Um quarteto de motociclistas encarou uma viagem ao Ushuaia (Argentina). Na bagagem, trouxe novas amizades e experiências

TEXTO: EMANOEL BAMBIOLAKIS

FOTOS: SYLVESTRE PASCHOAL, RODRIGO PASCHOAL, EDSON FREITAS, EMANOEL BAMBIOLAKIS

Em janeiro de 2012, os motociclistas Silvestre Paschoal, Rodrigo Paschoal, Edson Freitas e Emanoel Bambiolakis realizaram uma viagem de São Paulo ao extremo sul da América do Sul. Pelos caminhos, belas cidades, estradas e paisagens. Neste artigo, os experientes viajantes optaram por uma abordagem diferente: ao invés de se aterem a fatos e números ou às condições das estradas, preferiram comunicar “o que é” vivenciar uma jornada dessa grandeza. Com a palavra, os autores da viagem…

AMBIÇÃO

Uma ambição de todo motociclista de longas viagens é seguir para o Ushuaia. Trata-se de um “destino dos sonhos”, tanto quanto desbravar o Alasca ou ir a CapoNord, na Noruega. No que diz respeito ao Ushuaia, a aventura é válida por diversos motivos – mas o principal talvez seja o contraste das paisagens que encontramos pela frente.

NA ESTRADA

Nesta viagem, tais contrastes foram proporcionados por locações como os verdes campos ao sul do Brasil, Uruguai e norte da Argentina, e pelas desérticas planícies patagônicas e cordilheiras nevadas no extremo sul. Também sentimos na pele o contraste entre o calor escaldante e o frio austral; e o trânsito caótico de Buenos Aires e o isolamento que caracteriza o extremo do continente. Mas se você nos perguntar o que mais nos marcou, diremos, sem pestanejar: o vento!

O “SOM” DO SILÊNCIO

Sim, vento – do tipo que dá “vida própria” à motocicleta, a qual, constantemente, parece determinada a “sair debaixo da gente”. E coitado do piloto, que faz “pêndulo” para o lado de barlavento e encara “raquetadas” quando cruza com os muitos caminhões do percurso. Marcante, ainda, é o silêncio extremo, apenas perturbado pelo ronco do motor das motos ou pelo rugido do vento contra o capacete, o que nos leva a uma “viagem mental” paralela, na qual repassamos toda a nossa realidade de vida. Vento, mar, planície, solidão, sol, chuva, neve e rípio vão surgindo pelo caminho – e cada qual transmite uma emoção e requer técnicas de pilotagem diferentes.

GENTE

Quando se viaja de moto, a impressão é que as pessoas ao redor se tornam mais receptivas. Experimente, de carro, parar em um posto de abastecimento à beira da estrada, em plena Patagônia: o frentista se limita a perguntar se é para encher o tanque e qual é o valor a ser pago. Entretanto, quando se vive a mesma situação a bordo de uma moto cheia de “tranqueiras”, toda empoeirada e egressa de milhares de quilômetros, o mesmo frentista começa a puxar papo, quer saber detalhes da viagem… As pessoas se abrem. E realmente conhecemos a essência desses indivíduos, pois notamos, em seus olhos, que eles também gostariam de participar de uma aventura como aquela.

VIAJE COM SEUS PRÓPRIOS MEIOS

O importante é viajar por seus próprios meios. E este, sem dúvida, é o tipo de viagem que nos faz repensar alguns conceitos… É provável que demore duas vidas para esquecermos as imagens e sentimentos que adquirimos nesses 17 dias de jornada. Que tal traçar sua rota e seguir nosso exemplo? A estrada o espera!

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