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Um bate-papo com o organizador do maior encontro de motociclistas da América Latina.

Confira agora a entrevista na íntegra, com o organizador do maior encontro de motociclistas da América Latina.

Moto Adventure – Como estão os preparativos para a edição deste ano?

Pedro Franco – André, é um prazer falar com a revista Moto Adventure e com os seus leitores, que acompanham a trajetória do Capital Moto Week e estão há muitos anos nessa parceria. Sobre os preparativos do Capital Moto Week, é sempre muito gostoso buscarmos nos superar em relação aos anos anteriores. Em 2023, o desafio é maior, pois trata-se de uma edição especial. O CMW completa 20 anos celebrando esse espírito de liberdade e aventura do motociclista. Estamos preparando tudo com muito carinho. Temos novidades em termos de line-up, de experiências com patrocinadores e parceiros. A intenção é, realmente, trazermos um conteúdo único e de extrema qualidade para o público, que nos acompanha há duas décadas.

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Moto Adventure – Antes de entrarmos em detalhes, como você avalia o momento, a conjuntura para o mercado de eventos? Afinal, vivemos dois anos reclusos, ano passado foi a primeira edição pós-pandemia e foi um sucesso.

Pedro Franco – Realmente passamos pelo inimaginável. Um período extremamente difícil e que pegou todo mundo de surpresa. Foi um desafio gigantesco para mantermos a marca ativa, criando ações, produtos e conteúdos para o público, que ficou esse período sem poder nos visitar presencialmente. A intenção na edição de 2022, a edição da retomada, foi justamente essa: fazer um festival muito especial para celebrar a vida, celebrar os reencontros, os amigos, esse espírito de irmandade, de liberdade, de aventura… afinal foram quase dois anos sem Capital Moto Week.

E o resultado foi muito positivo. Foram 834 mil pessoas de público circulante, 40 patrocinadores, desde aquelas marcas nichadas especificamente para o público motociclístico a outras marcas voltadas ao estilo de vida e parceiros. Todo mundo contribuiu de maneira significativa para que tivéssemos esse retorno com o sucesso que foi. Vocês acompanharam também e ficamos muito felizes com isso. O momento continua sendo de recuperação. Agora é tocar e evoluir no projeto para deixarmos para trás, de uma vez por todas, os reflexos do período da pandemia.

2023 é o ano dos festivais e eu acredito muito nisso! O mercado está superaquecido. Tem muitos projetos bacanas pelo Brasil, não só festivais de música ou de outros conteúdos, mas também, especificamente, eventos de moto. Esse ano teve o Floripa Moto Week também e eu sei que vocês estiveram presentes. Esse já foi o pontapé de uma nova cidade, de uma nova capital, que não tinha evento de moto. Ainda existem reflexos em termos de agenda de artistas, disponibilidade de material, de mão-de-obra e isso tudo faz parte da recuperação. Apesar disso, enxergamos com muito otimismo essa oportunidade de retorno, já que as pessoas passaram a valorizar mais o presencial, o ao vivo.

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Por mais que o digital seja uma excelente ferramenta de conexão e ampliação de audiência, o presencial não é substituível. Aquele sentimento que você tem, aquela mistura de cheiros, de luzes, tudo isso ao vivo – principalmente em grandes festivais, como Capital Moto Week – não é substituível. E o público sente isso! Uma resposta indiscutível foi o recorde de público do ano passado, que foi uma edição belíssima, e voltamos agora em 2023 com o desafio de fazer ainda melhor.    

Moto Adventure – Um evento tão grande como o Capital Moto Week começa a ser preparado a partir de quando? Não vale falar “logo depois que acaba o do ano anterior”.

Pedro Franco – Na verdade, nunca paramos de pensar no que podemos melhorar e nas novidades do Capital Moto Week. Na prática, o festival sempre acontece no final de julho. No mês de agosto fazemos o fechamento e uma análise crítica, destacando os pontos positivos e os pontos com espaço para melhoria dentro do festival. Em setembro, na primeira semana, já estamos 100% focados na edição seguinte. Brincamos que o nosso ano fiscal é em setembro. Absolutamente tudo que fazemos de setembro em diante é focado no próximo festival. Então ali vira o nosso ano.

Entre planejamento, pré e execução, são 11 meses de trabalho de um time imbatível. Eu costumo dizer que coisas incríveis só acontecem a partir de loucuras qualificadas. E temos a felicidade de contar com um time maravilhoso de loucos, que não mede esforços para colocar em prática, com excelência, tudo aquilo que a gente planeja e cria. O time está sempre muito engajado em trazer essas novidades.

Sendo um projeto do tamanho que é, com a complexidade e quantidade de espaços, de pessoas, de área mesmo a ser construída, montada, etc, ele realmente demanda esse planejamento até porque não temos margem para erro dentro do projeto. Trabalhamos quase como um ensaio. Vamos ensaiando, ensaiando, até a noite de abertura, que é quando tudo já está pronto e rodando.

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Moto Adventure – E o que você já pode falar a respeito da edição deste ano?

Pedro Franco – Essa edição de 2023 é emblemática. Talvez a mais emblemática de todos os tempos porque celebramos 20 anos de liberdade, desse espírito aventureiro. E ao celebrar essa história, olhamos com muito orgulho para a origem do Capital Moto Week. Ele nasceu em 2004, sem muita pretensão, mas já nasceu de uma paixão. De uma paixão de celebrar a vida, os encontros, o dia do motociclista, que tem por trás todo esse conceito de irmandade, de aventura e de liberdade.

Ao longo dos anos, essa paixão foi justamente o combustível que alimentou nossa trajetória. O festival foi crescendo, se transformando e percebemos que, muito mais do que só asfalto, motor e óleo, o Capital Moto Week hoje é um festival de lifestyle, de pessoas, de encontros, e reencontros. E celebrar os 20 anos é celebrar essa linda história que o Capital Moto Week desenha, começando a partir da capital, de Brasília, ganhando o Brasil e o mundo, em diversos países.

Uma coisa curiosa é o perfil do nosso público, que é bastante diverso: entre as 834 mil pessoas circulantes, você tem para todos os gostos. Tentamos pegar os pontos convergentes, os pontos que unem o público. Para a edição deste ano, com o intuito de representar a transversalidade do Capital Moto Week, trouxemos no line-up todas as vertentes do rock. A ideia é ter um rock para cada gosto, assim como existe um Capital Moto Week para cada gosto, para além da música.

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Desde uma atração mais punk, como o Supla, até o pop, como Jota Quest. Um rock mais leve, como Nando Reis, um mais pesado, como Angra. Um que fez história, como Pato Fu, um Marcão Britto & Thiago Castanho com Charlie Brown Jr. 30 anos!, que vem de outra época, com a galera do skate. Sem contar o Marcelo Falcão, que marcou gerações. A ideia então é deixar claro, por meio da programação musical e de outros conteúdos, que existe um Capital Moto Week para cada um. É isso que essa edição dos 20 anos representa: demonstrar a importância dessas pessoas, desses encontros e reencontros, que fazem do CMW o que ele é. 

Moto Adventure – Baseado na sua análise, o que espera do Capital Moto Week 2023?

Pedro Franco – Eu sou suspeito para falar da expectativa. Temos muita paixão, muito carinho pelo nosso trabalho e realmente é um prazer ver o time inteiro trabalhar no Capital Moto Week. Temos recebido esse feedback do público, seja por meio das redes, seja em relação aos próprios espaços. Já estamos com o Camping Ville quase sem espaços. Os motoclubes, que tem suas sedes dentro do festival, estão esgotados desde 2022. Essa resposta do público em cima das bandas que foram divulgadas também foi bastante positiva e temos a melhor expectativa possível para a edição deste ano. Estamos convictos de que, mais uma vez, vamos conseguir entregar um Capital Moto Week melhor, maior, mais maduro e diferente. Mas com aquele charme que todo mundo já conhece e aprendeu a amar.

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Moto Adventure – Como é estar à frente de um evento de tal magnitude?

Pedro Franco – O empresário no setor de eventos, o produtor, é um gestor de pessoas, de processos, de parceiros, de riscos e de oportunidades. Estar à frente de um projeto como o Capital Moto Week é desafiador, é complexo, mas também é extremamente gratificante. E o CMW tem uma particularidade: foi crescendo a cada ano. Ele nasceu pequeno, local e foi organicamente crescendo. Cada ano adicionando algum atrativo e, quando piscamos os olhos, ele estava desse tamanho. Em 2023 teremos 48 mil metros quadrados a mais, totalizando 298 mil metros quadrados de área construída e com muitas experiências para o público.

Gerir todo esse complexo, apesar de ser trabalhoso, é motivo de muito orgulho. Nada disso sou eu ou é a Juliana Jacinto, minha sócia. Tudo é o time, é quem está por trás, é a família Capital Moto Week, que passa 11 meses debruçada em ideias, conteúdos e estratégias para entregar o melhor festival para o público. Somos centenas de loucos qualificados trabalhando em coordenações diferentes e, com as nossas equipes, viramos uma família de milhares de pessoas. Geramos 12 mil postos de trabalho diretos e indiretos a cada edição do Capital Moto Week. Assumir e gerir essa responsabilidade é muito desafiador, mas igualmente gratificante.

Moto Adventure – Uma curiosidade que imagino que muitos tenham é como se chega a uma banda de grande porte para convidá-la para o evento. Como é que isso se dá? Quais são as etapas? E pode nos dar uma ideia aproximada de quanto custa para ter uma banda de primeira linha no evento? Ainda existe aqueles pedidos que os rock stars faziam antigamente, como 100 toalhas brancas, banheira de hidromassagem na varanda, etc.?

Pedro Franco – Com as conexões viabilizadas pela internet e pelas redes sociais, isso ficou mais próximo, mais fácil. Antigamente, havia uma espécie de guia que passava todos os contatos dos escritórios dos artistas. Mas hoje todos têm seus sites e perfis. Sem contar que estamos há 20 anos trabalhando nesse mercado, então acabamos desenvolvendo uma relação de parceria com os próprios empresários. Ficamos mais antenados sabendo quem está com quem no mercado e o que está girando.

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Em relação aos pedidos, isso de certa forma faz parte, mas trabalhamos muito no diálogo. Quando vemos algo fora da curva, tentamos conversar com a produção, entender o motivo e, sempre que possível, viabilizamos porque sabemos que o mindset no pré-show não é fácil. Fazemos o possível para o artista chegar com uma mente boa e entregar a melhor apresentação. Esse estado de espírito faz toda a diferença no engajamento e na resposta do público. As pessoas acham que é só subir e cantar. Mas existe toda uma estratégia de como animar e engajar a plateia. Muito mais do que uma relação entre contratante e contratado, criamos uma parceria para juntos conseguirmos entregar uma bela experiência para o público.   

Moto Adventure – E como é realizar um passeio com tantas motocicletas? Como é negociá-lo com as autoridades?

Pedro Franco – O passeio do Capital Moto Week é mais uma dessas loucuras qualificadas. Atualmente é considerado o maior passeio de moto do mundo, são 40 mil motos, 13 km entre a primeira e a última moto do comboio. Gerir isso, praticamente trava a cidade. No início era totalmente gerido e organizado pelo Capital Moto Week. Mas o nosso negócio é produzir o festival, produzir experiências.

Promovemos o passeio, definimos rota, data, hora e fazemos toda a convocação do público, mas a partir do momento que os motores começam a roncar, a logística, a responsabilidade e a operação é de quem entende disso, que é o batalhão de motos e de trânsito da Polícia Militar do Distrito Federal, que faz um trabalho exemplar. A nossa coordenação de mobilidade atua junto com eles nesse sentido.

São 100 batedores envolvidos para ir travando as vias, pois um comboio desse tamanho não pode parar. Eles saem do Parque de Exposições, atravessam o coração de Brasília, passam pelo Lago Paranoá, dão uma volta pelos principais pontos. É o momento que o Capital Moto Week sai dos muros da Granja do Torto, vai para a cidade e mostra “Olha, estamos aqui”. Contamos também com a receptividade da população, que há muitos anos, sabe que no último dia de festival, durante duas horas, o passeio acontece pelas principais vias da cidade. 

Moto Adventure – Quantas pessoas você estima que estarão trabalhando na edição deste ano, tanto de forma direta, como indireta?

Pedro Franco – Milhares de pessoas fazem do Capital Moto Week o que ele é. Geramos 12 mil postos de trabalho diretos e indiretos, incluindo desde a equipe direta de produção, supervisão e logística à segurança, limpeza, vendedores das lojas, staff, carregadores e artísticos. É um time gigantesco. Nossa estrutura inclui mais de 100 coordenadores, cada um com suas equipes, trabalhando 24 horas durante 10 dias para garantir o conforto e a melhor experiência para quem vem nos prestigiar.

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Moto Adventure – Estamos há dois meses do evento, exatamente. Neste momento, ainda falta muita coisa para ser preparada ou acertada?

Pedro Franco – Neste momento, estamos na fase da execução. Colocando em prática o plano que foi criado, desenhado, desenvolvido e ensaiado nos últimos meses. Estamos dentro do cronograma. Tivemos o lançamento do festival, o lançamento da loja, etc. As engrenagens do relógio Capital Moto Week precisam caminhar e girar em sincronia para a perfeita execução do que planejamos.

Moto Adventure – E você sabe como está o nível de reservas na rede hoteleira? E quanto ao volume de aquisição de ingressos? Como está neste momento?

Pedro Franco – Em relação ao turismo, tradicionalmente temos um feedback do setor de que, no período do Capital Moto Week, a rede hoteleira chega a ter 95% de ocupação. É quase sua totalidade, em função do festival. A rede de hotéis oficial do CMW já está começando a ficar esgotada. E isso levando em consideração que tem muitos hotéis com uma vasta oferta de leitos, mas o público de outros estados e países tem vindo cada vez mais.

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De ingressos, a resposta também está sendo muito boa. Oferecemos uma opção a mais para o público pedestre esse ano. Sempre abrimos uma pré-venda, com preço mais barato, antes de divulgar os shows principais. Isso com foco naquela pessoa que adquire seu ingresso para viver o Capital Moto Week e o show é um ponto a mais. Então desenvolvemos junto com a nossa ticketeira, a Bilheteria Digital, um formato em que a pessoa comprava na pré-venda, ganhava um brinde e só escolhia o dia depois. A campanha era “Compre agora e decida o dia depois”.

Essa ação trouxe um resultado bastante positivo, vendemos o triplo de ingressos em relação à pré-venda do ano passado. Deu um belo vislumbre do que nos aguarda por aí. Ano passado chegamos no último dia com a lotação do espaço quase totalmente esgotada. Foram 92,4 mil pessoas simultâneas, sendo que nossa capacidade entre motociclistas sem ingressos, garupas com ingresso e público pedestre é em torno de 96 mil pessoas. Para esse ano, a dica para o público é aproveitar agora que nós estamos caminhando para o segundo lote. Aproveitem, pois a demanda está bem alta e essa edição em particular está ainda mais incrível!

CRÉDITOS DAS IMAGENS: DIVULGAÇÃO CMW