brasília capita moto week

BRASÍLIA MOTO CAPITAL

Após dois anos sem acontecer por conta da pandemia, edição de 2022 será realizada no final de julho e promete ser a melhor de todos os tempos.

Texto: André Ramos

Fotos: Gabriel Ramos/Artur Dias/Divulgação BCMW

Acompanhe a entrevista completa realizada com Pedro Affonso Franco, diretor do maior evento motociclístico da América Latina e terceiro maior do mundo. Após dois anos sem poder acontecer devido à pandemia, terá sua 17a edição realizada entre os dias 21 e 30 de julho, em seu tradicional local, o Parque Granja do Torto.

Boa leitura.

Moto Adventure – Pedro, muito obrigado pela gentileza em nos atender. Primeiro, vamos começar falando sobre o Brasília Capital Moto Week?

Pedro Affonso Franco – O Brasília Capital Moto Week Maior é o maior festival da América Latina e o 3o maior do mundo. Em 2019, ano da última ediçào que o realizamos, ele atraiu um público de 710 mil pessoas e 300 mil motos ao longo de dez dias, que circularam por uma área de 250 mil m2. Foram cerca de 50 a 60 shows e para 2022 vamos chegar a 70 shows, além de parques e palcos temáticos. O evento nasceu em 2004 para celebrar o Dia do Motociclista e ao longo de sua história recebeu público de todos os estados, de mais de dez países e dos cinco continentes.

Moto Adventure – Como foi para vocês, o período de pandemia, onde não foi possível realizar o evento?

Pedro Affonso Franco – Todo mundo sofreu bastante e tentamos acreditar que ia passar o mais rápido possível, mas foi um período extremamente desafiador. Esta pausa nos deu a possibilidade de repensar algumas coisas, melhorar alguns pontos, olhar para dentro e estas lições vamos aplicar nesta próxima edição, que promete ser uma das mais bem realizadas. Na pandemia fomos para o digital, criamos uma sequência de mini webséries no You Tube, fizemos os projetos Alive Festival e Riding Live, um drive in para motos, e o Galpão 17, um evento híbrido onde convidamos os moto clubes com presença confirmada, para irem curtir dois dias de shows.

Moto Adventure – Se a pandemia durasse mais um ano, com você enxerga que ficaria a situação da empresa?

Pedro Affonso Franco – A gente continuaria fazendo durante mais um ano o que fizemos nos dois, criando projetos dentro que fosse permitido para manter o nariz fora d’água. O nosso negócio é aglomeração. A experiência neste contexto é outra e muito mais divertida e foi muito desafiador não podermos fazer isso. Se porventura tivéssemos um ano a mais sem o evento, iríamos continuar caçando o que fazer, buscando projetos, de forma paliativa.

Moto Adventure – Essas ações foram rentáveis a ponto de cogitarem continuar com elas?

Pedro Affonso Franco – Live é bacana, mas não paga conta. Em 2020 a gente fez duas, em 2019 fizemos um evento híbrido, mas fechamos 2020 com quase 90% de retração no faturamento. 2021 foi um pouco melhor mas também com retração alta. O que a gente se especializou em fazer foi criar experiências positivas no presencial; o digital veio para ficar e é uma excelente ferramenta complementar, mas da maneira como desenvolvemos o evento, não é a principal. O principal é o público, o encontro e não conseguimos captar isso no digital. Talvez ele ajude aquela pessoa que não pôde vir este ano, ver como está o evento e vir ano que vem.

Moto Adventure – Você já mencionou que haverá um incremento no número de bandas. O que você já pode falar ao nosso leitor que ele irá encontrar no evento?

Pedro Affonso Franco – Há algumas grandes bandas que eu, por cláusulas contratuais, ainda não posso revelar, mas o festival sempre trouxe bandas de menor expressão nacional em todos os dias de evento, intercaladas com grandes bandas. Sempre na sexta e no sábado apresentávamos bandas de grande porte mas para este ano vamos ter shows de grande porte na quinta, sexta, sábado e domingo na primeira semana e quinta, sexta e sábado na segunda semana, sempre trazendo bandas de grande relevância que vão se somar às bandas de médio e pequeno portes. Além disso, teremos nosso tradicional Moto Bar com DJ, o Salloon, que rola desde 2016. Vamos ter bungee jump, várias marcas de moto e de fora do meio realizando ações junto ao público. Uma coisas legal que conversamos com parceiros foi trazer experiências ao público que venham agregar a ele. Vamos ter um lounge para descansar e carregar os celulares, parque de diversões, duas praças de alimentação, com quase 40 operadores. Um dos gargalos que tínhamos era oferecer várias opções de alimentos que tivessem um padrão de qualidade e desde 2019 trabalhamos com uma consultoria para nos ajudar nisso e mostrar a cena gastronômica em Brasília. O que estamos trazendo é desde uma grande rede de lanchonete, passando por comida mexicana, contemporânea, PF, churrasquinho… Todos são marcas que já estão presentes e têm tradição na cidade ou nacionalmente. Em dias de semana, a gente não vai cobrar ingresso na hora do almoço, para as pessoas conhecerem o evento.

Moto Adventure – Como fica a questão sanitária, afinal, a pandemia ainda não acabou e temos assistido a casos, como o de Xangai, onde uma cidade inteira de 25 milhões de habitantes voltou a entrar em lockdown…

Pedro Affonso Franco – Estamos dialogando com órgãos de saúde desde o começo da pandemia para entnder o que era possível fazer em cada momento. Hoje há um decreto em Brasília que rege as condições mínimas em questão de prevenção e segurança sanitária. Temos que cobrar o passaporte de vacina, válido para todos os eventos e vamos seguir a regra que estiver vigente à época do evento, pois depende muito como estará daqui para lá. Receberemos visitas da Anvisa e de outros órgãos de fiscalização e vamos seguir o que nos for exigido. Hoje não há exigência de máscara.

Moto Adventure – Quantas pessoas são necessárias para fazer um evento deste porte, acontecer? Quantos empregos diretos e indiretos são gerados e qual a movimentação financeira que ele gera para a cidade?

Pedro Affonso Franco – O Capital Moto Week gera anualmente cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos. São quase 200 estandes de expositores, além de toda a parte de segurança, brigada, produção, atendimento. A gente tem uma movimentação financeira na cidade (a gente brinca que é o dinheiro novo que vai para hotel, Uber, restaurantes) estimada de R$ 55 milhões ao longo dos dez dias. Recebemos cerca de 110 mil turistas nacionais e internacionais. Temos 192 empresas contratadas; nossa equipe de coordenação direta tem 120 coordenadores, cada um com sua equipe, que varia de tamanho de acordo com a atribuição de cada uma.

Moto Adventure – Vimos na última edição do Lollapalooza o emprego da pulseira cashless, além de outras ações de marketing focadas em patrocinadores do evento e voltadas para proporcionar experiências diferenciadas aos consumidores. O BCMW vai adotar alguma coisa parecida?

Pedro Affonso Franco – Hoje os controles de acessos são digitais, os controles de reserva de camping são digitais e desde 2017 usamos o sistema cashless no evento por meio de um cartão, cujos créditos não expiram, para o consumo dentro do evento. Você pode pedir o crédito de volta e se o crédito tiver ficado desde 2019, ele continua lá. Isso é importante porque dessa maneira a gente consegue entender o fluxo de pessoas e seu perfil de consumo para entendê-las e atendê-las melhor. A gente vem utilizando estes números para melhorar a experiência a cada ano. A tecnologia é indispensável para gerir grandes públicos e trazer um formato melhor. Embora hoje não seja mais necessário o cartão, pois você consegue fazer direto pelo celular, o grande lance – e isso é uma questão estrutural – é a quantidade de pessoas no evento: dentro do Moto Week circulam 70, 80  mil pessoas ao mesmo tempo e não há torre de celular para manter o sinal de internet ativo para tanta gente – se não me engano, cada torre suporte somente 10 mil. Se você depende do sinal de celular, numa situação dessas, você acaba travando o consumo da pessoa e piora a experiência dela. Por isso o cartão é 100% offline: o único momento em que ele precisa estar online é para recarregá-lo e se acabar a energia da cidade inteira, temos uma máquina sem fio, que não precisa de sinal de internet e de energia, o que permite que ele continue consumindo com o que ele tem no cartão.

Moto Adventure – E aplicativo?

Pedro Affonso Franco – No passado já tivemos mas para este ano, não. É uma coisa legal de se ter. Utilizamos um aplicativo que gera os controles de acesso e faz as reservas de camping, que é da nossa operadora de tickets, mas vemos o mundo se digitalizando cada vez mais e é uma coisa que estamos olhando para desenvolver e que seja útil o ano inteiro e não só para o evento.

Moto Adventure – Para finalizarmos, que recado você deixa ao nosso leitor?

Pedro Affonso Franco – Todo mundo passou dois anos extremamente desafiadores em todos os sentidos mas já chegamos no final deste túnel e o Capital Moto Week é uma excelente oportunidade para celebrar a vida, os encontros, então bora voltar para a estrada. Entre 21 e 30 de julho estaremos aqui esperando vocês para a gente mudar o visual de nossa cidade com essas máquinas maravilhosas e com este astral único.