Fazia muito tempo que eu não vivia na estrada como vivi um tempo de minha vida. Eu já fui mochileira e vivia onde queria!

Na cidade grande há 4 anos, perdendo a alegria dia após dia, assim que minha cachorrinha véinha partiu, grande companheira que viveu comigo, eu resolvi partir também.

Num sonho me veio o nome: Do Uai ao Chuí!

Os sinais começaram a aparecer!

E como eu já tinha ido ao Oiapoque, sempre quis ir ao Chuí…

Um amigo de motocas de um grupo anunciou que sairia de férias até uma cidade do Sul e para um bom motociclista só falta uma desculpa para ir, eu fui!

Não era a MINHA viagem, mas era um recomeço.

Já que teria um pouco mais de 1 mês para a viagem, decidi transformá-la num projeto e movimentar conhecidos e desconhecidos para conseguir apoios e parcerias e deixar a mensagem de que quando estamos dispostos, sim, o Universo se movimenta para nos apoiar também.

Além de ser uma viagem de resgate e transformação pessoal, eu queria  mostrar para as pessoas, como é possível diante vários empecilhos que muitos colocam no caminho e a existência da “irmandade”.

Eu saí sem equipamentos e acessórios, pois eu não os tenho e nem condições para tê-los, minha Menina, uma Intruder 125, uma mochila pequena, 1 baú de 28 litros e fé.

Isso renderam 52 dias na estrada, mais de 8 mil km e um grande reencontro comigo mesma!

Bom, no 1º dia a moto desse colega iniciou os perrengues e chegamos já de madrugada em nosso destino que foi incrível, pois encontrei o primeiro motociclista que conheci pela internet há 1 mês da viagem, fazendo o caminho inverso. Ele tbm de Intruder 125cc o acolhi em minha hospedagem e as trocas começaram a acontecer.

Dia seguinte tudo tranqüilo, apenas algo crônico da trudinha, a lanterna traseira caindo e lâmpada queimando.

Quando a chuva não nos permitiu seguir adiante, ficamos em Capão Bonito onde começam as partes mototurísticas da viagem. Muitos motociclistas nos orientando e pedindo que não prosseguíssemos.

Digo que são os sinais do Universo, porque no 3º dia, à luz do dia, foi minha vez de perrengue, o 1que teria sido à noite debaixo de chuva numa estrada deserta!

Foi o maior e melhor perrengue de todos, o motor fundiu!!!

Mas foi aí que a MINHA viagem começou.

Liberei os 2 que estavam comigo que seguiram em frente, pois o colega só tinha 15 dias de férias e eu tinha o tempo que quisesse para minha viagem de autoconhecimento .

Foi um perrengue e tanto, já era sábado tarde e ainda assim no domingão o mecânico trabalhou, teve que trocar toda a parte de cima do motor, fiquei na casa da família dele, cujo pai, um senhor de 83 anos ainda pilota e foi um dos primeiros, senão  o primeiro motociclista de Apiaí e escreve poesias das coisas que acontecem em sua vida  e eu virei uma dessas poesias!

Fiquei de prego na saída, ele foi me buscar, voltei pra oficina, saí no dia seguinte de novo fiquei de prego de novo em outra cidade já mais distante e o movimento da irmandade começou!

Numa live marcada, eu quase não consegui entrar e então quando consegui, no meio de uma oficina, tudo dando errado aparentemente, vários motociclistas começaram a me procurar, pela internet, por um grupo criado no zap e até presencialmente na estrada!

No dia seguinte, um pessoal de Curitiba foi me resgatar com carro de apoio há mais de 80 km da cidade.

Passei frio, ganhei roupas, acessórios, e até luvas e meias de sacolas no meio da estrada de pessoas querendo me ajudar.

Corri literalmente contra o tempo, vento e neve, pensamentos e emoções a mil, encarando meus limites, lembrando de pessoas que me disseram que eu não iria conseguir! Não ouvi, só fui! A vida sou eu comigo e com oque eu decido.

E assim foi até o final. Conhecendo pessoas a cada km, anjos que me abrigavam, me orientavam, me recebiam com muita generosidade e gentileza.

E assim era quando eu peregrinava de mochila nas costas por aí, eu tinha certeza de que tinha vivido isso há anos atrás e queria comprovar que ainda existe isso no mundo e que no meio motociclistico ou em qualquer meio, basta você dar o primeiro passo e o caminho se abre à frente.

Bom, quando minha Menina ficou pronta, já se tinham passado 6 dias em Curitiba e lá eu fui recebida por um motogrupo feminino, participei de programa de rádio, abri a semana do motociclista numa grande loja local, reencontrei um grande amigo da época de colégio e chegou a hora de partir!

Saí rumo a Floripa, acompanhada por um casal das pessoas que me receberam em Curitiba, descendo pela Estrada da Graciosa, pegando a balsa em Guaratubas e depois do almoço segui sozinha para adentrar Santa Catarina, o 3º Estado do Uai ao Chuí.

Me preparando para seguir para a Rio do Rastro e Corvo Branco num dia só, eu pilotei distâncias maiores que já estavam previstas no roteiro do colega e andei muito à noite afora. 

Decidi que não havia mais necessidade de acelerar, já que não tinha mais tempo, mas sim, todo o tempo que eu quisesse para fazer o meu percurso.

Então, devido às circunstâncias da Rio do Rastro em manutenção, a estrada só estava abrindo aos finais de semana ou durante a semana somente até as 7hs! O que me fez mais uma vez pegar estrada de madrugada, kkkkk, já que era o Universo programando o esquema e não eu, fui! Não vou perder a oportunidade de subir a Serra de jeito nenhum.

Pra facilitar, começaram as chuvas e o frio que estavam prevendo. E então não me preparei para a saída na madrugada como deveria, pois o tempo seria curto e fui!

Resultado: tive que parar no primeiro lugar seguro, um posto de gasolina abrindo as 5hs da manhã para poder por a capa de chuva, por um saco na mochila e trocar a lâmpada do farol da Intruder pra quem conhece, pior que vela iluminando, affffff.

Por quilômetros eu aproveitei o farol de alguns caminhões que passaram e lembrei de um ditado que eu mesma sempre disse: Afie a faca! Que quer dizer, pare o que está fazendo se não está rendendo e afie a faca para voltar à atividade. Faca cega te faz ficar horas tentando cortar uma coisa que se você parar para afiar, vai ganhar tempo!

E eu não tinha tempo, tinha que chegar na entrada da Serra antes das 7hs. Com o farol daquele jeito e incomodada com a chuva, eu não chegaria. Parei, respirei, resolvi tudo e acelerei agora sim segura e confortável (mais ou menos kkkkk)

Cheguei a tempo e entrei, enfim a famosa Rio do Rastro! A chuva não dava trégua e os registros fotográficos não ficaram bons, mas aquele que levamos na memória e no coração só estavam começando.

Subindo, subindo, subindo sem parar, chuva, chuva, chuva sem parar, minhas mãos estavam gelando, 2 luvas não estavam funcionando e eu tinha esquecido as luvas de guidão que ganhei em Curitiba, mas agora já nem adiantava. Segui em frente, os pés também estavam esfriando, mas eu só queria subir e isso não me atrapalhava muito.

Passou por mim um motociclista e acenando e buzinando confirmei que estava tudo bem e ele seguiu em frente.

Quando cheguei do outro lado da Serra, de manhã, foi emocionante! Yeahhhh!!! Consegui POHA!!! Ninguém pode me dizer que eu não vou conseguir o que eu quero fazer! Sim, teve quem me dissesse que eu não iria conseguir…

Fome,frio, avistei uma casinha que parecia um restaurante e debaixo do telhado me enxuguei, destroquei a lâmpada do farol, pus as luvas no guidão e peguei mais 2 luvas secas, sorte que também ganhei mais luvas!

Logo um casal saído dos filmes americanos(europeus na verdade, hihi) chegaram e abriram o que eu pensei ser um restaurante e logo falei: “que bom, um café quentinho!”

Mas não era um restaurante aberto ao público, era um refeitório de funcionários locais. Porém a dona me chamou e me deu café quente, um pão caseiro delicioso e doce! 

A neblina vinha chegando, mas eu precisava partir. Segui, pois o percurso do dia era longo e as previsões climáticas eram intensas!

Mais uma boa vitória após chegar em Corvo Branco e retornei para Urubici. Sim, fiz um “T” no mapa só para ir até o paredão de montanhas que eu sempre via nas fotos. E apesar de também não ter conseguido fotos bonitas como as que eu via, eu fui lá! 

Em Urubici, eu precisava me orientar para o melhor caminho que eu suspeitava não estar lá muito bom pelo roteiro do meu colega. Consegui uma nova rota através do senhor do restaurante e diante todos os fatos eu decidi ir em frente, não quis pousar por lá, só sentia que tinha que ir.

Seria realmente a parte mais longa da viagem pra mim, saída de Criciuma até Cambará do Sul por Rio do Rastro e volta na Corvo Branco?! Putz! Mais um dia pilotando a noite… Só que não!

As previsões eram do dia mais frio no Sul e eu precisava me abrigar a tempo.

Chegando em Lages, caí numa rotatória onde para minha surpresa eu tive que parar em plena curva pois vinha um caminhão na preferencial e não daria tempo de entrar.

Me ajudaram e me reorientei numa lanchonete na beira da estrada. Eu não teria tempo para chegar em Cambará, mas não me arrependo, pois foi um percurso lindo passando por um trecho rural com estrada de terra e vilarejos maravilhosos como Jaquirana, o qual quase fiquei por lá. Adoro morar nesses lugares, mas eu tinha um objetivo, chegar ao Chuí antes de me assentar em qualquer lugar.

Claro que isso me atrasou, mas não estou na estrada para chegar e sim para estar… Aproveitei cada lugar, apreciei, parei, respirei.

Chegando em Lages já quase as 18hs a geada estava chegando e fui em busca de abrigo. Fui recebida na casa de uma amiga de uma das motociclistas de Curitiba, realmente é uma rede incrível da irmandade que nos conecta e ampara por onde passamos.

A noite mais fria do ano e ainda bem que não segui adiante. Mesmo estando com sacolas entre as meias nos pés e mãos, o que aquele motociclista que passou mim na Rio do Rastro me ensinou e ajudou quando parei no topo da Serra na Churrascaria onde ele trabalha e deu graças por eu ter aparecido por lá pois ficou preocupado comigo sozinha naquela estrada.

Saí, não tão cedo de Lages, também já tinha decidido que não ia mais madrugar para pegar estrada, gosto de acordar tranqüila, meditar, me conectar e já que em viajem eu não faço jejum pela manhã, tomar aquele café para me abastecer até a chegada no meu destino do dia. Sim, eu não almoço no meio do caminho, faço uma parada num lugar onde eu ache bonito, que me chame para sentar e comer um lanche simples e leve e seguir até onde eu quiser.

Mas ainda nesse dia eu tinha que seguir algumas orientações da natureza, pois com ela não se brinca e era hoje o grande dia da neve! Eu tinha até as 18hs para chegar em segurança em Cambará do Sul.

Por isso disse que literalmente corri contra o tempo, porque o frio da geada veio em forma de uma densa camada de ar frio contra mim na pilotagem, um vento frontal e lateral que me fazia reduzir marcha e velocidade para conseguir ficar no chão, pois a sensação era de que além de eu não andar pra frente iria sair voando a qualquer momento!

Eu e minha Menina seguimos hoje com o foco de chegar! A gente paga língua, né?! Kkkkk Mas era necessário. Porém ainda assim eu sigo tranqüila, atenta, com a coragem e o medo suficientemente equilibrados para encarar e saber até onde prosseguir e quando parar.

O tempo fechando atrás de mim pelo retrovisor me dava esperança de que à frente ele segurava a pista ainda seca para que eu conseguisse chegar.

A estrada quase deserta, eu marcava cada fazenda que passava para caso necessário eu retornar e pedir por ajuda e abrigo, mesmo que a pé. Um único caminhão que me acompanhava de vez em quando eu buscava com toda minha força mantê-lo atrás de mim, pois se eu precisasse parar, era ela quem iria me salvar! Ainda bem que ele estava mais devagar que eu que andava entre 40ou 50km/hra!!!! Por causa da camada de vento.

A hora passando, a neve chegando, e eu correndo contra o tempo! A música tocava, músicas da minha playlist de estrada, as melhores musicas da minha vida, me acompanham em mais uma grande aventura, dessas que fazem escorrer lágrimas dos olhos, pois além da tensão, da atenção, do foco intenso em conseguir, da humildade para saber que poderia não conseguir e teria que sair correndo deixando minha Menina na estrada a qualquer momento, um mix de emoções e … NEVE!!!! 

Nessas horas, o capacete vibra! Grita! Chora com a gente! Não era o medo, mas essa emoção que tentei contar e a mesma que nesse exato momento em que escrevo me faz chorar… Pra sempre na minha memória, nenhuma foto, nenhuma filmagem, nenhuma imagem para provar, mas não importa, sou agora com minha história.

A neve vinha em alguns flocos e pedras passando por mim e batendo na bolha da moto. E eu sorria, chorava, cantava e pedia aos céus, por favor, dá tempo, só mais um pouco! Eu vou conseguir!!!!!

Quando 20 km finais se transformaram em 200km eu tive que parar para me localizar e não perder a entrada, a neve parou, o céu clareou e eu só agradeci; não tinha mais vento e consegui saber por onde ir e chegar no hostel que já me esperava há dias…

Foi a conta de estacionar, pegar as coisas, entrar, ir para o quarto, pegar o celular, sentar na sala, respirar e abrir uma live para aqueles que esperavam notícias de mim e a neve chegou com a noite num instante,  num estalo! 

Da janela eu via as pessoas pulando na rua, crianças gritando, uma alegria imensa e em mim, uma paz e gratidão tremenda, de novo, EU CONSEGUI!!! 

Me chamaram lá fora pra ver minha Menina que estava coberta de neve, os carros e tudo! Cambará foi a cidade mais coberta pela neve e os noticiários do dia seguinte comprovaram por imagens aeras a beleza dessa natureza poderosa que eu dei de cara com ela. 

Fiquei uns dias por lá, conheci um pouco da cidade, as belezas de lá e as previsões de chuva voltaram a ameaçar, então organizei as próximas rotas e parti antes das chuvas, já que também decidi, choveu, eu não saio, fico mais ou vou antes. 

Meu próximo objetivo seria Ametista do Sul e ao longo dessa ida eu passei por lugares de paisagens maravilhosas, cidades e curiosidades pela estrada afora.

Parei em Passo Fundo, onde precisei de abrigo e como eu digo, você dá, você recebe, quem me acolheu foram os amigos daquele carinha que abriguei no primeiro dia da viagem que o encontrei na estrada! 

Seguindo por Canela, Gramado e subindo a Serra Gaúcha, cada lugar a irmandade estava lá! Tanto que faltava ter briga pra saber onde eu iria parar e dormir.

Chegando em Ametista do Sul, cidade que adorei e também por lá quase parei e fiquei! Andei na mina com minha Menina, tomei banho de piscina subterrânea, fui e voltei de Derrubadas e Salto do Yucumã, participei da Assembléia Legislativa de Minas para a semana do motociclista ao qual fui convidada a participar virtualmente e consegui meu objetivo que era conhecer o professor das redes sociais que era garimpeiro e ficou milionário, fui muito bem recebida por ele e aprendi mais e mais.

Depois de alguns dias por Ametista, partir, lembrando que o Chuí estava se aproximando… 

Seguidores queridos me indicavam por onde ir e lá fui eu rumo a São Miguel das Missões, claro que não sem antes passar pelas emoções de percorrer 98km de estrada de terra, a mais linda que já vi!!!!

Lá fui recebida por outro grupo maravilhoso de mulheres, na verdade, em Santo Ângelo, e fiquei mais alguns dias conhecendo da nossa história, nossos antepassados, um espetáculo maravilhoso e claro, mais aventuras, quando resolvi ir à aldeia indígena mais próxima, o que seria a pior estrada de terra da minha vida! 

A subida era cheia de pedras, buracos e cascalhos, seca e propícia a muitos tombos, já que minha Menina estava com a frente extremamente leve e minhas galochas não me dão nenhuma firmeza no solo.

Caí 2 vezes na descida, já noite, escura e deserta, acompanhada por outras 2 loucas por aventuras da turma de Santo Ângelo, onde eu estava, ainda bem!!!

Seguindo em frente, Pelotas para pousar antes do tão esperado encontro com o Chuí, passei por outras dicas recebidas como Júlio de Castilhos, Estrada do Perau, Garganta do Diabo, pousando em Santa Rita com mais um irmão que me abrigou.

No dia seguinte, em Pelotas pessoal nota 10 como todos, me receberam na estrada e me levaram pra sede e para conhecer a região. No dia seguinte quiseram me acompanhar e me deixar no Chuí.

Enfim o grande dia chegou e passar pela Reserva do Taim foi incrível! Fiquei por lá uns dias mas como a chuva tava persistindo, visitei algumas coisas, consegui uma entrada rápida numa brechinha do Uruguai para visitar o Forte São Miguel e rumei para Rio Grande. Agora é começar a voltar.

Rio Grande, Praia do Cassino, Balsa para São José do Norte e o começo da BR101. Sempre sendo esperada e recebida por essa rede de motociclistas e orientada pelo grande organizador dos Fazedores de Chuva, fui seguindo com todos os registros de capitais, divisas e monumentos cardeais. Agora é concluir os desafios nas próximas viagens, hehe. O importante é começar e ter desculpas para continuar.

Na região de Porto Alegre tive pouso em Gravataí e de lá fui avistar o tal Viaduto 13 e simplesmente me encantei por Muçum, um vilarejo onde resolvi parar e só olhar de longe para o viaduto, afinal, eu não estava num bom dia e já vinha passando por vários perrengues nesse passeio; baú emperrou e não abria, a moto tava dando mau contato, meu dinheiro ficou dentro do baú e tive que ficar devendo pedágio, estrada de cascalho, muita chuva na saída e provavelmente iria voltar pilotando a noite. Mas quando cheguei na cidade de Encantado, tudo começou a mudar e as coisas se transmutaram!

Eu só não fiquei por lá pois devia o pedágio, então voltei feliz, pilotei apenas um trecho já urbano e voltei pra Gravataí. Dia seguinte começar a sair do Rio Grande do Sul, estado que me encantou pela recepção, generosidade e gentileza. Dizem que recebemos o que refletimos, então espero sempre carregar em mim os aprendizados da vida.

Salvando tartarugas pelo meio da BR, enfrentando mais ventos litorais e todo tipo de “avisos” parece que o Iron Butt deveria ser adiado para uma próxima, sim, era surpresa! Mas em pleno domingo, apesar de todos esses empecilhos, eu iria tentar, quando meu cabo do velocímetro quebrou! Ok, eu disse, eu já entendi, não vou fazer o Iron Butt agora! Aprendi a obedecer os sinais do Universo há muito tempo, apesar de de vez em quando não escutar… Mas se você puder verificar, cada atraso, cada perrengue, foi proteção lá na frente e como foi! Teve até um caminhão que tombou na hora em que se minha moto não tivesse parado pelo mau contato na estrada um tempão sem querer pegar, eu provavelmente estaria nesse acidente na estrada.

Recebida por um grande Fazedor de Chuva em Balneário Camboriú, claro que não sem perrengues, pois a moto parou no pedágio, a lanterna traseira parou de funcionar, a noite chegou, e tudo garrou. Mas tudo certo, como já falei, deixa estar…

Lá dei mais uma geral na Menina, e então de Santa Catarina continuar a voltar, adentrando agora no Paraná de volta.

Em Jacupiranga já, sendo acolhida pelos primeiros motociclistas da cidade e uma chuvinha que já dizia que me acompanharia até São Paulo. Subi a Serra da Macaca e fui para a casa de um grande motociclista em Sorocaba, que anda por todo canto em sua Krypton, mas ele não estava lá, só deixou a casa aberta para que eu pudesse chegar e me abrigar. Incrível não? Não, para mim não, como eu disse, já vivi assim um bom tempo da minha vida e eu sabia que isso continuava a existir!

Já na grande São Paulo eu precisava conhecer a famosa cachorrinha entregadora das redes sociais, a Ruby Fofa e o pessoal maravilhoso da MotorRoad, a qual hoje sou embaixadora.

Seguindo para dar uma passada em Holambra, já que perdi o desafio da Harley Davidson pois estava no Chuí e jamais deixaria o meu auto desafio para cumprir qualquer desafio comercial, parei em Cosmópolis e na sede maravilhosa do motoclube local quase me rendi novamente a ficar nos lugarejos locais.

Último objetivo antes de adentrar em casa, no Estado de Minas Uai, seria Socorro para conhecer o pessoal da Motorrad. 

Passando por Bueno Brandão, uma estradinha super gostosa, dei uma esticada em Três Corações na sede de outro motoclube pronto para me receber e então enfim chegaria muito perto de casa.

Uma amiga há 20km de BH iria promover um trabalho terapêutico do qual há mais de 2 anos eu queria participar e como o Universo alinha tudo, lá fui eu para a casa dela e fiquei aguardando o grande dia da minha entrada em casa, pela Rota Capitão Senra, apoiada pelos anfitriões da rota, o que claro, foi sem precisar dizer, emocionante!

Enfim em casa e aquela sensação de… e agora?  

Eu voltei pra casa, mas o sangue agora voltou a correr nas veias, o que me diz que em breve iremos voltar para a estrada, porque ela me chama e assim eu vivo. 

Sem medo eu sigo, essa foi uma pergunta que muitos me fizeram, se eu não tinha medo, oras, se você dá, você recebe, isso é uma lei! Por isso eu digo, não passe por alguém em necessidade no meio da estrada como se ele fosse invisível, um dia você pode precisar também, você deve ter medo não do outro ou de nenhuma situação externa, mas sim do que está em você, nas suas sombras. Traga-as para a luz, para a vida e viva sem medo!

A gente se encontra por aí! Bons ventos! 

Estê

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