Nesta aventura de 2.500 km pelos Alpes, os viajantes desbravaram a Itália, a Áustria e a Eslovênia

TEXTO E FOTOS: JOSÉ LUIZ TEIXEIRA

Após minha primeira viagem pelos Alpes, realizada em 2013 e publicada na edição 174 da Revista Moto Adventure, eu estava ansioso para voltar à região, uma divisa natural entre vários países, como Itália, França, Suíça, Alemanha, Áustria e Eslovênia. Uma viagem só não basta para curtir uma área tão grande como aquela. Finalmente realizei a segunda aventura, indo um pouco mais ao leste do que no primeiro passeio. Depois de fazer a região mais central, compreendendo Itália e Suíça, partimos novamente de Milão, mas, desta vez, indo até a Áustria e Eslovênia.

Os alvos principais da vez eram os passos Grossglockner e Nockalm, na Áustria, e o Magart, na Eslovênia, bem como o Lago de Bled, também na Eslovênia. Além desses destinos, passaríamos por alguns locais visitados na primeira viagem, como o Passo Stelvio e o Lago di Garda, mas sempre procurando acrescentar algo novo ao roteiro e seguir por outros caminhos.

Em qualquer viagem, acabamos perdendo alguma coisa, principalmente em função das condições meteorológicas ou por interdições nas estradas. Assim, procuramos “pagar” algumas dívidas da primeira saga. Por exemplo: na primeira vez, eu só passara de carro pela maravilhosa “Strada della Forra”, em Tremosine, já que o tempo ficara chuvoso. Agora, passamos por ela com as motos em um belo dia de sol. Outros lugares que perdemos antes, e que pudemos incluir nesta aventura, foram o Lago de Iseo e a estrada Kaiserjäger (também chamada de Strada del Menador), uma estrada militar construída pelos austríacos no século 19, no caminho para subir de Garda para os Dolomitas. Diferentemente da primeira viagem, dessa vez não contamos com carro de apoio. Fomos apenas em duas motos e, por isso, tivemos que nos adaptar à capacidade de bagagem dos veículos. Eu aluguei uma Moto Guzzi V7 e David Lisboa Neto, meu parceiro de viagem, seguiu a bordo de uma Scooter BMW C650GT. As motocicletas foram alugadas em Milão, na HP Motorrad.

Os lagos são uma atração à parte nos Alpes, e nossa viagem começou com alguns dos mais bonitos, como o Lago de Iseo, Lago di Garda e o Lago de Misurina, já nas Dolomitas. Mudamos o roteiro devido a dois dias de muita chuva e permanecemos em Misurina, ao invés de seguirmos logo para a Áustria. Assim, pudemos conhecer mais três lagos que ficam muito próximos: o Lago di Landro, o Lago di Dobbiaco e o Lago di Braies. Uma vez que nos hospedamos em Misurina, foi fácil passar por essas maravilhas naturais em um bate-volta no mesmo dia.

Mais tarde, já na Áustria, além dos imperdíveis passos Grossglockner e Nockalm, passamos por pequenas cidades e estradas quase desconhecidas. Em uma delas, esqueci meus óculos de leitura no banco de uma praça. Só me dei conta disso após 20 km. Teria que rodar 40 km (entre a ida e a volta) sem saber se acharia os óculos, mas a estrada é tão bonita que não foi nenhum sacrifício. E os óculos estavam no mesmo banco em que os deixei!

O destino seguinte foi a Eslovênia, um país lindo e com pessoas amáveis. Basicamente, conhecemos os pontos turísticos principais de Bled (o lago e o castelo), o desfiladeiro de Vintgar, com passarelas que acompanham o curso do rio e formam lindas paisagens, e o passo Mangart, que fica a 2.679 metros de altitude (a estrada chega a pouco mais de 2.000 metros). É apenas uma estrada até o topo, não levando a lugar algum. Mesmo assim, é um ponto imperdível em um roteiro na Eslovênia.

Voltando à Itália, passamos pelo Lago di Sauris e seus túneis rústicos e pelos passos Jaufen e Timmelsjoch, após os quais novamente encontramos o Stelvio. Assim como na primeira viagem, foi um dia de muito sol, mas apenas duas semanas antes o Stélvio ainda estava fechado e coberto por neve. Neste ano, alguns passos demoraram mais para abrir devido à neve que cai entre o final da primavera e início do verão. Se possível, ao visitar o Stelvio, evite os fins de semana. Pode até ser bonito ver tantas motos por lá, mas a estrada fica menos interessante quando está lotada de turistas.  

O fim da viagem incluiu a cidade de Livigno e o Lago de Como, antes de devolvermos as motocicletas em Milão. Para fechar o ciclo dos Alpes, já pensamos em um terceiro roteiro: os Alpes Franceses. Até lá!

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