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Ele é o responsável por comandar a operação brasileira da Royal Enfield, que com apenas 5 anos de existência, já é a que mais vende motos da marca fora da Índia em todo o mundo.

Acompanhe aqui a entrevista completa com o diretor-geral da marca indiana no Brasil, realizada durante o evento de lançamento da Royal Enfield Classic 350, em setembro de 2022, na região da cidade de Domingos Martins, nas Serras Capixabas.

Texto: André Ramos

Fotos: Clap/Me-Divulgação Royal Enfield Brasil

Moto Adventure – Antes de mais nada, parabéns por este belo evento, Claudio!

Claudio Giusti – Na verdade a felicidade é nossa de ter a presença da Moto Adventure aqui, muito obrigado por participar. É muito importante que vocês (leitores) tenham a opinião de quem conhece motociclismo há tanto tempo, que pode dar uma opinião sincera. Estamos aqui nas serras capixabas para mostrar este clássico, renascido.

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Moto Adventure – Eu quero que você comece falando um pouco dos motivos deste produto ter chegado ao Brasil, as intenções da marca com ele, etc.

Claudio Giusti – A Classic, como muitos que já nos acompanham desde 2017, é nosso ícone. O modelo vem desde lá de trás, da própria Bullet (500), do modelo G2 e a Classic vem para o Brasil porque o Brasil é onde a Royal Enfield vende mais motos no mundo, exceto a Índia, então, o mercado da média cilindrada aqui tem um potencial que não existe em lugar nenhum. A Classic vem para somar à Meteor na plataforma J, para as vendas em média cilindrada onde temos mais de 50% em todo o mundo. O Brasil tem se consolidado nesses últimos quase 6 anos, com 20 concessionárias, como um país onde este estilo retrô está muito em voga. Hoje a gente vê um potencial enorme de pessoas que querem iniciar no motociclismo com uma moto extremamente simples de pilotar, de assento baixo, com uma pegada classic legal, assim como aqueles que querem fazer um upgrade, pois hoje a gente percebe que tem muita opção na baixa cilindrada, mas na média estamos aqui, não para competir, mas para agregar e trazer mais pessoas para o nosso mundo, o mundo do motociclismo.

Moto Adventure – Agora, para tudo: Será que eu escutei besteira? O Brasi é o país onde mais se vendem Royal Enfield, fora a Índia?

Claudio Giusti – Não só nos modelos Royal de forma geral, incluindo a Continental GT, a Interceptor, a Himalayan, mas Meteors também. Com apenas um ano de lançamento (julho do ano passado), o Brasil é o país onde mais se vende Meteor no mundo, com exceção da Índia. O Brasil conseguiu emplacar esta moto de forma esplendorosa, não só comparando com outros países, mas comparando com o mercado brasileiro: hoje a Meteor representa, no segmento custom, mais de 50% no acumulado de 2022. Se eu somar todas as motos consideradas custom/retrô, a Meteor vende mais que todas as outras juntas.

Moto Adventure – Tá com moral, hein?

Claudio Giusti – Na verdade, isso se dá graças a vocês, motociclistas, que acreditam em nossa proposta, que é possível ter um produto de qualidade, a preço acessível, e agora, com manutenção também acessível.

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Moto Adventure – Você falou há pouco a respeito do tamanho de sua rede de vendas.  Vamos falar um pouco sobre isso e sobre os planos para ela.

Claudio Giusti – A gente passou por uma consolidação nos últimos anos, chegamos agora a 20 concessionários, esperamos trazer os lançamentos globais muito mais rapdidamente – essa moto (Classic 350) foi lançada em 2021, mas por conta da pandemia e da planta que estamos para montar ainda este ano – acabou atrasando um pouco. Agora, com um line up maior e com a planta, a gente consegue pensar em uma expansão de rede. A fase que iniciamos com a Royal Enfield no Brasil é a fase de aumentar o alcance de serviços e alcance de vendas. Hoje muitos de vocês que estão assistindo a este vídeo (e lendo esta entrevista), uma vez que a Moto Adventure tem alcance nacional, agora o nosso plano é na expansão de rede e alcançar capitais onde ainda não estamos.

Moto Adventure – Você pode falar algumas?

Claudio Giusti – Na verdade, tanto o lançamento de produtos como a expansão da rede de concessionários depende muito da frota circulante, então, esperaremos, com o lançamento da Classic, para onde temos uma frota circulante rodando para podermos atender melhor, inclusive em cidades onde já estamos presentes. Em grandes capitais onde já estamos presentes como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, são cidades onde a gente já entende que merece ter uma oficina maior e merece ter um outro ponto de vendas. Nós estamos muito felizes com a confiança e com o crescimento das vendas e eu posso crer que com a planta que estamos montando em Manaus faz sentido ter uma revenda lá e eventualmente uma no Centro-Oeste. Nada é segredo, tudo é feito de forma transparente para que a gente possa atender cada vez mais o cliente. Se fizer sentido para o mercado e para o cliente, esta é nossa estratégia.

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Moto Adventure – Acredito que muito do que passe de verdade do trabalho da Royal Enfield no Brasil venha muito de você e acredito que isso acaba transferindo muito de verdade ao produto também. Você concorda?

Claudio Giusti – Isso é verdade. Assim como você é motociclista e está na Moto Adventure representando e isso dá credibilidade à sua audiência, porque sua opinião é sempre uma opinião imparcial, voltada ao cliente, voltada aos interesses dele, acredito que estarmos há 6 anos à frente de um projeto do qual me orgulho muito, assim como em relação ao meu time, de alcançar o que alcançamos e de chegar onde chegamos, em um país onde a concorrência é tão pequena, pois temos poucas marcas sendo relevantes e pouquíssimas marcas na história do país conseguiram vender por mês mais de mil motos no Brasil, acredito que não só o Claudio mas a proposta da Royal Enfield é muito clara, através de sua rede de concessionárias, com um padrão global de apresentação, com uma forma de atendimento que não é puramente comercial, mas muito mais relacional, então, eu volto no começo, estar aqui é um grande prazer, então fico muito feliz que você, que já participou de vários eventos de duas rodas, falar que este evento foi especial e único foi exatamente o que tentamos fazer desde o início de nossa organização aqui no Espírito Santo. O que queremos passar aqui, através da Moto Adventure, é este compromisso, este cuidado, esse carinho com o nosso usuário no posicionamento da motocicleta, na política de preços consistente, apesar de tudo que passamos nestes últimos dois anos e principalmente, oferecendo um produto honesto e que entrega aquilo que você que for pilotar, que for fazer um test ride, irá perceber. A nossa ideia é isso: de motociclista para motociclista.

Moto Adventure – E você anda mesmo, não é papo furado. Andou conosco no ride de ontem e em outra ocasiões também…

Claudio Giusti – Sempre que for convidado…

Moto Adventure – Você falou sobre preço. Vamos falar mais sobre este tema.

Claudio Giusti – Ano passado, em julho, quando lançamos a Meteor, todos se surpreenderam com o nosso posicionamento, uma moto 350, custom, praticamente sem concorrentes neste segmento e agora lançamos a Classic ainda mais barata qe a Meteor, ou seja, ela é uma moto que oferece uma excelente relação custo x benefício. Mas acessibilidade não é só preço, acessibilidade também é condição de pagamento. A gente já tem parcerias com alguns bancos que fazem financiamento que tem boas condições de aprovação da fichas, mas como você comentou, para o brasileiro é muito importante a modalidade de consórcio e estamos nos “finalmentes” de uma parceria com uma empresa que possa oferecer um consórcio Royal Enfield. A ideia é que no curto prazo teremos novidades para que possamos tornar a moto ainda mais acessível àqueles que preferem esta modalidade.

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Moto Adventure – Algo que desperta apreensão no motociclista quando se depara com um produto novo é o fornecimento de peças. Como vocês estão se preparando para isso?

Claudio Giusti – Nesses últimos anos a gente vem importando as peças, assim como viemos importando as motocicletas completamente montadas. Devido aos problemas da pandemia, principalmente de semicondutores, a gente entende que há um entendimento na manufatura que nós também seguiremos, de termos fornecedores cada vez mais locais. Ainda para o Brasil temos um diferencial que é a montagem em Manaus (AM) e por ser uma moto abaixo de 450 cc ela deve possuir um conjunto de componentes locais muito grande, então, a maioria dos itens de manutenção frequente já teremos fabricação local, o que vai permitir a nós trabalhar com estoques menores e principalmente, garantir ao cliente um preço de peças acessível, assim como é a motocicleta. Isso viabilizou para nós não apenas termos o óleo específico fabricado no Brasil para a Royal Enfield, como também a manutenção preventiva de todas as revisões até os três anos a preço fixo. Então, não é só uma questão de barateamento e de disponibilização em toda nossa rede de concessionárias, mas também o alcance regional. Com a expansão da rede, aquele motociclista que pegar a moto e vier para as serras capixabas (por exemplo) não contará apenas com a concessionária em Vitória ou em Belo Horizonte, mas poderá contar também com outras concessionárias aqui na região.

Moto Adventure – Antes de encerrarmos, eu quero que você fale mais a respeito do assunto fábrica.

Claudio Giusti – A montagem no Brasil sempre foi o plano da Royal Enfield desde o início dos estudos e não da operação (propriamente dita) dez anos atrás. Sempre tivemos essa ideia da montagem mas para a viabilização da montagem é necessário ter volume e um negócio sustentável, como já provamos que temos nos últimos 6 anos. O compromisso de longo prazo da Royal sempre esteve presente e a forma como está presente vai aumentar de forma exponencial daqui pra frente, como as vendas já vêm aumentando nos últimos três anos. A nossa ideia é começarmos com um parceiro em Manaus para montar nossas motos, que virão em kits de nossa fábrica de Chennai e com componentes agregados locais como já falei. Muito mais que os índices exigidos por lei, a gente quer ampliar ainda mais, até para incentivar a indústria local e no curto prazo, para médio, a nossa ideia é, principalmente com os novos lançamentos, ter a nossa própria fábrica em Manaus.

Moto Adventure – E quando a gente volta a dar um rolê juntos?

Claudio Giusti – Para mim, é só rolar o convite, pois como vocês perceberam, muito mais que falar, eu prefiro pilotar. E eu convido a todos vocês: venham faça um test ride e vocês vão se surpreender. Para mim, agora. Partiu?

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