Nosso colunista mostra que manter a calma num momento de sufoco é a melhor maneira de se resolver um problema – mesmo que na hora, você esteja à ponto de chorar de raiva!
Texto e fotos: Matheus Oliveira
Meu nome é Matheus Oliveira e não é a primeira vez que apareço aqui nas páginas da Moto Adventure. Na edição 230 apresentei algumas dicas de pilotagem na estrada e agora estou de volta, desta vez, com a coluna Matth Oliver na Estrada. Sou advogado e escritor e no final do ano passado, retornei de uma viagem de 2 anos pelas três Américas em cima de uma moto 150cc.
Logo mais será lançado o livro “Acelere Seus Sonhos”, onde eu conto as aventuras vividas nesta incrível viagem, mas você, leitor da Revista Moto Adventure, vou te presentear com algumas histórias que aconteceram durante a viagem. São alegrias, tristezas, tensões, perrengues e muito mais que vão te deixar sempre com aquela vontade de “quero mais” na imaginação.
Boa Leitura!
Diversos relatos de viajantes apontam que as fronteiras na América Central, são consideradas assunto muito burocrático, chato e demorado.
Com essa informação em mente, eu sabia que minha paciência teria que reinar a todo o tempo e sempre ser cordial com os agentes mas eu comentarei aqui como (não) se comportar em uma fronteira, pois em uma delas, abri minha boca, falei mais do que era preciso e tomei chá de cadeira - se bem que não foi de cadeira, porque não tinha onde me sentar.
O problema todo começou quando me foi perguntado qual era a minha profissão e respondi que era advogado e jornalista.
Em nenhuma fronteira disse que era jornalista, mas desta vez acabei falando por inocência. Para quê?! A agente pegou meus documentos e levou para uma salinha; ali era o pior país que eu poderia ter dito isso, pois três meses antes da minha passagem, haviam assassinado uma estudante brasileira e isso tomou repercussão mundial.
Depois de muito vai e volta, ela veio com as perguntas:
¾ Você trabalha em rádio ou televisão?”
¾ Qual jornal ou revista?
Respondi que apenas escrevia online para meus amigos no Facebook e Instagram e falava apenas sobre turismo e pontos de interesse para se visitar – ainda bem que ela não imaginou a quantidade de seguidores em minhas redes sociais!
Depois de meia hora fui liberado. Ufa! Foi um momento super tenso; pensei que ela não iria me deixar entrar no país. Se isso acontecesse, já tinha o plano B: rodaria por alguns quilômetros até a próxima fronteira mais ao norte.
Mas ainda tinha que realizar o documento da moto na Aduana. Mais um enorme tempo foi tomado para o agente cadastrar (lentamente) todos os dados do veículo no computador, que, por sua vez, falhava e tinha que recomeçar.
Por final só precisava de uma assinatura, mas cadê o cara para assinar o mísero papel de pão? Rodei para cima e para baixo e nada de encontrar o tal fulano. Senti vontade de sentar no chão no meio do pátio dos carros para chamar atenção e ver se alguém aparecia para ajudar e, de verdade, já estava quase chorando de raiva.
Meu nível de estresse estava altíssimo: o sol já estava se pondo, pois estava sendo enrolado por aquele povo há mais de duas horas e meia, até que finalmente apareceu o cara para a bendita assinatura. Detalhe: ele nem olhou para a moto.
No final tudo deu certo. Como disse no começo do capítulo, calma e paciência têm que reinar neste momento, não dá para chutar o pau da barraca e perder a razão (mesmo quando você tem razão e vontade para fazer isso), pois eles simplesmente podem negar sua entrada no país. Mantendo-se calmo e polido, mais cedo ou mais tarde você vai conseguir entrar no país.
Em todas as fronteiras que passei, em nenhum momento me foi pedida propina ou o famoso cafezinho. Apenas realizei os pagamentos em guichês e sempre com um “recibo”.