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Rosie Gabrielle viajou sozinha por diversos países e viu de perto que o imagem que a mídia traz a respeito deles nada tem a ver com a sua realidade.

Em nossa edição passada, você ficou conhecendo um pouco sobre a história desta destemida motociclista que viaja sozinha e documenta suas aventuras através de vídeos que fazem um grande sucesso na internet.

Agora, você acompanha a última parte desta entrevista e descobre um pouco mais sobre esta motociclista que transpira coragem e sensibilidade ao mesmo tempo.

Moto Adventure – Qual foi o momento mais aterrorizante que você viveu ao longo de suas viagens solitárias?

Rosie Gabrielle – Eu não tive um, mas alguns, todos no Paquistão. O primeiro foi quando uma lata de gás propano explodiu em meu rosto por acidente e começou a pegar fogo na casa onde eu estava. Por sorte, sofri apenas queimaduras leves e ninguém se feriu. O segundo foi quando estava sobre um cavalo de polo e ele saiu em disparada (e eu não sei cavalgar) e por sorte apareceu alguém e me salvou. O terceiro foi quando estava acampando no meio das montanhas e percebi que havia dois homens do lado de fora da minha tenda, vestidos de preto e portando armas. Pensei que eu seria a próxima manchete. Eles ficaram ali por horas. Finalmente, tomei coragem, saí da minha barraca, fui até minha moto, liguei a chave, apontei o farol na direção deles e pedi que me dissessem quem eram. “Não nos machuque! Somos da polícia”. Eles não estava acostumados a ver estrangeiros naquela área e por isso, estavam ali para me proteger (risos). O quarto foi quando entrei em um túnel a 120 km/h e meu farol não acendeu. Imediatamente fiquei desorientada e tonta e na tentativa de parar a moto, acabei caindo e a moto ficou sobre mim. Naquela escuridão total, estava aterrorizada pelo medo de ser atingida por um carro dentro daquele túnel de 8 km, mas felizmente consegui sair debaixo dela, ligá-la e sair dali, mas fiquei tremendo por um bom tempo.

Moto Adventure – E qual foi o mais sensível e emocionante de todos?

Rosie Gabrielle – Durante muitos momentos de minhas viagens eu me encontro com a Divina beleza do nosso mundo, seja na imensidão de uma paisagem, seja no encontro com as pessoas. Normalmente eu me pego chorando pelo menos uma vez por dia. Toda minha viagem pelo Paquistão foi muito profunda e emotiva por muitas razões. Era uma viagem desafiadora tanto externa como internamente. Mas em Omã eu vivi um momento revolucionário, quando dois homens vieram me ajudar e pude testemunhar a gentileza deles. Ali eu caí em lágrimas! Esses momentos e encontros foram tão preciosos e eu estava em uma posição maravilhosa para partilhar este amor com o mundo. Eu estava sobrecarregada de alegria.

Moto Adventure – Quando você deixou a Colúmbia Britânica (Canadá), você já planejava ter um canal no You Tube para deixar registradas as viagens?

Rosie Gabrielle – Minha primeira viagem de moto aconteceu 16 anos atrás e não havia You Tube na época. Não houve qualquer vídeo daquela viagem e quase nenhuma foto! Eu viajei 12 mil km através da Tailândia, Laos e Camboja por 6 meses. Se você está se referindo a viagens mais recentes, sim, eu planejei filmá-las para o You Tube, entretanto, isso demorou quase dois anos para que começasse a editar e postar, porque eu estava intimidada com isso.

Moto Adventure – Ao final de suas viagens, como você avalia a realidade que você viveu naqueles países, em comparação com a que é disseminada pela mídia?

Rosie Gabrielle – Os lugares nunca são de fato, como são expostos pela mídia. Quando você vê a vida em primeira pessoa como eu fiz, quando você encontra pessoas e vê sua genuína gentileza, é triste saber como o mundo trata seu país e seu povo. Nem mesmo em meu próprio país fui tão bem tratada ou me senti tão segura como quando estava no Paquistão. Os países que visitei são muito receptivos; recebem muito bem os visitantes e as pessoas querem muito te ajudar, não importando o quê. Não importa se você é estrangeiro, na cultura deles, se você precisa, especialmente sendo um convidado, você sempre será bem-vindo. Encontrei pessoas em lágrimas dizendo “não somos terroristas, somos seres humanos”. Por que o mundo não vê isso? Sendo uma viajante solitária, eu vi e vivenciei a pura conexão e gentileza humanas daqueles com quem me encontrei e honestamente, não há nada, nem de perto, do que a mídia fala a respeito deles. E é isso que me faz ser tão apaixonada em compartilhar as minhas viagens. Trazer a humanidade de volta ao nosso mundo e compartilhar e realidade que há lá fora, não aquilo que você vê no noticiário. Para ganhar uma nova perspectiva e luz e, quem sabe, inspirar algumas pessoas a irem lá e encontrarem a verdade por elas mesmas.