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Motos que flertam com o estilo custom podem estar na mira da Honda para concorrerem em um segmento pouco explorado, mas com bons competidores. A batalha seria dura…

Há exatamente um ano e meio, a Honda surpreendeu o mundo das motos ao revelar a CL500 no Tokyo Motor Show (novembro de 2023). Não era um protótipo. Não era um conceito. Era uma scrambler pronta para as ruas — e que, desde o início de 2024, já conquistou espaço nas garagens japonesas como uma das motos de média cilindrada mais charmosas e versáteis do mercado local.

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A Honda CL 500 recebeu para 2026 pequenas alterações em relação à primeira geração. Foto: Divulgação

Mas por que isso importa para o Brasil?

Porque, enquanto a CL500 coleciona elogios no Japão — com seu motor de 471cc, torque generoso a baixas rotações (43 Nm @ 6.250 rpm) e estilo scrambler com alma custom )o mesmo que por aqui equipa nossas CB 500 Hornet e NX 500) —, nosso mercado vive um vácuo doloroso desde que a Harley-Davidson encerrou as vendas da Sportster 883R. Hoje, quem busca uma moto com atitude, estilo e preço abaixo de R$ 80 mil tem pouquíssimas opções. A Street Bob, modelo mais acessível da Harley por aqui, parte de R$ 119.900 — um salto brutal.

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O novo assento da CL 500 promete maior conforto. Foto: Divulgação

O laboratório japonês já deu resultado. E o brasileiro está em teste.

A Honda não age por impulso. Antes de trazer qualquer modelo, testa, mede, ajusta. E já deu pistas claras de que a CL500 pode ser a próxima aposta no Brasil: no Capital Moto Week, em Brasília, a marca levou a Rebel 300 — que, como revelamos na época, é essencialmente uma versão “abrasileirada” da CL250 japonesa. O objetivo? Medir a aceitação do estilo scrambler/custom — exatamente o DNA da CL500.

O feedback foi positivo. E agora, com um ano de vendas e avaliações consolidadas no Japão — onde a moto já provou sua confiabilidade, conforto urbano e apelo visual —, a Honda tem todos os dados necessários para dar o próximo passo.

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A Honda fez um teste de contato. domodelo Rebel 300 no Capital Moto Week, evento com público aderente ao modelo. Foto: Internet

O trunfo secreto: motores já nacionalizados

Aqui entra o detalhe que muda tudo — e que muitos analistas deixam passar.

O motor que equipa a CL500 japonesa é exatamente o mesmo das CB500 Hornet e NX500, lançadas recentemente no Brasil e já produzidas localmente. Ou seja: a base mecânica já existe por aqui. Não há necessidade de importar motores, reestruturar linhas de montagem ou treinar redes de assistência técnica. Tudo já está pronto.

Da mesma forma, o motor que anima a CL250/CL300 (ainda não lançada oficialmente) é o monocilíndrico de 286cc, já presente nas CB300F, CRF300L Tornado e XR300L Sahara — todas fabricadas em Manaus. Ou seja: se a Honda quiser trazer uma CL300 no futuro, o caminho está ainda mais pavimentado.

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O motor que anima a CL 500 é o mesmo que equipa modelos que já rodam por aqui: know-how e processos fabris já dominados. Foto: Divulgação

Isso significa que:

✅ O custo de produção seria menor;
✅ O preço final ao consumidor poderia ser mais competitivo;
✅ A manutenção e reposição de peças seriam facilitadas;
✅ A confiabilidade já é comprovada pelo mercado brasileiro.

Não é só “possível” trazer a CL500. É estrategicamente óbvio.

Kawasaki e Royal Enfield: o embate de titãs

Atualmente, este segmetno de mercaoo em nosso país conta com alguns players que estão se duelando pela preferência de um consumidor exigente e que valoriza estilo, confiabilidade e história. De um lado temos a Kawasaki, com seus modelos Vulcan 650 S (R$ 52.490 + frete) e Eliminator 500 (R$ 40.490 + frete) e no outro corner, a Royal Enfield. Com preços competitivos, estilo inconfundível e propostas distintas, os quatro modelos da marca indiana estão abraçando nichos específicos — e fiéis: Interceptor 650 (R$ 31.990*), Continental GT 650 (R$ 32.990*), Shotgun 650 (R$ 34.990*), e Super Meteor 650 (R$ 34.990)

Juntas, essas quatro motos têm colcoado a marca cada vez mais no imaginário do consumdior, exaltando sua história centenária e sua herança conectada ao “motopurismo”.

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O painel da CL 500 para 2026 também é novo. Foto: Divulgação

Como a CL500 pode abalar esse tabuleiro

A CL500 não viria para competir apenas em potência ou preço — viria para oferecer algo que nenhuma das rivais entrega: a versatilidade scrambler.

Enquanto a Vulcan 650 e a Super Meteor são cruisers puras eas motocicletas da Royal Enfield são voltadas eminentemente para o asfalto, a CL 500 entraria com uma pegada mais versátil e com um estilo mais despojado, além de ter a seu favor a confiabilidade estabelecida da Honda no imagina’rio do consmidor, associado à sua gigantesca malha de revendas e assistência técnica, mas a marca teria de encaixar muito bem o seu preço para ser competitiivo com sua principal rival da Kawasaki, a Eliminator 500.

O efeito Rebel 300

Aqui entra um detalhe que poucos estão enxergando — mas que pode ser ainda mais disruptivo que a chegada da CL500.

Durante o Capital Moto Week, em Brasília, a Honda não levou apenas uma moto. Levou uma mensagem cifrada: a Rebel 300 exibida era, na prática, uma CL250 japonesa “abrasileirada”. Era um ensaio de mercado.

E se a Honda decidir oficializar essa versão como Rebel 300 Scrambler ou até mesmo como CL300 (para manter o naming global), ela teria em mãos uma arma poderosa para o segmento, que teria como principais rivais modelos um pouco maiores que ela, como as Triumph Speed 400 (R$ 32.490) e Scrambler 400X (R 36.490), o que sinaliza que a marca teria de precificar sua motocicleta em torno dos R$ 30 mil. E claro que não podemos nos esquecer de suas rivais da Royal Enfield do segmento 350 (Meteor 350, Classic 350 e Hunter 350), que certamente sempre estarão na briga pelo consumidor custom.

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Durante o CMW 2026, a Rebel 300 chamou bastante a atenção e abriu a pergnta: será que vem? Foto: Internet

O cenário completo: Honda joga em duas frentes

Se a Honda decidir trazer ambas — a CL500 e a Rebel 300 (CL300) —, teremos duas motocicletas que estariam aptas a ocuparem lugares de destaque no segmento custom e que agregariam um molho interessante a este mercado, sem falar que recolocaria a Honda em um segmento onde não está há bastante tempo, desde que encerrou as vendas da Shadow 750 no final de 2014.

Além disso, os dois modelos poderiam ser perfeitamente complementares, com a 300 servindo de porta de entrada e a 500, de step up. Isso criaria um funil de vendas perfeito: o cliente começa na Rebel 300 Scrambler, se apaixona pelo estilo, cresce e migra para a CL500 — tudo dentro do ecossistema Honda.

Mas é preciso sempre destacar que o preço que estamos pensando aqui para a CL 300 acabaria ficando próximo não apenas da Speed 400, da Triumph, mas também, da Interceptor 650, uma motocicleta de potência muito maior, mas que não tem nem de longe a capilaridade comercial da Honda, o que faria com que clientes em potencial de cidades nào atendidas pela marca indiana tivessem acesso a uma moto de estilo custom.

Em resumo: O tabuleiro está montado. As peças, prontas. Só falta a Honda dizer: “Vamos jogar”.

Você, estaria aberto à uma Rebel 300 ou a uma CL 500?

Moto Adventure, a Revista dos Melhores Motociclistas.

Let’s go together!

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