Piloto enfrentou diversos obstáculos e, com a ajuda da família, conseguiu superar o maior desafio que a vida lhe proporcionou

Texto: Redação
Foto: Divulgação

Leandro Torres

Engana-se quem pensa que o maior desafio encarado por Leandro Torres foi superar mais de 8.000 quilômetros de percurso para vencer o Rally Dakar em 2017. Para se tornar, ao lado de Lourival Roldan, o primeiro brasileiro a ser campeão da maior e mais temida prova off-road do mundo, o piloto precisou antes vencer o rali da vida.

Em 2005, Torres pesava 130 quilos. Com dois filhos pequenos em casa, não tinha pique para acompanhá-los e, aconselhado por médicos, fez uma cirurgia bariátrica. Mas, durante a recuperação, ele pegou uma infecção na parte alta do estômago (fístula) e ficou 60 dias internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Pai de Thiago e Diogo, atualmente com 15 e 13 anos, respectivamente, Torres havia acabado de descobrir que a Amanda, hoje com 11, estava a caminho. Luciana, a esposa, chegou a sofrer um sangramento durante o período de internação do marido. Estar saudável para ficar ao lado da família foi o maior incentivo que Leandro se apegou no leito do hospital para combater a infecção e sobreviver.

“A morte estava presente e você sentia que, se vacilasse, ela chegaria muito rápido. Mas, eu tinha fé de que sairia daquela situação. Eu já tinha dois filhos em casa e ia chegar minha filha. Eu precisava estar inteiro. Minha família foi uma grande motivação”, relembra o piloto de 45 anos. “Eu tinha de estar bem de cabeça para curar a infecção. Uma luta longa, de 60 dias, minha mulher grávida. Foi um momento bem difícil. Durante a minha estadia no hospital, prometi que, se eu vencesse essa batalha, iria fazer tudo o que tivesse vontade e que Deus permitisse”, completa.

Promessa é dívida. Com o apoio da família, Torres encontrou no rali uma maneira de usufruir ao máximo a nova oportunidade que a vida lhe proporcionou. Iniciou entre as motos, em 2007, migrou para os carros e, desde 2014, apaixonou-se pelo UTV, categoria na qual sagrou-se campeão geral do Dakar deste ano.

Mais uma vez, a força vinda do lar o impulsionou para mais uma grande conquista. “Quando venci o Dakar, fiquei emocionado ao abraçar o Lourival, meu parceiro naquela jornada, mas quando abracei minha família. Eles sofreram tanto quanto eu”, afirma.

E a paixão pelas trilhas, ao que tudo indica, pegou mais um integrante dos Torres. Thiago, o filho mais velho de Leandro, começou a correr de UTV em 2016 e tem acompanhado o pai nas competições. No início de julho, o adolescente ficou em sétimo lugar na geral e foi o primeiro em sua categoria, a Infantil, no Rally Rotas SC, na serra catarinense.

Ainda em comemoração ao Dia dos Pais, Leandro Torres estará na reta final de preparação para a edição de 25 anos do Rally dos Sertões, entre 19 e 26 deste mês, com largada em Goiânia (GO) e chegada em Bonito (MS). Ele e Roldan terão uma equipe própria, a Torres Racing, e são favoritos ao título entre os UTVs, mas o piloto não abre mão do clima familiar da principal prova off-road do Brasil.

“Óbvio que é uma competição, mas quero me divertir, ter prazer. Esse é o grande motivo do rali. Se vier uma boa colocação, melhor ainda. Nessa toada, a gente conseguiu atingir objetivos bem difíceis. O Rally dos Sertões tem essa fórmula a mais que o Dakar, que é conviver socialmente com seus amigos em uma competição. Isso engrandece a prova por si só”.

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