Um grupo de viajantes decidiu se aventurar pelos caminhos dos EUA a bordo de motos BMW e Honda. A turma rodou cerca de 4.900 km durante 12 dias e voltou ao Brasil com muitas histórias para contar!

TEXTO E FOTOS: CLÁUDIO SPALTER

Nossa turma é formada por seis amigos que adoram andar de moto. Eu, Claudio Spalter (51), Alexandre Moreschi (52), Artur Cavalcanti (56), José Ricardo Guimarães (63), José Roque Guimarães (66) e Mauro Nectoux (59). Curtimos tanto os passeios que fizemos juntos que decidimos criar um grupo, que batizamos de “Guaipecas Bikers”. Mas vamos falar do roteiro em questão! Nosso ponto de encontro foi o Aeroporto de Porto Alegre, de onde pegamos um voo para os EUA. Seis meses antes, pela internet, alugamos seis motos na Motoquest de Long Beach. Utilizamos uma BMW RT 1200, duas BMW GS 1200, duas BMW GS 800 e uma Honda Africa Twin 1000.

Uma vez na terra do “Tio Sam”, saímos de Long Beach e rodamos 4.900 km, passando por cinco estados: Califórnia, Nevada, Utah, Colorado e Arizona (com direito a Yosemite Park, Death Valley, Grand Canyon, Route 66, Monument Valley, Moab, Mojave Desert, Las Vegas e muito mais). As motocicletas eram excelentes e ajudaram a transformar o passeio em uma jornada memorável.

TRAÇADO

Dia 1: Long Beach – Oakhurst. Finalmente, pegamos as motos! Dia de tráfego intenso na saída de Los Angeles. Estradas de seis a oito pistas lotadas. Paisagem de plantações até o horizonte montanhoso. Fugimos da highway, subimos as montanhas em direção ao Yosemite Park e nossos pensamentos se esvaneciam nas curvas das estradas.

Dia 2: Oakhurst – Jamestown. Conhecemos o Yosemite Park. Vários escritores tentaram descrever este lugar, mas as palavras não foram suficientes. Já no século passado, muitos se arriscavam por suas trilhas, ansiosos por admirar suas paisagens. Mais recentemente, o local também inspirou toda uma geração de novos esportes radicais. Como descrever em palavras o que ninguém conseguiu? Durante a tarde, escolhemos caminhos alternativos, nos quais pudemos apreciar curvas e horizontes por entre montanhas desérticas e altiplanos verdejantes. Fomos descobrindo que nossas rotas para norte e leste encontravam-se bloqueadas pelas nevascas dos últimos dias. Sem problemas: buscando novos caminhos, acabamos indo parar em Jamestown (cidade que foi o cenário de muitos filmes de Western), onde passamos a noite. Apreciamos muito o lugar, assim como sua gastronomia espetacular.

Dia 3: Jamestown – Mammoth Lakes. Acordamos cedo e ganhamos de presente o dia perfeito para andar de moto – muitas milhas por diferentes paisagens e climas! Passamos por sítios e por pequenas fazendas californianas, percorremos montanhas em meio a florestas de coníferas e nos aventuramos por altiplanos desérticos. Também passamos ao largo de uma tempestade de neve que nos espreitava à distância. Chegamos a Mammoth sob neve, o que sinalizava o fim de outro dia de aventuras.

Dia 4: Mammoth – Shoshone. Chovia quando acordamos em Mammoth Lakes. Às 8h, o sol se mostrou e abriu um caminho para descermos a montanha. Saímos entrouxados sob um frio de 3 graus e, em uma hora, já estávamos no altiplano desértico, sob um calor de 30 graus. Seguimos em direção ao nosso próximo objetivo, sob a guarda de imponentes “gigantes” de pedra: Death Valley – um dos lugares mais quentes e isolados da Terra, famoso por seus fortes ventos e pelas dramáticas oscilações em sua topografia.

Dia 5: Shoshone – Grand Canyon Caverns. Pelo Deserto de Mojave, começamos o dia seguindo em direção à “Cidade do Pecado”, Las Vegas. Pagamos os nossos pecados esperando um dos pneus da moto de Mauro ser reparado! Passamos ao longe da jogatina e fomos em direção à Represa de Hoover, uma demonstração da capacidade de superação do Homem. Após muitas milhas no meio do deserto, optamos por um desvio pela Rota 66. Passamos por lugares perdidos no tempo, ao ar-livre. Carros e mobília apodreciam na secura do deserto. Lugares com mudanças de paisagem a cada milha – sim, o deserto é muito mais do que as dunas “sahaarianas” que nos vêm à mente! É um complexo de paisagens indescritíveis.

Dia 6: Grand Canyon Caverns – Sedona. Seguimos pela 66 até o Grand Canyon. Passamos horas caminhando pelas bordas e mirantes daquele local maravilhoso. Que imagens estonteantes! O lugar conta com infraestrutura para receber milhares de turistas – um sistema de acessibilidade a tudo e a todos. Cansados, nos dirigimos para Sedona e descemos do altiplano por uma das mais belas rotas já vistas. Sedona é uma pequena cidade turística de cair o queixo!

Dia 7: Sedona – Monument Valley. Fomos para os desertos do nordeste do Arizona. Durante boa parte do dia, rodamos pelo território dos índios Navajos – terra vermelha e árida! A chegada a Monument Valley foi surpreendente. São impressionantes a beleza e a imponência de suas esculturas naturais. Este local foi o cenário da maioria dos westerns de John Ford e, também, de muitos outros filmes modernos.

Dia 8: Monument Valley – Cortez. O sol nasceu no horizonte emoldurado pelas janelas dos nossos quartos e pelas formações rochosas do Monument Valley, interpondo-se em um jogo de luz e sombra. Logo na saída, pegamos a estrada que ficou famosa no filme “Forrest Gump” (é o local em que o personagem finalmente para de correr). Em seguida, veio o Valley of Gods. Inacreditável! Talvez menos imponente, mas mais bonito e, principalmente, isolado. Além de nos oferecer a oportunidade de andar no meio das formações rochosas, nos brindou com vários quilômetros de off road, para divertimento de uns e desespero de outros. Um pneu furou, mas, com uma traquitana, resolvemos o problema em minutos. Mais Utah e mais Colorado – sempre com muitas risadas e diversão!

Dia 9: Cortez – Moab. A temperatura estava baixa. Mesmo assim, saímos em direção ao vale do Rio Dolores, entre montanhas e subindo contra o fluxo do rio. Paisagens deslumbrantes e um frio crescente se sucederam até a cidade de Dolores. Seguimos pela San Juan Skyway para Rico, onde paramos para nos sentar um pouco ao sol. A próxima parada foi em Telluride, estação de esqui que, fora da temporada de neve, é uma cidade de esportistas de aventura. Almoçamos em Norwood e seguimos em direção à Moab.

Dia 10: Moab – Bryce Canyons. O deserto do Moab é demais! É a adrenalina dos jovens e a endorfina dos maduros! Na saída da cidade de Moab, já visualizamos o Parque Nacional dos Arcos. Milhares de pessoas de todas as idades arrastavam os brinquedos que usariam no deserto: bicicletas, gaiolas motorizadas, motos, quadriciclos, diferentes tipos de 4×4 e jipes, além de uma parafernália de material de montanhismo, canoismo, jogging etc. É preciso uma semana para conhecê-lo. Seguimos caminho e paramos em Richfield para abastecer. Ali, conhecermos Dave, dono de seis motos. Ele nos indicou um trajeto pela Rota 12, pelo qual seremos eternamente gratos. Almoçamos em um restaurante em Loa, antes de irmos para a 12. Subindo quase 3 mil metros, a estrada passa pela crista de uma cordilheira. Não foi o maior ou o melhor dia de viagem, mas foi um grande dia!

Dia 11: Bryce Canyons – Las Vegas. Passamos pelo Bryce Canyon e, mais à frente, visitamos o Zion Park. Ficamos estupefatos com o local. Depois, curtimos muitas milhas de highways com vento de “dobrar as motos” e endurecer os tendões, motivo pelo qual fizemos várias paradas para esticar as pernas e bater papo. Acabamos o dia em Las Vegas, muito cansados!

Dia 12: Las Vegas – Long Beach. Dia de voltar para casa, de abraçar os amigos e comemorar a conclusão da jornada. Deixamos, aqui, nosso abraço a todos os motociclistas do Brasil e do mundo!

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