As primeiras motocicletas que foram inventadas, lá no início de 1900, eram bicicletas que passavam a receber pequenos motores. Então, tudo o que o inventor/fabricante fazia era dar um jeito de acoplar este motor ao quadro da motocicleta utilizando de soldas e parafusos para deixá-lo preso à estrutura.

Claro que era algo precário e que, vira e mexe, poderia se soltar e deixar o seu usuário na mão, muito embora a velocidade que alcançavam (em torno de 20 km/h) não fosse motivo para a causa de grandes acidentes.

Mas à medida que os motores foram evoluindo e se tornando mais potentes, os fabricantes perceberam que os quadros também precisariam evoluir, uma vez que, com maior velocidade e maiores trepidações, os quadros das bicicletas passavam a apresentar rachaduras em pontos críticos de soldas, o que ampliava o risco de acidentes e de perda total da motocicleta.

Após a I Guerra Mundial a evolução dos quadros ganhou mais velocidade e os fabricantes começaram a conseguir desenvolver peças que conseguiam atender às novas demandas.

Diferentes propostas – diferentes quadros

Uma mistura de fatores determina como um quadro é projetado: custo, uso pretendido, peso e nível de desempenho da moto, “feeling” e escolha do material. Todos os quadros são um ato de malabarismo entre esses fatores e geralmente alguns mais. Essas características estão intimamente relacionadas, portanto, todas são levadas em consideração quando um chassi está sendo projetado.

O único propósito do chassi de uma moto é atuar como uma “base” sobre a qual todos os demais componentes (tanque de combustível, suspensões, guidão, etc.) serão anexados, soldados, aparafusados, etc.

Os primeiros chassis eram em formato diamond, ou seja: uma forma de diamante simples em um plano que sustentava o motor. Não muito tempo depois, surgiu o quadro de berço único. O single-loop, como às vezes é chamado, apresentava um tubo que envolvia a parte inferior do motor, permitindo que este ficasse mais próximo do solo, ampliando a agilidade da motocicleta, mas está praticamente aposentado.

Depois veio o berço duplo e uma das primeiras motos onde foi empregado foi a Norton Featherbed, de 1950. “Uma derivação deste quadro é o berço semi-duplo, onde um tubo de maior diâmetro desce da caixa de direção e subdivide-se em dois tubos de menor diâmetro que sustentam o motor. Este tipo de quadro é usado em motos on/off-road devido sua capacidade de evitar torções associada à maior leveza que o berço duplo”, explica Alfredo Guedes, engenheiro da área de Relações Institucionais da Honda.

No entanto, nos últimos anos, o quadro perimetral (ou diamond) tornou-se o queridinho da indústria de duas rodas, pois ser mais resistente a torções e mais leve, justamente por utilizar menos tubos e empregar o motor como parte da estrutura. Derivado de motocicletas de corrida, onde uma configuração rígida é necessária, a caixa de direção e o braço oscilante traseiro são unidos da maneira mais curta possível.

Essencialmente, isso é feito por meio de um tubo que desce da caixa de direção em direção ao braço oscilante, passando ao redor do motor. Motos de baixa cilindrada como a Honda CG e a Yamaha Factor utilizam este tipo de quadro, fabricado em aço estampado.

Para procurar deixar os quadros ainda mais resistentes a torções e permitir o uso de materiais mais leves (como ligas de alumínio e até fibra de carbono), os fabricantes desenvolveram uma variação deste, onde o conceito diamond recebe o reforço da dupla trave superior, onde duas barras metálicas saem da caixa de direção, em vez de somente uma, em direção à balança. Este tipo de quadro é usado em motos esportivas.

Desde a década de 1920, os fabricantes também usam o que é chamado de chassis de treliça. Também derivada de corridas e usada em muitas motocicletas europeias, a treliça é fácil de fabricar, oferece uma resistência excepcional e usa os mesmos princípios do quadro perimetral, pois conecta diretamente a caixa de direção e o braço oscilante traseiro. A diferença, neste caso, é que a estrutura é composta por um grande número de tubos curtos de aço ou alumínio soldados entre si para formar uma treliça.

Por fim há o underbone ou monobloco. Usado na fabricação de scooters e cubs, sua construção permite que o motor seja fixado na parte debaixo da moto (cubs) ou na parte traseira (scooters), assegurando rigidez e leveza.