A bordo de uma Honda Biz 125i, o engenheiro Alfredo Souza decidiu realizar uma façanha e tanto: rodar o mundo inteiro em cima de um scooter. Acompanhe os detalhes desse desafio nas próximas páginas de Moto Adventure

 TEXTO: ROSA FREITAG

FOTOS: ROSA FREITAG E ALFREDO SOUZA

Alfredo Souza, engenheiro elétrico de Guaramirim (SC), rodou nos últimos cinco anos mais de 100 mil km pelo Brasil e América do Sul em uma Honda Biz. Agora, ele partiu para uma volta ao mundo, e incluiu Campos do Jordão (SP)na rota. “Visitamos os roteiros mais bonitos da região e o scooter foi posto à prova!”, conta. Calmo e bem articulado,Alfredocita Fernando Pessoa: “Somos do tamanho dos nossos sonhos. Se você acredita em alguma coisa e tem vontade e força, e batalhar por isso, vai conseguir! Não se deixe abater por pessoas que dizem que o seu sonho é impossível”, arremata.

O aventureiro viaja acampando – camping selvagem, tentando não ser visto, ficar seguro e não incomodar ninguém – e economizando ao máximo em tudo. Em seu canal “Diário de Motochileiro”, no YouTube,ele conta tudo sobre a preparação da moto e o planejamento para a viagem, incluindo os trâmites para rodar em outros continentes, vistos, gastos e tudo o que o motociclista ou mesmo o mochileiro precisa saber. Além de postar vídeos bem elaborados e elucidativos, expondo suas aventuras na estrada.

O momento é agora!

Após trabalhar por nove anos em uma empresa, Alfredo foi demitido e analisou as possibilidades: entre ir trabalhar em outra empresa, abrir um negócio ou construir uma casa para alugar com a verba da rescisão. Optou pela viagem de volta ao mundo! Pois agora tem tempo, dinheiro, saúde e vontade. “Se eu deixar isso para o futuro, posso talvez encontrar um emprego, uma esposa que se tornará mãe de um filho meu, e isso pode dificultar uma viagem desse porte. E o que acontecerá quando eu voltar? Para isso estou me planejando também, para assegurar uma fonte de renda por um tempo caso eu fique parado em virtude de um acidente, e contratei um seguro saúde para qualquer eventualidade no exterior. O planejamento da volta é igualmente importante”, diz Alfredo.

A rota pelo mundo

Há poucos meses, o engenheiro desbravou as estradas mais altas da América do Sul, passando dos 5 mil metros de altitude e fazendo toda a Carretera Austral e Patagônia, até Ushuaia, o extremo Sul,onde se pode chegar por vias terrestres. Agora, o destino é o Alasca, e então, do Canadá, despachará a motocicleta para a Europa, para ir até Nordkapp, na Noruega, conquistando o extremo Norte. Após isso, descerá até a África do Sul pela Costa Oeste e subirá até o Egito pela Costa Leste. Despacha a moto novamente para a Europa e vai até a Índia, passando pelo Afeganistão e outros países difíceis, e retorna, contornando a China, e vai até a Mongólia.

De lá, entra na Rússia para conhecer a emblemática Estrada dos Ossos, na Sibéria.Mais 2.300 km até Magadan por estrada não pavimentada, e retorna até Vladivostok, onde deixará a scooter.Irá de avião para a Austrália, onde vai comprar uma moto para rodar pelo continente e depois vendê-la. Segue até a Tailândia, Camboja, Vietnã, Malásia, Laos, onde também comprará uma outra motocicleta, ou mesmo uma bicicleta, dependendo do que encontrar por lá.Volta para Vladivostok e de lá segue para a Europa pela Trans Siberiana e envia a moto para o Brasil, finalizando a volta ao mundo.

Por que de Biz?

Muitos motociclistas ficam indignados com a opção pela Honda Biz. Depois de testar outras motos de 125cc, e descartar motocicletas maiores, mesmo as de 250cc, por serem mais pesadas (no off road é comum cair – tente levantar uma moto carregada sozinho a 4.000 metros de altitude…) e dispendiosas em combustível e manutenção, Alfredo considerou a Biz a mais confortável, fácil de manter e confiável, e fez as adaptações necessárias para a volta ao mundo. Construiu um grande baú em fibra, com mesa basculante para fazer comida;encosto para o assento, com espuma extra;um porta-coisas dianteiro, compartimento para água, protetores de corrente, de cárter e da sonda lambda.

Uma fileira de LED’s auxilia a visibilidade, mas ele não costuma pilotar à noite, e um compartimento inferior leva ferramentas e peças: pinhão, coroa, lâmpadas, bico injetor e bomba de gasolina. A moto está com 140 mil km e foi revisada recentemente, onde foram reforçadas as partes que se mostraram mais frágeis nas viagens anteriores e trocadas peças do motor, parte elétrica e suspensão. Um tanque auxiliar de 9 litros, além do original de 5,5 litros, dá autonomia de até 600 km. No baú leva um colchão inflável, saco de dormir, barraca, fogareiro, comida, três camisas, cinco cuecas, cinco pares de meias, um jeans, uma blusa de lã e a roupa de chuva.

E os perrengues?

Na altitude, a moto chega a perder 30% da potência. Em várias ocasiões ele já teve que descer e empurrar a Biz enquanto a conduz – como aconteceu em nosso passeio, na subida da Serra da Luminosa. Masfez isso com muita habilidade, subindo em ziguezague, e chegou ao topo suado, porém feliz. Já sofreu com muitos pneus furados, e em uma ocasião, quando não era possível remendar a câmara, encheu o pneu de capim até conseguir chegar a um lugar para trocar. Esquentou sardinhas num gêiser e sofreu com o calor do solo na barraca. Esses relatos, ricos em detalhes e humor, podem ser devorados na página do Facebook ou no site.

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A série de video-documentários “Passeando Pela América” já conta com 4 volumes, que podem ser adquiridos em formato de DVD, cartão de memória ou download.Para adquirir, envie mensagem na página do Facebook @diariodemotochileiro ou perfil pessoal do Alfredo Souza.

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