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Comprar uma moto usada requer muito conhecimento, afinal, são muitos detalhes que se ocultam muito além da aparência.

Texto: André Ramos

Fotos: Edgar Klein/Gustavo Epifanio/Divulgação

Para evitar que você entre numa fria e sua alegria vire uma decepção, a gente preparou esta reportagem especial que tem o objetivo de te trazer informações valiosas que vão te ajudar a evitar cair em arapucas.

Nem tudo que reluz é ouro

A primeira coisa com a qual você deve tomar muito cuidado é em relação à originalidade. “Se o cara trocou uma ou mais peças originais por outras que não são, tem de questionar sempre o motivo e onde estão as originais. Às vezes pode ser por que ele quis, mas outras, foi porque caiu, as originais estragaram e as paralelas saem mais em conta”, explica Rogério Otani, o China, dono do IBMM (Instituto Brasileiro de Mecânica de Motos), um dos mecânicos mais experientes do país. Além disso, um de seus trabalhos quando morou nos Estados Unidos foi o de avaliador de motos usadas.

A pintura da moto também pode dedurar uma eventual reforma. “Passe o dedo pelo adesivo. O original não vem envernizado. Geralmente quando uma moto se acidenta, o proprietário manda fazer o adesivo e o pintor acaba envernizando por cima”, acrescenta China.

Manetes, manoplas, escapamentos e espelhos arranhados, indicam quedas e uso excessivo. Plásticos desbotados, assentos gastos ou rasgados, pedaleiras e quadros com pontos de desgaste e punhos esbranquiçados também indicam desleixo na manutenção.

Ciclística

Vamos listar os principais tópicos que devem ser checados:

  • Os tubos do chassi não podem estar ondulados ou conter pontos de solda;
  • Os pontos que conectam os tubos não podem apresentar soldas irregulares ou toscas. Caso desconfie, observe outro ponto e compare o tipo de solda;
  • As soldas jamais devem apresentar rachaduras ou pintura descascando;
  • A caixa de direção – ou pescoço – é um ponto que pode ser danificado em caso de colisões fortes: verifique se está íntegra ou se apresenta remendos ou rachaduras;
  • Verifique se a roda traseira está perfeitamente alinhada com a dianteira. Para isso, peça alguém manter a moto na vertical, afaste-se um pouco e agache;
  • Procure andar na moto para ver se ela está puxando para algum dos lados;
  • O mesmo acontece na frenagem: ela tem de parar sem puxar para algum dos lados;
  • Bengalas não podem apresentar vazamentos;
  • Discos de freio não podem estar muito finos.
Mecânica/elétrica/eletrônica
  • O motor tem de apresentar funcionamento suave, linear, sem barulhos metálicos, sem falhas e sem produzir fumaça de cor alguma. Caos a moto esteja fria, vapor d’água pode sair da ponteira;
  • Parafusos que apresentem danos revelam que o motor já foi aberto e com o uso de ferramentas inadequadas,
  • Procure por vazamentos: a parte inferior do bloco do motor e a tampa do cabeçote são os pontos mais comuns;
  • Ao acionar o botão do motor de arranque, este deve colocar o motor para funcionar sem dificuldade. Caso contrário, a bateria pode estar comprometida;
  • Todas as lâmpadas devem estar funcionando, assim como tudo no painel;
  • Cheque se a luz de freio acende com acionamento do manete e do pedal, separadamente;
  • Motos com assistências eletrônicas como ABS, controle de tração, suspensões semi-ativas, modos de pilotagem, etc., devem estar com tudo funcionando. Com a moto andando, nenhuma lâmpada de advertência pode ficar acesa no painel, a não ser quando o controle de tração é desligado em motos que assim o permitem. Se algum destes itens estiver com problema, o conserto pode sair absurdamente caro.
Documentação

“Cuidado com a origem da moto”, adverte Laner Azevedo, assessor de imprensa da Yamaha do Brasil e um dos caras que mais entendem de moto neste país. Confira mais algumas dicas dele:

  • Procure comprar de um conhecido, através de indicação, em uma loja, ou mesmo em sites que exigem cadastro e apresentação de documentos para fazer o anúncio. Alguns são duvidosos e viraram foco de golpes;
  • Cheque a documentação, consultando o número do Renavam no site do Detran de seu estado;
  • Fique atento aos números de motor e chassi para ver se batem com o do documento. Estes números não podem apresentar rasuras no documento e devem estar legíveis  e sem marcas de adulteração nos pontos da moto;
  • Motos que trocam de dono e de estado em pouco tempo devem levantar suspeitas, assim como preços muito defasados;
  • Cheque o estado do lacre: mesmo que tenha quebrado acidentalmente, na hora da transferência, pode levantar suspeita e dificultar o processo;

Vale lembrar que estas são apenas dicas para te ajudar a saber o que é preciso ver para minimizar as chances de entrar numa barca furada. Caso sinta-se inseguro(a), procure um mecânico de confiança. “Se o atual dono da moto não topar levar para a oficina, parta para outra, pois é furada”, aconselha China.

Caso não conheça nenhum mecânico, procure por grupos nas redes sociais do modelo da moto que está buscando: as pessoas sempre estão prontas a ajudar com indicações.

Boa sorte e seja bem-vindo(a).