Depois de construir uma carreira meteórica no automobilismo, Tarso Marques conseguiu unir a criatividade inata àquilo que aprendeu junto aos melhores engenheiros do mundo e dessa mistura nasceu a TMC – Tarso Marques Concept.

Depois de construir uma carreira meteórica no automobilismo, Tarso Marques conseguiu unir a criatividade inata àquilo que aprendeu junto aos melhores engenheiros do mundo e dessa mistura nasceu a TMC – Tarso Marques Concept.

Pode ser que você nunca tenha assistido a um episódio do programa Caldeirão do Huck mas certamente você, que gosta de carro e de moto, já ouviu falar no quadro Lata Velha, onde geralmente um carro todo destruído passa por uma reforma que o traz de volta à vida.

Durante 5 anos, quem capitaneou este processo de ressuscitação veicular foi o curitibano Tarso Marques, um ex-piloto de Fórmula Um e de Fórmula Indy que hoje comanda a maior empresa do gênero no país, a TMC – Tarso Marques Concept.

Tarso nasceu em um ambiente de corrida. Ele conta que quando bebê, seus pais o levavam para as corridas, onde, enquanto o pai competia com o carro de rua da mãe, ele ficava no box, dentro de uma caixinha.

A herança racing o levou às pistas e o talento inato fez com que sua ascenção fosse meteórica no automobilismo: ele começou a correr aos 16 anos e aos 18, estava fazendo seu primeiro teste em um Fórmula Um, tornando-se o mais jovem piloto da história a conduzir um bólido da mais importante categoria do mundo.

Ponte Aérea

Apaixonado por Harley-Davidson, Tarso resolveu à sua maneira a falta de acesso a esta marca no Brasil, no início dos Anos 90. “Eu morava na Europa e abordei um cara na rua andando com uma Shovel Head. Comprei a moto dele, ali, na hora – ele foi de táxi para a casa dele”, diverte-se com a recordação, acrescentando que desmontou a moto na garagem do hotel e passou a trazê-la aos poucos para o Brasil, dentro da mala!

Nesta mesma época, comprou um Chevrolet Bel-Air 1959 “por causa da traseira” e levou ambos para uma oficina para serem customizados. Isso era por volta de 1993, 1994 mas os veículos nunca ficaram prontos.

“Três meses depois, voltei para o Brasil achando que ia andar na minha moto e no meu carro, mas para minha decepção, os caras não tinham feito quase nada e haviam gasto todo meu dinheiro. Aí, tira os veículos da oficina, leva para outra, mais três meses e a repetição da novela. Passei quatro anos enfrentando essa situação, até que desisti e resolvi eu mesmo contratar quatro caras (funileiro, pintor, mecânico e eletricista) e os coloquei no meu escritório em Curitiba (PR). Em seis meses tinham acabado o serviço”, recorda-se.

Para não despedir os caras, colocou para dentro o carro de um amigo e a partir de então, os projetos não pararam mais de acontecer. Quando encerrou sua carreira no automobilismo, em 2006, foi então que a TMC decolou.

O mais incrível é que Tarso admite que não sabe desenhar. “O que me dá todo know how para desenvolver meus projetos foi a minha vivência na melhor faculdade que poderia haver para o meu negócio, que foi a convivência com os melhores engenheiros do mundo ao longo de quase uma década”, revela.

Esta inabilidade fez com que ele desenvolvesse uma outra habilidade: a manual. No passado, quando não conseguia fazer-se entender pelos seus desenhistas, montava um “quadro” de moto de arame, obedecendo todas as medidas, todos os ângulos que a moto deveria apresentar no final e quando todos os funcionários iam embora, varava a madrugada modelando a “moto” com argila ou clay. “Hoje, mesmo com toda a tecnologia, scanner 3D e tudo o mais, vira e mexe passo uma madrugada modelando algo”.

Hoje a TMC é muito mais que uma oficina de customização: é um estúdio de design, que já venceu seis vezes o Bike Week Headquarters, realizado em Daytona (EUA). Com 140 colaboradores prestando serviços, a empresa desenvolve entre 40 e 50 projetos simultâneos por mês, que vão de carros e motos a barcos, aeronaves, casas, apartamentos, móveis e eletrodomésticos, e sua marca é licenciada para diversos itens, de cadernos escolares a mochilas.

“No começo, todo mundo foi contra; quando cortei o primeiro carro, a primeira moto, todo mundo me chamou de louco, mas hoje, todo mundo quer algo customizado. Eu amo o que faço e por isso, não vejo como trabalho, e não há nada de diferente que eu goste de fazer”, encerra.