Moto Adventure testou a SWM Super Dual T, modelo que ainda não é muito conhecido do grande público, mas que já é familiar para os motociclistas experientes e curiosos

TEXTO: TRINITY RONZELLA

FOTOS: TRINITY RONZELLA / ALBERTO CAPEL

A SWM, marca italiana da cidade de Biandronno (uma região belíssima a noroeste de Milão), surgiu nos anos 1970, em razão dos incríveis motores 4 tempos italianos começarem a perder espaço para os dois tempos estrangeiros. Dois amigos apaixonados por off road decidiram construir uma motocicleta por conta própria e o resultado foi a SWM – Sironi  Vergani Vimercate Milano (SVVM) –, que, depois, se transformou na Speedy Working Motors (SWM). Em 1971, na estreia em competições internacionais, foram obtidos os primeiros resultados: um primeiro lugar na categoria 125cc e um terceiro na 100cc.

Era o início de uma rica coleção de prêmios em várias categorias. Em meados da década de 1980, as atividades foram encerradas, para, em 2014, com respaldo do grupo chinês Shineray (e nas mãos do reconhecido engenheiro italiano Ampélio Macchi) a marca iniciar um novo momento em sua trajetória. Tendo sido gestor técnico de marcas como Cagiva, Husqvarna e Aprilia, Ampélio traz na bagagem nada menos que 51 títulos mundiais com Husqvarna e Aprilia, um know-how de respeito. O objetivo da marca é produzir, além de motos, satisfação e paixão em seus clientes, com um controle de qualidade rigoroso e eficaz. A responsabilidade de projetos e construções é exclusivamente “made in Italy”.

SERVIÇO COMPLETO!

Hoje, há um espaço vago no mercado brasileiro para a categoria de 600 a 800 cilindradas que tenha vocação mais aventureira. Antes, o nicho era ocupado pelas 700 Transalp, Ténéré 660, GS 650 e DR 650. Essas motos, com público cativo e fiel às suas qualidades e à sua fama de “inquebráveis”, acabaram deixando órfãos os aficionados por motores monocilíndricos e simplicidade.

Recém-chegada ao Brasil, por meio da Muteki Imports (reconhecida pelos produtos que importa desde 2010), a SWM Super Dual T vem atender a uma faixa de consumidores que procura, além da confiabilidade de um motor monocilindrico, uma moto versátil para encarar viagens curtas, longas, asfalto, terra e uso urbano – ou seja, completa! Tudo isso, sem ter que ficar pensando: a que horas posso sair? Qual caminho devo fazer? Que estrada devo pegar, e em que horário? Preciso ir em grupo ou dá para ir sozinho?

De médio porte, o modelo permite andar em velocidade confortável e segura nas rodovias. É fácil de pilotar, possui comandos simples e eficientes, encara estradas de terra e trilhas com mais “leveza” e possui boa autonomia para cruzar grandes distâncias sem infraestrutura. O visual agrada – a moto tem “cara” de aventureira e parruda! As duas saídas de escapes, bem altas, dão um toque de esportividade ao conjunto. Além disso, ela já vem “pronta”. Com maleiros de ótima qualidade, protetores de motor e tanque, protetor de mãos, carenagem e faróis auxiliares, não exige mais investimentos. É comprar, carregar e viajar! Tudo isso, sobre uma estrutura Monotrave, com tubos de aço de alta resistência.

TESTE ON ROAD

Rodamos com a Super Dual por 3500 km, sendo 650 km por estradas de terra. Deu para ter uma boa ideia geral da moto. Iniciamos com 1.100 km de asfalto, feitos em um dia, para ver como chegaríamos ao final dele. Saímos de São Paulo e fomos a Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. No trânsito de São Paulo, senti que a moto, devido à sua característica mais off road, esterça pouco, exigindo mais atenção em espaços mais travados. Em pistas duplas e simples, acompanhado por mais três Big Trails de 1200cc, ela se saiu muito bem, não retardando a viagem das “monstras” e com autonomia semelhante.

O motor monocilindrico com injeção eletrônica permitiu uma viagem confortável nos 120 km/h de pistas duplas e, também, tinha força suficiente para ultrapassagens a partir dos 80 km/h em pistas simples. Muitos caminhões exigiram, em diversas vezes, jogar uma marcha para baixo e acelerar para fazer uma ultrapassagem segura e voltar à sexta marcha para seguir tranquilo. O para-brisa faz uma enorme diferença na estrada. Original da moto, foi importante para evitar a pressão frontal do vento e, com isso, retardou o cansaço e o desgaste do piloto. A posição de pilotagem é bem confortável, também: as pernas se encaixam no tanque e os braços ficam relaxados e flexionados. O banco, para quem está habituado a muito conforto, pode cansar um pouco. É uma questão de costume.

Foi fácil acomodar a bagagem para uma semana nas duas malas laterais originais SWM. A vedação perfeita impediu a entrada de poeira quando estávamos em estradas de terra. Foram 14 horas de percurso e, junto com as Big Trails famosas, mostrou que é possível viajar com motos duas vezes mais potentes de forma tranquila e dentro da lei. A suspensão é bem eficaz, não permitindo incômodo em alguns buracos, lombadas e irregularidade na pista. Se precisar sair para o acostamento em uma situação de emergência, a suspensão facilita bastante. Não tão macia, busca mais a eficiência do que o conforto. E, na terra, faz a diferença (a proposta da moto é esta). O consumo foi bem satisfatório, ficando entre 20 e 22 km/l de gasolina, o que dá aproximadamente 350 km de autonomia. Chegamos a Campo Grande junto com a noite, o que nos permitiu experimentar a iluminação da moto. Dois faróis auxiliares ampliam o campo visual e os faróis baixo e alto são eficientes. O painel digital mostra as informações prioritárias claramente, sem segredos. Um detalhe a respeito de pilotar à noite: o para-brisa reflete um pouco a luz do farol, deixando mais clara a região do guidão. Isto não chega a ser ruim, mas, a princípio, causa um certo incômodo.

NA TERRA

No segundo dia, tivemos um trecho de 180 km de estradas de terra com subidas, descidas, pontes de madeira, cascalho e travessia de água. Foi onde percebemos que as malas estavam firmes e bem lacradas, preservando o seu conteúdo. As malas não incomodam em nada nas estradas de terra, desde que seus objetos estejam bem fixados dentro delas, a ponto de não fazerem barulho. Na terra, busquei propositalmente os cantos das estradas, onde acumulam-se pedras e areia e há mais inclinação, para sentir o comportamento da moto em uma situação menos estável. Foi “de boa”: a máquina é firme! O conjunto de suspensões dianteira Fast Ace invertida e ajustável, de 45 mm com 210 mm de curso, e a traseira, uma Sachs progressiva com sistema Soft Damp, monoamortecida, de 270 mm de curso, com ajuste na pré-carga. Elas ajudam a encarar as adversidades e mantém a moto “no trilho certo”.

Para mim, que tenho 1,80m de altura, a posição “em pé” precisaria de um ajuste. Um raiser facilitaria um pouco minha vida e deixaria a pilotagem mais confortável. Uma sacada legal da SWM é a chave de desligar o ABS. Um botão no punho esquerdo permite que, parado, você desligue facilmente o ABS apenas da roda traseira. A segurança do freio Brembo ABS está presente na dianteira e traseira (300mm na dianteira, que não desliga; e, na roda traseira, com um disco de 220mm, que pode ser desligado em situações específicas). Perfeito! Já que a moto vem com o “kit proteção” completo, a lateral fica protegida contra quedas, o peito de aço defende a parte baixa de pancadas e pedras e os protetores de mão, robustos e firmes, passam segurança ao piloto, defendendo-o de galhos em trechos mais estreitos. O aro 19 na dianteira favorece mais o uso on Road – mas, como eram apenas estradas de terra e algumas escapadas para um lugar mais estreito e exigente, não atrapalhou em nada. Por outro lado, no asfalto, este artifício deixou a moto mais estável. É uma característica específica desta moto, já que existe um modelo com aro 21 na frente.

Os pneus Metzeler Tourance 110/80/19 (na frente) e 140/80/17 (atrás), com a calibragem do asfalto, cumpriram seu papel tranquilamente no off road, sem qualquer risco. O motor monocilindrico DOHC de 4 vávulas com 54,3 cv é suficiente para permitir uma aventura confortável e, se quiser, mais esportiva na terra. É possível andar a 140km/h cruzeiro com essa moto, mas ela não foi projetada para ser confortável a essa velocidade. Se estiver sem bagagens, será melhor que os modelos disponíveis em nosso mercado anteriormente, devido à roda 19 e o para-brisas. Mas, com bagagens e a essa velocidade, a frente ficará mais leve e menos confortável. É uma motocicleta para curtir a viagem com tranquilidade. Responsável por aliviar o aquecimento da moto, o arrefecimento líquido com dois radiadores deu conta do recado. Já o piloto sofreu muito sob os quase 40 graus que faziam na região!

DADOS INTERESSANTES

Entre eixos de 1.510mm e 2.240mm de comprimento total;

Altura do solo de 180mm e 890mm do assento;

Peso em ordem de marcha sem combustível de 169kg;

Tanque de 18 litros e 1,8 litros de óleo de motor;

Homologação EURO 4.

O QUE PODE MELHORAR

Alguns detalhes, em minha opinião, poderiam ser aprimorados. O espaço para acessar o cavalete central com as malas instaladas é apertado e exige certa flexibilidade. O farol auxiliar é posicionado de forma muito exposta (poderia estar na proteção acima, mais perto do tanque e mais protegido). E o reflexo no para-brisa do farol, à noite, pode ser um pouco incômodo. Nada complicado de resolver!

O LADO BOM

O ABS só desliga na roda traseira e é de fácil manuseio. A moto vem completa e pronta para viajar. Os protetores “blindam” o veículo, o que passa mais tranquilidade. A autonomiaé boa, assim como a suspensão e a posição de pilotagem. E ela já vem com cavalete central.

QUEM TESTOU, E O QUE ACHOU…

André Iervolino, que tem duas motos (uma Tornado e uma Hornet), disse o seguinte: “Eu não conhecia a SWM, até então. De cara, seu visual me agradou bastante. Rodei 1.100 km de asfalto, onde ela se comportou muito bem. A bolha fez toda a diferença para uma pilotagem confortável e o motor de 600cc me deu confiança e tranquilidade em todas as ultrapassagens. Achei que, a 110 km/h, eu estava muito confortável, e a moto é bem econômica e segura. Achei o banco um pouco estreito e rígido para trechos muito longos. Por outro lado, as malas são ótimas e muito espaçosas, de fácil remoção/fixação, e provaram ser bem seladas. Nos trechos off road, deu para sentir que a Super Dual é ágil. O modelo me proporcionou muita diversão em terrenos mais irregulares, travessias de riachos e todos os outros obstáculos que enfrentamos durante a viagem. É uma máquina completa e tentadora”.

“RESUMÃO”

Quer uma moto para viajar sem apostar corrida contra o relógio, que não te limite a este ou àquele caminho, que ofereça boa autonomia, que saia da loja sem requerer a compra de acessórios de qualidade, que atenda às suas necessidades urbanas e que te deixe fora do “radar” dos ladrões? Então, a SWM Super Dual T é uma ótima opção!

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