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Ele é nome por trás do BMS, um dos eventos mais descolados do mundo das duas rodas no país, que tem disseminado a cultura custom com atrações como o Wall of Death e o flat track

Desde muito cedo, estive envolvido no ramo do entretenimento e produção de eventos, porém, nada relacionado ao mundo duas rodas.

No final de 2012, alguns amigos que gostavam muito desse universo comentaram que eu deveria aproveitar minha experiência no ramo e fazer algo relacionado ao motociclismo, uma vez que, o que havia aqui no Brasil era muito diferente dos eventos no exterior. Isso acabou chamando a minha atenção como negócio e logo comecei a buscar inúmeras referências, visitando os principais eventos por aqui e nos Estados Unidos. 

Ainda em 2012, o Brasil estava com a economia crescendo, incluindo o segmento duas rodas de média e alta cilindrada, com crescimento de 20% ao ano. Assim, surgiu a ideia de realizarmos o primeiro grande evento de motos em Curitiba (PR), que se chamaria Brasil Motorcycle Show. 

As primeiras edições eram no formato de feira, o que fazia sentido para a época, resultando em sucesso de público até 2016, ano que surgiu a recessão econômica no país. Lembro-me que quase desistimos da edição daquele ano, pois as montadoras estavam assustadas com as quedas nas vendas e, sem elas, seria praticamente impossível entregar o que esperávamos do evento. Mas, de qualquer forma, conseguimos reunir as principais marcas do Brasil e fazer uma edição muito boa. 

Mas, o que é uma edição boa? O que caracteriza um evento como bom? 

O mercado havia mudado. As vendas das montadoras nunca mais seriam as mesmas nos eventos estilo feira, e novas referências deveriam ser buscadas para que pudéssemos fazer uma edição inovadora e que, a meu ver, trouxesse um resgate indispensável da história do motociclismo. 

Foi aí que surgiu o desafio de trazer para o Brasil o Muro da Morte, conhecido no exterior como Wall of Death. Desde o princípio já sabíamos que as dificuldades técnicas seriam imensas. Porém, para a surpresa de todos, não existia nenhum projeto pronto do Muro da Morte para ser utilizado como base, mesmo sendo uma atração com quase um século de história. 

Uma vasta pesquisa se iniciou. Buscamos referências fotográficas, assistimos a centenas de registros em vídeo e fizemos o contato com diversos grupos de pilotos dos EUA. Fomos montando um complexo quebra-cabeças de centenas de peças criteriosamente distribuídas, dentro do processo do erro e do acerto. Em alguns momentos, pensamos em desistir, como quando havíamos construído o muro e fomos aprovar nos órgãos reguladores e percebemos que as normas técnicas do Brasil são diferentes das americanas, nas quais havíamos nos inspirado. Tivemos que começar tudo de novo, praticamente. 

Seis meses depois, com o Wall of Death brasileiro pronto e pilotos treinados, estávamos aptos para levar ao nosso público uma atração inédita. Porém, não fazia mais sentido usarmos o Brasil Motorcycle Show como contexto. Precisaríamos reinventar o evento totalmente. E assim o fizemos. 

O BMS, como todos conhecem hoje, apresentou ao público o Wall of Death e o Flat Track, modalidade trazida ao Brasil pelo pessoal do Lucky Friends Rodeo Motorcycle, de Sorocaba (SP). A sinergia entre as duas atrações é tão grande que logo essa relação se fortaleceria em uma saudável parceria.

Então, chegamos ao ano 2020 e, como representamos uma comunidade, não poderíamos deixar os apaixonados pelo universo duas rodas na mão. No dia 1º de novembro, às 14h, o BMS Motorcycle e o Lucky Friends Rodeo Motorcycle, juntos, lançarão a primeira corrida de Flat Track transmitida ao vivo no Brasil, o “On Track”. 

Serão mais de 60 pilotos participantes, divididos em mais de quatro categorias distintas, com a participação de grandes montadoras e contando com a Harley-Davidson e Royal Enfield como patrocinadoras. 

E o nosso trabalho não para. Vamos nos reinventar mais uma vez, criando conexões e novas parcerias para colocar o Brasil na rota de eventos de motociclismo do mundo, trazendo ainda mais visibilidade, tanto para o resgate histórico do segmento, quanto dando espaço para as novas vertentes e novos públicos que acabam se apaixonando por esse universo

Você não vai querer ficar de fora dessa, né?