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Criação de rota turística não somente homenageia um dos maiores incentivadores do mototurismo do país, como também, passa a contribuir com o turismo de uma região afetada por uma tragédia.

Texto: André Ramos

Fotos: Divulgação

Quem curte mototurismo, principalmente os amantes da Harley-Davidson, certamente conhece a lendária figura do Capitão Senra. O apelido veio pelo fato deste mineiro ter sido capitão da Polícia do Exército, onde participou, inclusive, de escoltas a figuras eminentes da história, como o presidente Juscelino Kubistchek e a Rainha Elizabeth II.

Senra gostava tanto de viajar com suas motos e fez tantos amigos que em 1980 fundou o moto clube Águias de Aço, tendo sido seu presidente até quando de sua morte, em 2016. Ele também era um colecionador das motocicletas da marca de Milwaukee, fato que o fez tornar-se o cliente-símbolo da Harley em 2013, ano em que ele recebeu uma homenagem especial de Bill Davidson,  filho de Willie G. e bisneto de Willian A. Davidson, um dos fundadores da H-D.

“O capitão amava viajar e depois que ele reformou-se (do Exército), a estrada passou a ser a casa dele”, recorda-se Jackie Senra, sua filha. E foi esta paixão indescritível que fez com que a partir de sua morte, seus amigos passassem a buscar homenageá-lo dando o nome dele a alguma rodovia.

Mas qual seria esta? Haveria alguma rodovia em Minas Gerais que não tivesse, ainda um nome?

Foi então que Anderson Rocha (ex-presidente do Belo Horizonte Convention e Visitors Bureau entre 2015 e 2017) resolveu levar o assunto adiante e procurou o deputado Agostinho Patrus, que conseguiu localizar uma estrada pequena, mas muito bonita, a AMG-160, que liga a BR-040 a São Sebastião de Águas Claras (Macacos). A partir de então, foram quase dois anos de andamento do processo de nomeação da estrada na Assembleia Legislativa, tendo sido aprovado em 28/12/2018.

Desdobramento

A partir da nomeação da rodovia, uma nova ideia surgiu: a criação da “Rota Capitão Senra”, algo que acabou não apenas sendo mais uma homenagem ao ilustre motociclista, mas também, uma forma de ajudar quem estava precisando.

“O acidente com a barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019, afetou muito a vida de todos na região e o turismo local foi muito penalizado. Em março tocaram as sirenes das barragens de Macacos, que gerou evacuação da população e medo nos turistas e isso prejudicou também os moradores daquela região. Foi então que pensamos na criação da rota como uma maneira de reativar o turismo lá e incentivar o motociclista a percorrer a estrada e aproveitar a região”, explica Jaque Moscatelli, amiga do Capitão.

Ao todo, a Rota Capitão Senra tem cerca de 157 km de muitas belezas que se descortinam após cada curva. Partindo de Macacos, segue até Brumadinho, com duas derivações: até Piedade de Paraopeba, na Serra da Moeda, e uma outra que vai para Inhotim. Mas além da Rodovia Capitão Senra, a rota também contempla diversas estradas vicinais que dão acesso a pontos turísticos e gastronômicos.

“É possível tomar café da manhã na Cafeteria da Clayde, subir no Morro dos Veados, de onde a vista é incrível; em Piedade do Paraopeba, tomar um picolé feito artesanalmente por uma moradora local, sem falar que no Topo do Mundo, situado no município de Moeda, há um restaurante que oferece uma vista única de Brumadinho, além, do Santuário de Inhotim, com fauna espetacular e as diversas curvas que a estrada oferece”, pontua Jaque.

“O Capitão Senra sempre difundiu espontaneamente o mototurismo. Ele começou a incentivar vários encontros, inclusive, o de Tiradentes, que hoje é uma referência nacional, começou com ele e mais alguns amigos, e a nossa casa de Três Corações vivia cheia de motociclistas que acampavam em nosso quintal, então, nada poderia homenagear mais meu pai que dar o nome dele à esta estrada”, reconhece Jackie Lipovetsky Senra, filha do motociclista, que afirma que a estrada era frequentemente percorrida pelo pai. “Quando ele não tinha nada para fazer, colocava minha mãe na garupa da moto e iam para Macacos”, recorda-se.

“Foi uma coincidência incrível a rodovia não ter sido batizada e a homenagem deixa-nos muito emocionados, já que o que ele mais fazia era viajar, então, foi uma coisa fantástica”, finaliza Jackie.

E aí, bora conhecer a Rota?