O ano era 1972 quando se iniciou a concepção da Gold Wing. Desde o início, essa obra prima chamou a atenção e despertou a curiosidade de todos!Imagine nessa época se falar de uma moto com um motor de seis cilindros contrapostos, de 1.471 cm3? Foi o maior motor Honda feito para motos e o primeiro com refrigeração líquida.
Bem, uma grã-turismo, seis cilindros… Deve ter dado muito trabalho para a engenharia japonesa, mas uma estradeira com esse porte todo mostraria o poder da marca.
Três anos se passaram e muita coisa mudou: dois cilindros ficaram pelo projeto e virou um quatro cilindros contrapostos (boxer); o tanque de combustível foi para debaixo do banco, o torque foi garantido nas baixas e médias rotações, vieram as correias dentadas no lugar de engrenagens e correntes para acionar os comandos de válvula em cada cabeçote; o eixo-cardã entrou no lugar da transmissão secundária via corrente, coroa e pinhão, ou seja, ela já começou revolucionando!
E as críticas vieram em relação a tamanho, peso, comprimento, enfim… Parece com um mundo que conheço, onde as pessoas “acham” e criticam muito sem experimentar. A vantagem daquela época é que não existiam as mídias sociais e, consequentemente, menos “entendidos”. Mas vamos aos dias atuais, porque na época do lançamento, todos engoliram as críticas depois que andaram…
Atualmente
A GL 1800 Gold Wing Bagger é feita para viagens, e quanto mais longa, melhor!
Com linhas modernas e estilizadas, a cor prata fosco é a única opção do modelo no Brasil, que por sinal, ficou linda!
Os assentos mais largos e confortáveis, tornam a viagem mais agradável, com a posição do piloto, devido ao conjunto, estar mais avançada.
Com capacidade de carga de 60 litros em duas malas laterais e 21 litros no tanque de combustível, se torna quase inacreditável manobrar essa motocicleta e achar que ela é “leve”, mesmo pesando seus 348kg, mas a sensação é essa mesmo!
A usina de força da Bagger está 6,2kg mais leve, 8 cv mais potente e mais compacta! Entrega 126cv a 5.500rpm com torque de 17,3kgf.m a 4.500rpm.
Para sustentar isso tudo, o novo chassi Diamond Twin Tube Type emagreceu 2kg e, juntamente com a nova suspensão dianteira Double Wishbone, de 110mm de curso, e a traseira com balança monobraço Pro Arm conectada ao sistema Pro Link, com 105mm, trouxeram mais estabilidade e conforto, formando um conjunto incrível! Vale destacar que a nova suspensão dianteira agora responde mergulhando muito menos nas frenagens que a anterior, o que confere mais conforto e estabilidade ao modelo.
Completando essa obra de arte que chegou ao Brasil pela primeira vez nessa versão, está uma série de mimos que deixam a pilotagem desta moto uma experiência única: iluminação totalmente em LED, para-brisa com regulagem elétrica, piloto automático, marcha a ré movida por um motor elétrico, assistente de partida em superfícies inclinadas, aquecimento de manoplas, Apple Car Play – e recentemente, Android Auto – painel em TFT de 7”, Smart Key, sensor de pressão dos pneus (TPMS)e novo escapamento, fazem com que o piloto não tenha pressa, e tampouco vontade de parar.
Quase esqueci: o novo sistema de admissão economiza até 20% de combustível e deixa a moto mais leve e fácil de pilotar.
Primeiras impressões
Confesso que fiquei ansioso quando recebi a notícia que iria testar a Gold Wing Bagger, uma moto que sempre esteve em meus pensamentos desde quando iniciei no mundo das motos e que sempre foi um ícone para mim.
Meu primeiro contato foi dentro da cidade e já fiquei surpreso, pois a moto é muito “leve” e fácil de pilotar! A altura do assento, de 745mm, ficou muito confortável para meu 1m80, o que deu mais tranquilidade logo de cara; por outro lado, os 130mm do solo me forçaram a treinar o cérebro acostumado com as big trails, mas sem sustos!
Com seus 2.475mm de comprimento, levei um tempinho para me acostumar antes de me aventurar em meio ao trânsito, mas sem problemas. Eu não via a hora de pegar estrada!
A posição dos espelhos é ótima e o fato de poder recolher os dois, mesmo sem precisar, me deixou mais tranquilo (já me imaginava no corredor disputando espaço com os motoboys…Coitado de mim).
Os comandos no punho esquerdo, o painel de 7” e as teclas abaixo do painel, confesso que me deixaram perdido! É muita informação, opções, comandos, enfim, inicialmente me atrapalhei mas foquei nos mais importantes e fui aprendendo no dia a dia.
Os 4 modos de condução são: Tour, Sport, Econ e Rain. Estão no punho direito e são bem simples de serem trocados. Piloto automático também – e usei bastante!
Mas vamos ao que interessa!
Com a Smart Key no bolso, saí de casa e já enfrentei o trânsito na cidade e marginal antes de chegar na Rod. dos Bandeirantes. Fluiu tranquilo, sem pressa e com calma. Atenção total no ambiente, fui me acostumando e ficando mais à vontade.
Os freios respondem muito bem e com muita eficiência; as mudanças de direção foram bem fáceis e a moto não se mostrou “tudo aquilo”, mas realmente é “leve” e muito fácil de pilotar.
Quando entrei na rodovia, com quase 200km pela frente, foi onde a moto se mostrou apaixonante!
Conduzir essa máquina é tão prazeroso que, o caminho que faço há anos e dá sono, passou sem eu perceber! O silêncio, a suavidade, conforto e a segurança parece que me entorpeceram. Estava com uma sensação muito agradável! Mas tinha muito pela frente ainda!
Ao final, quase chegando ao meu destino, mais um teste! Um trecho de estrada de terra…
Pois bem, sei que essa moto não foi feita com esse propósito, é óbvio mas, mesmo com ela, não posso me limitar a andar só nos asfalto, afinal, uma estrada de terra simples, com uma conduta adequada, não oferece mais riscos que qualquer rodovia, portanto lá fui eu!
Foi uma distância curta, com trechos de cascalho, subida, descida, curva e, nada demais… só empoeirou um pouco. Portanto, se tiver um restaurante, uma cachoeira, um desvio no caminho ou qualquer outro motivo que te leve a uma estrada de terra, desde que tenha cuidado, não achei nenhum tipo problema!
Uma curiosidade: esse modelo até aproveitou a tecnologia dos modelos de alta performance no off-road, vindo com cabeçotes Unicam de quatro válvulas, motivo esse que “tive” que pegar uma terrinha com ela, pequena, mas peguei!
No dia seguinte, já mais familiarizado, coloquei meu celular no compartimento abaixo do painel, selecionei minha playlist e segui para uma região com outras características. Pista simples, muitas curvas, serras e paisagens, muitas paisagens. Com isso pude desfrutar mais do conforto, ouvir uma boa música, fazer bastantes curvas e fiquei muito satisfeito.
Outro ponto me chamou a atenção. Algumas vezes a 40, 50km/h, em sexta marcha, acelerava suavemente e a velocidade começava a subir, mostrando toda a força do motor, não havendo necessidade de estar reduzindo marchas o tempo todo durante as serras que peguei, por exemplo.
Consumo? Fiquei impressionado com a economia! E não pense “quem compra uma moto dessa não calcula o consumo”. Se não calcula, deveria, pois é questão de segurança! E uma moto com motor 6cc e quase 350kg, fazer uma média de mais de 20 km/litro é uma tranquilidade: te dá uma autonomia de mais de 400km!
O sistema de pisca com autocancelamento é outro conforto inteligente que demorei um pouco para acostumar. Difícil será voltar à realidade!
Nas curvas a proposta é totalmente relax, sem agressividade, até porque, não dá vontade! Mesmo com a proximidade do pé com o asfalto, a moto nem dá chance para insegurança: é firme, confortável e faz as curvas suavemente!
Bom, rodando com essa moto, tens que se acostumar em ser o centro da atenção por onde passar, mas não se esqueça, é a moto que é o centro das atenções! Impressionante como desperta curiosidade e ganha elogios!
Momentos curiosos
Quando parado perto de pessoas que estão admirando a moto, coloca o motor para funcionar… Escuta: “Nossa! Olha isso! Caramba!”
Na hora de abastecer abre-se um porta-objeto próximo ao joelho direito, aperta um botão e automaticamente levanta a tampa que esconde a boca do tanque, localizada entre as pernas.
Quando conecta a música e o som começa a tocar… É só elogios e olhos admirados!
E o para-brisa subindo e descendo? Acho que é o mais inesperado! Tipo a cereja do bolo!
Não… A cara das pessoas quando se aciona o motor elétrico e começa dar ré… Essa sim, ganha. Incrível essa máquina!
Resumindo: foi uma experiência incrível pilotar essa máquina. É uma moto para quem tem bom gosto, quer pegar estrada com conforto, segurança, e obviamente, tenha uma boa conta bancária, afinal, seu preço de tabela, segundo o site da marca no Brasil, é de “módicos” R$ 142.012 sem frete e seguro – e o frete para uma moto de 350 kg não deve ser dos mais razoáveis!
Foram mais de 600km rodados em diferentes estradas, percorridos cada um com um sorriso no rosto e com a sensação a cada parada de “quero mais!”.
Ficha Técnica
Motor: seis cilindros contrapostos, Unicam OHC, refrigeração líquida
Cilindrada: 1.833 cm3
Alimentação: injeção eletrônica PGM-FI
Diâmetro x Curso: 73 mm x 73 mm
Potência: 126 v a 5.500 rpm
Torque: 17,3 kgf.m a 4.500 rpm
Câmbio: 6 velocidades
Chassi: diamond twin tube type
Susp. Diant.: duplo braço oscilante, 110 mm curso
Susp. Tras.: monoamortecedor com Pro-Link, 105 mm curso
Freio Diant.: discosduplos 320 mm, com ABS
Freio Tras.: disco 316 mm, com ABS
Pneu diant.:130/70-18
Pneu Tras.: 200/55-16
Peso: 348 kg
Tanque: 21l
Preço: R$ 142.012