gustavo-jacob-presidente-cbm

Com reformas, novos talentos e investimentos, o Brasil se prepara para se tornar uma potência no motociclismo global, guiado pela visão estratégica do presidente da maior entidade do motociclismo esportivo nacional.

Texto: André Ramos

Fotos: Divulgação CBM

Moto Adventure: O senhor tem uma longa história no motociclismo, desde piloto e organizador do Enduro da Independência até presidente da Federação Mineira de Motociclismo e agora, presidente da CBM. Como essas experiências moldaram sua visão e abordagem na presidência da CBM?

Gustavo Jacob: Realmente, eu comecei a andar de moto com o meu pai em 1984. Depois de quase 30 anos de competições, assumi diversas funções, como diretor do Trail Clube Minas Gerais, que era o maior clube de motociclismo na época e responsável por organizar o Enduro da Independência. Depois assumi a presidência desse clube, fui também presidente da Federação Mineira de Motociclismo, vice-presidente da CBM e, finalmente, presidente da CBM. Essas experiências forjaram meu caráter esportivo, preparando-me para liderar com justiça e dedicação.

gustavo-jacob-presidente-cbm

Moto Adventure: Sob sua liderança, o Brasil garantiu o retorno do MotoGP a partir de 2026, com Goiânia como sede. Quais foram os principais desafios para concretizar esse acordo e quais benefícios espera que essa etapa traga para o motociclismo brasileiro?

Gustavo Jacob: Essa conquista não é só da CBM, mas de todos os envolvidos. O Estado de Goiás reconheceu a existência de um Campeonato Brasileiro de Motovelocidade forte e bem organizado no país e com isso quis trazer uma oportunidade maior para o Brasil, o MotoGP. Nossa contribuição foi fazer com que essa oportunidade se tornasse viável, garantir a execução do projeto para que todos possam perceber e valorizar essa conquista. Esperamos que o MotoGP impulsione o motociclismo brasileiro, atraindo investimentos e gerando mais visibilidade para o esporte.

Moto Adventure: Com a confirmação do MotoGP em Goiânia, quais são os planos para adequar o Autódromo Internacional Ayrton Senna aos padrões internacionais exigidos pela competição? Como a CBM está se preparando para esse grande evento?

Gustavo Jacob: O autódromo vai passar por uma grande reforma, as obras de reforma começaram em janeiro e durarão seis meses. Será realizado o recapeamento da pista, ampliação dos boxes, melhorias na torre de cronometragem e diversas outras adaptações. É uma série de adequações para poder receber bem o evento, muitas delas com foco especial na segurança, a CBM e a FIM primam por isso. Além disso, a CBM vem formando comissários desde o ano passado, formando um comissariado grande aqui no país em parceria com a FIM Latin America e a FIM, e vamos continuar formando mais comissários para atender poder suprir as necessidades que tem um grande evento como esse. A CBM está se preparando bastante para isso.

gustavo-jacob-presidente-cbm

Moto Adventure: Sua gestão tem dado destaque ao mototurismo, criando uma pasta dedicada a projetos nessa área. Quais iniciativas estão sendo desenvolvidas para promover o mototurismo no Brasil e como elas contribuem para o fortalecimento da cultura motociclística no país?

Gustavo Jacob: O mototurismo era uma modalidade até então pouco explorada pela CBM, mas desde a época do Firmo já havia uma Diretoria, liderada pelo Teiga Júnior, colunista da Moto Adventure e um especialista com vasta experiência na área e que já escreveu vários livros sobre o assunto. No ano passado, realizamos o primeiro Congresso de Mototurismo em Socorro, no Museu do Carlãozinho Coachman, que foi um grande sucesso. Em 2025 deveremos ter o segundo congresso. Para este ano estamos planejando também homologar algumas rotas de Mototurismo pela CBM. O Teiga está desenvolvendo um aplicativo que será lançado em breve para ajudar os mototuristas em suas viagens. Estamos empolgados com as novas oportunidades e os novos projetos previstos para este ano.

Moto Adventure: Quais programas a CBM tem implementado para identificar e apoiar novos talentos no motociclismo brasileiro, visando aumentar a representatividade do país em competições internacionais?

Gustavo Jacob: No motocross, temos a categoria YZ125 Blu Cru, onde o vencedor participa do Motocross das Nações e no ano seguinte vai para MX2JR. Além disso, cuidamos das categorias de base, como 50cc, 65cc e MXJR. Estamos sempre cuidando muito bem desses atletas. Na Motovelocidade, temos as categorias R15 e R3, sendo a R15 para pilotos mais jovens e a R3 para pilotos até 23 anos. Como prêmio, quem vence a R15 vai para a R3. E a R3 proporciona aos campeões e vices a oportunidade de competir na Europa. Isso tem surtido bons efeitos, esse projeto está obtendo resultados promissores e é nítido o resultado dos meninos lá fora. O Enzo Valentim foi campeão europeu e o Turquinho chegou a ganhar uma corrida do Mundial. No fim do ano teve os jogos continentais, onde das quatro corridas disputadas, nós vencemos duas. O Turquinho ganhou uma e o argentino Nahuel Santamaria ganhou outra. Isso mostra que estamos desenvolvendo talentos não só do Brasil, mas de toda a América Latina. O projeto da Motovelocidade é o caminho mais fácil dos pilotos da América Latina poderem ir para a Europa, é o caminho mais curto e está sendo reconhecido mundialmente, inclusive.

Moto Adventure: Como a CBM tem trabalhado para atrair investimentos e estabelecer parcerias que impulsionem o crescimento do motociclismo em suas diversas modalidades no Brasil?

Gustavo Jacob: No nosso primeiro ano de gestão na CBM, a proposta era entender os problemas, focamos em compreender os desafios de cada modalidade. Com isso, eu e minha equipe – o staff da CBM – tentamos ir ao máximo possível em várias modalidades, em várias etapas. A equipe da CBM esteve presente em mais de 90% das competições para analisar os problemas. Com base nisso, atuamos diretamente com organizadores e promotores e hoje já temos um quadro dos problemas de cada modalidade. Com isso, estamos lançando também esse ano a parte de formação de comissários da CBM, em todas as modalidades. O que acontece hoje é que o organizador, e até propriamente o Presidente das federações estaduais e o seu staff, não têm hoje uma forma de gestão que consiga atrair investimento para os estados. Então acho que a CBM tem esse papel de poder instruir, treinar esse pessoal para poder fazer provas com um melhor nível, que atraia investidores. Além disso, a CBM está firmando alguns contratos, que eu chamo de contratos guarda-chuva, com parceiros estratégicos, que vão ser patrocinadores da CBM. Desta forma, poderemos atuar nessa parte de formação de comissariado, realizar cursos, disseminar esse conhecimento em todo o Brasil, capilarizar esse conhecimento, além de apoiar financeiramente a participação de pilotos em competições internacionais.

gustavo-jacob-presidente-cbm

Moto Adventure: Desde que assumiu a presidência da CBM, quais têm sido os maiores desafios enfrentados e quais conquistas o senhor destacaria até o momento?

Gustavo Jacob: Os maiores desafios foram exatamente compreender as especificidades de cada modalidade nesse primeiro ano, ter essa curva de aprendizado, e fazer um diagnóstico do cenário nacional, de cada federação. Sabemos onde teremos que atuar e entendo que esse primeiro ano foi muito bom. Nesse primeiro ano, enviamos equipes para competições internacionais de uma maneira diferente, com investimentos da própria CBM, como o Motocross das Nações e o Six Days, com resultados expressivos, com excelentes resultados fora do país. Conseguimos também viabilizar a vinda do MotoGP para o Brasil, para Goiânia. Além dessas conquistas, consolidamos campeonatos como o Moto 1000GP, que teve um encerramento apoteótico em Interlagos, o motocross está crescendo cada vez mais e tivemos agora uma repaginação do Enduro. O Hard Enduro teve um ano fenomenal, com participação dos principais pilotos do mundo disputando provas aqui no Brasil. Tivemos o campeonato de Big Trail, o Arena Cross Brasil, o Rally e várias outras modalidades que estão se fortalecendo cada vez mais. Então, foi um ano de muito aprendizado, mas de muitas conquistas também. Acho que tudo isso leva a crer que foi um ano muito bom nesse primeiro momento.

Moto Adventure: Quais são os principais objetivos e projetos que o senhor pretende implementar nos próximos anos para consolidar o Brasil como uma potência no cenário mundial do motociclismo?

Gustavo Jacob: Nosso principal objetivo é deixar um legado, fortalecer as federações, alinhando todos aos mesmos padrões organizacionais, técnicos e de investimento. Acho que isso é o principal! Se a gente fortalecer as federações, automaticamente a gente fortalece todo o círculo. A Confederação Brasileira não é promotora de eventos, ela é fomentadora, então tem o papel de fomentar e distribuir informações, capilarizando o conhecimento por todas as federações e alcançando todos os pilotos do país. Isso é fundamental. O país tem carência de ídolos, por isso queremos formar ídolos internacionais que atraiam investimentos mais facilmente e inspirem novos talentos. Com essa iniciativa, esperamos consolidar o Brasil como uma potência no motociclismo mundial.

gustavo-jacob-presidente-cbm

Moto Adventure, a Revista dos Melhores Motociclistas.

Let’s go together!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui