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Alta produção, vendas crescentes e inclusão social: o papel estratégico da motocicleta nos países em desenvolvimento

O mercado asiático é o maior consumidor de motos do mundo. Com populações enormes que seguem em crescimento (à exceção do Japão) e renda per capta baixa, há anos a região se tornou o centro global do comércio de motos de baixa cilindrada, com números extremamente expressivos.

Apenas a título de ilustração, o Vietnã produziu mais de 670 mil motos somente no primeiro trimestre deste ano, as Filipinas, 448 mil e a INdonésia, nada menos que 1,693 milhão de unidades!.

Vale lembrar que o Vietnã tem uma população que é praticamente a metade da brasileira (100,4 milhões de pessoas) e as Filipinas, 114,9 milhões. Por lá, menos de 5% da população tem carro, devido ao preço alto deste veículo frente ao salário médio da população, daí a grande demanda por um meio de transporte acessível, confiável e durável.

Nas Filipinas, é comum ver famílias inteiras sobre uma motocicleta, equilibrando sacolas, crianças e esperanças em meio ao trânsito caótico de Manila. No Brasil, cada vez mais jovens cruzam as grandes avenidas pilotando seus sonhos — seja rumo ao trabalho, à universidade ou a um novo pedido no app de delivery.

Se em países asiáticos a motocicleta já é há muito tempo sinônimo de mobilidade básica e fonte de renda, por aqui ela também já desempenha estes mesmos papéis estratégicos.

Mas o que as ruas de Manila têm a nos ensinar sobre as de São Paulo? E como os dados do setor nas Filipinas podem ajudar a compreender a importância — e o futuro — das motos no Brasil? Nesta análise comparativa, mergulhamos no universo das duas rodas em ambos os países, explorando números, hábitos e transformações de mercado que mostram por que a moto é muito mais que uma paixão: é uma necessidade.

Produção nacional aquecida e cenário em expansão

A indústria brasileira de motocicletas vive um momento de forte aquecimento. Em 2024, foram produzidas cerca de 1,75 milhão de unidades, representando um crescimento de mais de 11% em relação ao ano anterior. Para 2025, a projeção é ainda mais ambiciosa: 1,88 milhão de motos devem sair das linhas de montagem, o maior volume registrado desde 2011.

Nas vendas ao consumidor final, estima-se que o número de emplacamentos ultrapasse os 2 milhões de unidades neste ano. Esses dados reforçam o papel da motocicleta como uma solução prática, econômica e acessível para a mobilidade no país.

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Nas Filipinas, motos são sinônimo de trabalho e inclusão

Em países do Sudeste Asiático, como as Filipinas, motos representam a maior parte da frota circulante e exercem múltiplos papéis: são meio de transporte pessoal, ferramenta de trabalho, veículo de entregas, táxi informal, ambulância improvisada, entre outros usos essenciais.

Ao contrário do Ocidente, onde muitas vezes a motocicleta é vista como um bem voltado ao lazer ou estilo de vida, nos países asiáticos ela é um elemento indispensável da infraestrutura urbana e econômica. Longe dos modelos de alta cilindrada que vemos aqui, por lá é a moto pequena, sem tecnologias sofisticadas que ajudam a movimentar a economia e a sustentar famílias.

Indicadores que chamam atenção

No Brasil, o segmento de motos de média cilindrada (entre 161 e 499 cc) também vem apresentando crescimento expressivo, com 327 mil unidades produzidas em 2024 — uma alta de quase 26% em comparação ao ano anterior e um recorde na indúsgria brasileira, fato que não é observados no Sudeste Asiático, onde este tipo de moto tem vendas bem reduzidas.

Comparativo entre Brasil e Filipinas

AspectoFilipinasBrasil
Uso principalTransporte, trabalho e entregasMobilidade urbana e lazer
Vendas recentes448 mil unidades no primeiro trimestreMais de 1,8 milhão ao ano
Representatividade da frota~80% dos veículos em circulaçãoCerca de 15% da frota nacional
Modelos mais vendidosMotos entre 110 e 155 ccDomínio até 160 cc, mas médias crescem
Função econômicaEssencial para negócios informaisRelevante em entregas e serviços
FinanciamentoAcesso crescente a créditoExpansão recente de linhas acessíveis
Produção localFábricas ativas e regionalizadasPolo concentrado em Manaus (AM)

Mobilidade eficiente e transformadora

As semelhanças entre Brasil e Filipinas são evidentes. Ambos os países compartilham grandes centros urbanos congestionados, deficiências de transporte público e ampla adoção da motocicleta como alternativa de mobilidade acessível. No Brasil, esse crescimento também está relacionado ao avanço de modelos mais tecnológicos, ao aumento do uso profissional da moto e à diversificação da oferta.

A motocicleta passou a ser não apenas uma opção de transporte, mas também uma ferramenta de trabalho e uma extensão do estilo de vida de milhões de brasileiros. E a indústria nacional, concentrada na Zona Franca de Manaus, vem respondendo com agilidade, oferecendo modelos para diferentes perfis e faixas de preço.

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Lições e oportunidades do Sudeste Asiático

O exemplo asiático mostra caminhos que o Brasil pode seguir. O foco em modelos funcionais, econômicos e de fácil manutenção continua sendo uma aposta segura. O acesso facilitado ao crédito expande o mercado e impulsiona as vendas. Além disso, políticas públicas que reconheçam a importância da motocicleta — como infraestrutura adequada, incentivos à renovação de frota e capacitação de condutores — podem ampliar ainda mais seu papel social e econômico.

Outro ponto relevante é a leitura das necessidades regionais. Assim como na Ásia, há uma demanda crescente por soluções de mobilidade que unam praticidade, eficiência e baixo custo. As marcas que souberem interpretar esse cenário, aliando tecnologia e acessibilidade, devem ocupar posição de destaque nos próximos anos.

Nas Filipinas, a motocicleta é sinônimo de sustento, acesso e inclusão. No Brasil, ela se consolida como uma das principais soluções para os desafios da mobilidade urbana. Os números mostram que o mercado tem potencial para crescer ainda mais, ampliando sua participação na economia e na vida das pessoas. Ao seguir os passos bem-sucedidos do Sudeste Asiático e adaptar as lições locais à nossa realidade, o país pode acelerar sua transformação sobre duas rodas.

Moto Adventure, a Revista dos Melhores Motociclistas.

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