Ele é o responsável por comandar as operações da indiana Bajaj no Brasil e pelos primeiros resultados já vem deixando a matriz feliz.
Em nossa edição 267 publicamos o resumo de uma entrevista que fizemos com o CEO da Bajaj no Brasil, Waldyr Ferreira, e agora, você a lê na íntegra, a seguir.
Moto Adventure – Caro Waldyr, muito obrigado por atender à reportagem da Moto Adventure: é sempre um prazer conversar com você. Waldyr, por gentileza, a Bajaj acaba de iniciar suas operações no Brasil. Como você analisa este começo?
Waldyr Ferreira – Olá Andre, um prazer enorme estar com você novamente, representando a Bajaj do Brasil e poder falar com a audiência de vocês nos diversos canais. Como você disse, acabamos de iniciar nossas operações há cerca de 45 dias e a resposta do consumidor tem sido muito positiva. O número de Clientes interessados em conhecer nossa marca, nossas Concessionárias e nossos produtos não para de crescer. E a impressão da maioria dos Clientes quando nos visita é de grata surpresa em relação ao que estamos oferecendo em termos de experiência em nossas lojas e qualidade de nossos produtos.
Moto Adventure – Vocês começaram com três modelos, todos da família Dominar (160, 200 e 400). Por que a decisão de iniciar se deu com eles? E quanto aos modelos da linha Pulsar e a scooter elétrica Chetak? Eles virão?
Waldyr Ferreira – A Bajaj possui um portfólio de produtos bastante extenso com mais de 20 modelos e decidimos iniciar de forma bem simples, com apenas uma família – DOMINAR, com 3 variações de motorização. Isto nos permite focar nossos esforços e atenção na construção da marca DOMINAR. Mas sem dúvida alguma deixamos a porta aberta para a introdução de novas famílias e modelos no futuro como a família Pulsar e suas diversas possibilidades. A Scooter Elétrica Chetak também é um sonho de nossa equipe mas ainda estamos concentrando a oferta dela no mercado doméstico indiano, para atender uma grande demanda, já que o produto é um sucesso por lá.
Moto Adventure – Vocês estão com concessionários em cinco cidades e há planos de expansão, como já mencionado. Como está isso?
Waldyr Ferreira – Iniciamos com 5 Concessionárias todas no Estado de São Paulo sendo 2 lojas em São Paulo Capital (VEG Motors na Zona Oeste e Triple BAJAJ na Zona Sul), 1 loja em Santo André (Marello Motors), 1 em Jundiaí (Rota B) e 1 em Campinas (Triple BAJAJ). Agora estamos focados na abertura de Concessionárias em Florianópolis, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. E logo após queremos chegar também às Regiões Norte e Nordeste do país e assegurarmos nossa presença em todas as regiões geográficas do país.
Moto Adventure – Eu não posso me furtar de perguntar: qual modelo está performando melhor?
Waldyr Ferreira – Como é comum no momento de lançamento de uma marca, o seu produto top de linha tende a performar muito bem. E conosco não foi diferente. A Dominar 400 tem sido muito bem sucedida, mas destaco também a aceitação e performance positiva tanto da Dominar 200 como também da Dominar 160.
Moto Adventure – Em um país de dimensões continentais como o Brasil, qual é o maior desafio? Ampliar o número de concessionários, treinar a mão-de-obra, cobrir a demanda de peças de reposição… Ou algo além disso, ou tudo isso junto?
Waldyr Ferreira – Você tornou a minha resposta simples pois sem dúvida um mix de tudo o que você colocou torna esta fórmula de expansão num país gigante como o Brasil algo complexo. A questão da expansão da Rede tem sido bem-sucedida pois em função do trabalho de pré-lançamento, muitos grupos empresariais interessados nos contataram demonstrando interesse. Estruturar a operação de peças de reposição bem como a logística tanto de peças como de motocicletas também são desafios interessantes mas quando falamos de pessoas, a Identificação de talentos, atração destas pessoas e capacitação das mesmas eu diria que é um desafio especial para nós da Bajaj do Brasil e também para nossa Rede de Concessionárias. No fim do dia, por mais que possamos amadurecer os processos, avançar em tecnologia, são as pessoas que farão a diferença para o negócio e este deve ser sempre tema prioritário em qualquer gestão.
Moto Adventure –O modo de utilização de uma motocicleta pelo brasileiro é diferente do modo de utilização de um indiano: andamos de maneira mais rápida, exigimos mais da moto em todo seu conjunto mecânico e ciclístico. Houve necessidade de adaptação/climatização das motos para rodarem por aqui?
Waldyr Ferreira – Sem dúvida aqui pilotamos de uma forma mais “agressiva” no sentido de imprimirmos maior velocidade e utilizarmos a motocicleta para os mais variados propósitos. Isso requer ajustes sem dúvida. Todas as adequações necessárias para atendimento das exigências da Legislação Brasileira foram feitas de modo a nos tornarmos elegíveis para a homologação dos produtos junto às Autoridades competentes. Depois disso, efetuamos testes de longa duração com os produtos para assegurar que estamos oferecendo um veículo completamente adequado à necessidade do país e de nossos consumidores.
Moto Adventure – Estas motocicletas estão sendo fabricadas em Manaus (AM), em parceria com a Dafra. Já se fala em uma planta própria?
Waldyr Ferreira – Nosso primeiro foco no Brasil é estabelecermos as fundações para o nosso negócio, pensando numa jornada de longo prazo. Hoje nosso plano é focado na parceria de manufatura definida com a DAFRA, um parceiro de negócios competente, experiente e comprometido em apoiar nosso projeto. Enquanto a parceria for boa e gerar frutos para ambas as partes poderemos seguir neste modelo. Portanto pensar em uma fábrica própria seria algo para um momento mais distante já que estamos muito contentes.
Moto Adventure – Por que a marca demorou para iniciar suas operações, uma vez que já ouvíamos falar que ela tinha planos de atuar aqui desde 2020? Foi “apenas” a pandemia?
Waldyr Ferreira – Na verdade a BAJAJ Auto Ltd. vem consolidando a sua atuação nos mercados internacionais de forma bem acentuada ao longo dos últimos 10/15 anos. E sem dúvida a presença da marca no Brasil, um dos mercados de 2 Rodas mais relevantes do mundo, é importante nesse processo de consolidação. A BAJAJ já havia considerado anteriormente a vinda para o Brasil, mas não tomou a decisão anteriormente por razões pontuais nos momentos anteriores. Nesta jornada de lançamento, eu fui contratado no final de 2020 para começarmos a avaliar o mercado Brasileiro. Sem dúvida a pandemia impactou um pouco pois gerou limitações nas viagens presenciais, atraso na cadeia de suprimentos, impactos logísticos globais, etc. Em condições mais favoráveis do ambiente “externo” poderíamos ter iniciado alguns meses antes, mas estamos muito felizes com o momento pois estamos apenas iniciando uma jornada de longo prazo no país.
Moto Adventure – Como os indianos estão observando este começo de operação? O que eles têm dito?
Waldyr Ferreira – A nossa matriz vem nos acompanhando de forma muito próxima, mais do que isso, destaco que eles têm sido fundamentais nos apoiando em todas as etapas desde o planejamento até o início da operação e estão muito felizes com os primeiros resultados qualitativos da boa recepção da marca pelo consumidor Brasileiro. Isto gera uma onda positiva e mais credibilidade para continuarmos focando nossos esforços nesse mercado.
Moto Adventure – A gente sabe que negócios são movidos por metas. Qual é ou quais são as metas para 2023?
Waldyr Ferreira – Neste primeiro momento nossas metas são muito mais de ordem qualitativa do que quantitativa. Estamos muito focados nas atividades que chamamos de “front end” do negócio. Produto adequado ao mercado, Foco no Cliente, construção da Rede de Concessionárias, operações de peças e serviços implantados, montagem e capacitação das equipes, marketing, enfim, todos os pilares necessários para a construção da marca no país. Quando tudo isto estiver estabelecido poderemos focar nossos esforços para alcançarmos as metas quantitativas que são fundamentais e parte integrante do nosso negócio.