Sucesso nos anos 70, 80 e 90, as motos 2 tempos estão de volta. E ao que parece, não apenas como modismo, é uma paixão que reacendeu nos corações de motociclistas.
Por Victor Athayde
O estilo é procurado principalmente por ser um veículo leve e de mecânica simples, por isso seu custo de manutenção é menor que as de 4 tempos, porém existe uma grande dedicação para deixar essas belas máquinas de volta às ruas.

O motor 2 tempos também fez sucesso nas motos do Mundial de Motovelocidade. Muitos de nós ainda se recordam a leveza extrema, o comportamento agressivo do motor, e o som característico do escape. Categorias apenas de motores a 2 tempos: 125, 250 e 500 até o ano de 2001, onde o seu último ano vitorioso, com um “tal de Valentino Rossi” (uma lenda viva), que no ano seguinte voltou a ganhar, agora já com uma moto 4 tempos com quase 1000cc.

Antes de começarmos a nossa matéria com os apaixonados por motores 2 tempos, é importante entender a diferença entre os motores.

O termo 2 tempos refere-se à dinâmica de funcionamento do motor. E como o nome já diz, a operação do propulsor necessita somente de duas rotações do pistão para que a admissão, explosão e exaustão sejam realizadas.
Diferentemente dos 4 tempos, que precisam rotacionar 4 vezes para executar esse mesmo processo. É por isso que a rpm das motos 2 tempos são sempre maiores do que a das 4 tempos. Isso explica o barulho mais estridente, característico desse tipo de veículo.

O ronco faz os apaixonados compararem o ronco do motor ao ruído das abelhas, e também o inconfundível “perfume” da fumaça do motor 2 tempos.
Motor 2 tempos:
Primeiro tempo: o pistão sobe comprimindo a mistura no cilindro e produzindo rarefação no cárter. Logo após, acontece a ignição e a combustão da mistura.
Segundo tempo: os gases da combustão se expandem, fazendo o pistão descer, comprimindo a mistura no cárter. O pistão abre a janela de exaustão, possibilitando a saída dos gases queimados.
Motor 4 tempos:
Primeiro tempo – admissão – acontece o movimento do pistão do Ponto Morto Alto para o Ponto Morto Baixo com a válvula de admissão aberta.
Segundo tempo – compressão – o movimento do pistão do ponto morto baixo para o ponto morto alto acontece com as duas válvulas fechadas. O pistão comprime a mistura de ar e combustível.
Terceiro tempo – tempo motor – acontece a ignição, quando a vela produz a faísca e a consequente explosão da mistura ar-combustível.
Quarto tempo – exaustão – corresponde à subida do pistão do ponto morto baixo para o ponto morto alto com a válvula de escapamento aberta.
Nós da Moto Adventure tivemos o prazer de entrevistar alguns membros do “Clube 2 Tempos do Pará“, até por que, eu (Victor Athayde), comecei a minha vida em duas rodas com uma lenda dessas.

Clube 2 tempos do Pará
O “Clube 2 Tempos do Pará” surgiu com amigos apaixonados por esse tipo de motor e foi criado com a intenção de trocar informações, dicas, contar suas histórias e experiências. Hoje com 37 participantes, cada vez mais buscam encorajar pessoas a aderirem e restaurarem lindos modelos, e assim cada vez mais aumentar o número de participantes.

Conversamos com Fernando Moreira, fundador do Clube, proprietário de uma Aprilia RS 50cc 2001, versão Fumi Rossi. A sua paixão pelos motores dois tempos começou desde pequeno, quando seu pai preparava motos com um amigo no quintal da casa. Aquele barulho de 2 tempos e giro alto, não saiam da cabeça, é algo que nunca deixou de admirar. “Não pretendo vender minha moto e um dia espero conseguir a versão 250cc. Espero também que vários amigos que gostam das motos 2 tempos, também consigam as suas e possamos ainda dar muitas voltas e rir juntos”, espera Fernando.

Mauro Carvalho, proprietário de uma RD350R 1992, contou um pouco da sua história.“Conheci o universo 2T em 1985 através da Yamaha RDZ. Naquela época, pra mim a RDZ era a moto mais bela fabricada no Brasil muito embora houvesse a contemporânea Honda CB-450, muito maior e mais cara. No segundo semestre de 1986 a Yamaha lançou a RD 350: quando eu vi aquela moto foi paixão de imediato. Era revolucionária, linda e muito rápida. Recordo naquela época que eu, no comando de uma CB 450, fui rapidamente deixado para trás em um embate de rua contra uma RD 350. A facilidade que a Honda CB 450 foi derrotada foi impressionante e humilhante. Entre os anos de 1989 e 1992 eu tive duas DT 180 e três RD 350. Desde o ano de 2016 eu sou um feliz proprietário de uma RD 350. Costumo dizer a respeito das 2T: Quem tem, tem. Quem não tem anda atrás de uma”.

Leandro Mendes e Roger Horiguchi são proprietários de duas lendas, Aprilia SR50, uma scooter, com pinturas réplicas das campeãs de motovelocidade da época, pilotadas pelo grande Valentino Rossi.“Sou admirador da Aprili;, a SR50 trás junto as lembranças da adolescência, e com motor 2 tempos cresce a nostalgia da época. Os desejos para o futuro é adquirir a irmã maior RS50 e a trail Yamaha DT200R”. Diz Roger Horiguchi

Yamaha Banshee 350cc (Motor da RD350) – Seria impossível não falar dessa grande lenda; foi o melhor quadriciclo da história, fabricado no Japão de 1987 a 2012, eles estiveram disponíveis nos Estados Unidos de 1987 a 2006, no Canadá até 2008 e na Austrália de 1998 a 2012.
Aqui no Brasil foi somente importação direta. No estado do Pará até hoje tem muitos fãs e proprietários, dentre eles Leandro Mendes e Gustavo Laiun, que estão restaurando com todo carinho esse ícone de 4 rodas, contando com ajuda de mecânicos renomados da região, Maurício Miranda e Nival Calado, que fazem a manutenção e restauração dessas máquinas há décadas.