Movimento que surgiu em 2015 nos Estados Unidos com o objetivo de unir e incentivar mulheres motociclistas, chegou ao Brasil em 2016 e hoje já tem representações em 10 estados e 32 cidades.
Mesmo com todas as conquistas experimentadas pelas mulheres ao longo dos últimos 100 anos, ainda hoje ver uma mulher comandando uma motocicleta é uma exceção – ao menos nos grandes centros – entretanto, ver uma mulher ao comando de uma moto está se tornando cada vez mais frequente, graças entre outros fatores, a iniciativas que têm colaborado para congregar a mulherada adepta das duas rodas.
Uma destas é o coletivo The Litas, que surgiu em 2015 no estado norte-americano de Utah e vem se espalhando rapidamente mundo afora. Longe de ser um moto clube, o The Litas surgiu quando sua criadora, Jessica Hagget, lançou um convite em suas redes sociais para que outras mulheres que curtissem motos se juntassem a ela para dividirem não apenas a paixão pelas duas rodas, mas também, incentivar e empoderar outras mulheres a adotarem este estilo de vida.
The Litas não é um moto clube: não tem regras, estatutos, regimentos, tampouco hierarquias ou exigências e para fazer parte, basta ter uma moto – independentemente de modelo ou cilindrada – e querer conhecer gente legal.
No Brasil
De acordo com o site do movimento, atualmente The Litas conta com branchs (sedes) em 35 países, reunindo mais de 13.000 mulheres de 300 diferentes cidades, sendo que alguns destes estão em países reconhecidos por sua política de restrição aos direitos femininos, como Arábia Saudita (que só recentemente concedeu às mulheres o direito de dirigir), Kwait e Emirados Árabes Unidos.
Aqui no Brasil o movimento começou a florescer no início de 2016, quando o primeiro branch foi fundado em Curitiba (PR). Hoje já somam 32, espalhados por dez estados (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina).
A londrinense Vanessa Faria conheceu o movimento como muitas das que hoje fazem parte dele: pelas redes sociais. “Vi que eram mulheres motociclistas mas com um apelo diferenciado que me atraiu muito. Eu já admirava (o movimento), e quando vi que já éramos em várias mulheres motociclistas aqui, decidi abrir o branch na minha cidade, isso há pouco mais de um ano”, revela Vanessa, que há três anos passou a pilotar, incentivada pelo marido e pela tia.
A pluralidade democrática do grupo, que aceita mulheres proprietárias de qualquer tipo de motocicleta, associada à sua ausência de burocracia e à premissa de empoderar e incentivar outras mulheres a pilotar, têm sido a tônica de sua rápida expansão.
Diva Cataneo Fuganti foi outra que conheceu The Litas através da internet e explica o que a fez aderir ao movimento. “O Litas não tem obrigação nenhuma, como participar de reuniões, rodar sempre juntas, nada disso: o Litas é livre; somos apenas um grupo de amigas que se identificam e suporta umas às outras e que também estimula outras mulheres a andar de moto”, sintetiza.
E este suporte também pode se dar na forma de apoio em viagens, uma vez que entre elas, há casos de garotas que encontraram onde dormir durante viagens, pernoitando em casas de outras Litas.
“Isso para mim vai muito além do motociclismo; é uma parte da conquista de anos de luta na história por direitos e liberdade da mulher. Além dessas conquistas, vem uma explosão de motivação e bons sentimentos; eu vivi isso na pele porque também fui garupa e é inexplicável a sensação de saber que podemos fazer tudo o que sonhamos, pois muitas de nós já ouvimos ‘você não vai conseguir’. É a prova real de que podemos e conseguimos e com isso vem respeito, amor próprio e sonhos realizados!”, analisa, Vanessa Faria, acrescentando que isso também tem feito aumentar o respeito demonstrado pelos homens. “Hoje, muitos já nos tratam de igual para igual; há muito a ser conquistado ainda, mas vamos conseguir”, acrescenta.