Triumph Bobber
Triumph Bobber

Testamos a nova Triumph Bobber e as primeiras impressões foram as melhores possíveis: motocicleta forte, de visual único, confortável e segura

Texto: Pablo Berardi
Fotos: Johanes Duarte

Triumph Bobber

No passado, Bobber era sinônimo de “depenar” a moto para que ela pudesse ter um desempenho melhor. No mundo de hoje, a proposta é priorizar o estilo ao máximo, pois o desempenho não é mais o foco dessas estilosas motos. E foi com esse pensamento que a Triumph acaba de trazer ao Brasil a novíssima Triumph Bobber.

Quando foi revelada ao público pela primeira vez no ano passado, aproveitando o período entre os salões de Colônia e Milão para maior impacto, a Triumph Bonneville Bobber não deixou ninguém indiferente. As reações foram bastante positivas e oscilavam entre aqueles que, no mínimo, a achavam “bonita, mas não é a minha praia”, até outros que aguardavam a Bobber como se ela fosse a cereja do bolo da recém-lançada família Bonneville. E era! Para se ter uma ideia, esta tem sido a moto com mais pré-reservas na história recente da marca, antes mesmo de alguém, sequer, ter andado nela. Um sucesso da marca inglesa.

Pessoalmente, tive o prazer de participar do lançamento da moto em Londres e, desde então, foi uma moto que me impressionou pela qualidade do acabamento e o cuidado que a marca teve em todos os detalhes. Na verdade, toda a família Bonneville goza dessa qualidade. Com a base da Bonneville, já podíamos prever o seu desempenho, mas a marca foi feliz no projeto com o intuito de manter a filosofia Bobber.

O que a Triumph fez foi vasculhar as suas memórias centenárias e constatar que, embora com origem nos Estados Unidos, nem só de Harley-Davidson viveu o conceito “bobber”, quando nasceu na década de quarenta do século passado. Também motos britânicas, como as Triumph ou BSA, eram bastante utilizadas para serem transformadas em bobbers. No fundo, essa transformação consiste em aumentar a performance, eliminando tudo o que for supérfluo e contribuir para aumentar o peso, como o para-lamas dianteiro, enquanto o traseiro é cortado – “bobbed”, termo inglês que significa cortar algo para o reduzir e que deu origem à designação deste conceito.

Triumph Bobber
Triumph Bobber

Filosofia mais civilizada

Nesta Triumph, obviamente, o fato de se tratar de um modelo de produção com todos os compromissos necessários em termos de legislação, segurança e conforto, levou a Bonneville Bobber a assumir uma filosofia mais civilizada. No entanto, a aproximação à essência do conceito original fez com que fossem tomadas decisões importantes, como a ausência de assento para passageiro – que não está presente nem como elemento de origem nem como acessório opcional, ou o depósito de combustível relativamente pequeno, com apenas 9,1 litros de capacidade.

A base mecânica é a mesma da Bonneville T120, o motor bicilíndrico paralelo 1200 HT de refrigeração líquida, mas com uma afinação ligeiramente diversa – cerca de 10% mais de torque e potência em médios regimes, embora perca 3 cv de potência máxima. No que diz respeito ao quadro, e para obedecer aos parâmetros do estilo e comportamento pretendidos, teve de ser desenhada uma nova estrutura, obtendo-se agora uma maior distância entre eixos e, desta forma, um perfil mais baixo e longo, sublinhado pela traseira limpa, sem necessidade de um subquadro que suporte o assento do passageiro e com uma aparência “hard tail” – numa vista lateral, o amortecedor surge quase escondido na parte traseira do quadro e no mesmo ângulo desta, por baixo do bonito assento que é regulável em duas posições.

Aos comandos da Bobber encontramos uma posição de condução bastante confortável, com as mãos apoiadas sem esforço no guidão do tipo “flat bar”, baixo e largo, com os espelhos montados nas extremidades, tal como acontece na Thruxton. As pernas ficam num ângulo praticamente reto e os pés ficam totalmente apoiados no chão, graças aos 690 mm de distância do assento ao solo. O assento único não parecia confortável, mas após alguns dias de teste e muitos quilômetros rodados, não há do que se queixar.

Ainda falando de algumas características, vale destacar o painel de instrumentos – cuja inclinação é ajustável – com um único mostrador analógico para o velocímetro, enquadrando um display digital onde surge a mudança engrenada, alternando-se em baixo (por meio de um botão no punho esquerdo) a informação relativa ao conta-giros, relógio, hodômetro total e dois parciais, comutador do controle de tração, autonomia e consumos (médio e instantâneo).

Além disso, no punho direito encontramos o botão para alternar entre os dois modos de condução disponíveis – rain e road – ambos entregando a mesma potência, variando apenas o modo mais suave como esta é disponibilizada no modo rain (chuva).

Triumph Bobber
Triumph Bobber

Lado “fora da lei”

Se ela esbanja charme parada, quando começamos a pilotar, apenas confirmamos a alta expectativa colocada na moto. A sonoridade das duas saídas de escape é agradável e bem audível e desperta um lado mais “fora da lei”, acelerando mais forte para ouvir o motor crescendo.

Com o espírito esportivo invocado, começamos a abordar as curvas de forma um pouco mais forte e a neutralidade e estabilidade que ela passa estão bem acima da proposta da moto. Fizemos um uso bem acima do normal para a motocicleta. Deu para raspar pedaleiras e andar de forma animada e sempre com a moto na mão. Quer dizer, o proprietário da Bobber irá desfilar, mas não passará vergonha se o colega resolver relembrar o conceito Bobber do passado.

O que surpreende mesmo é como uma moto com esta distância entre-eixos – 1.510 mm, face aos 1.445 mm da Bonneville T120 – e uma roda de 19’’ na frente consegue entrar tão bem em curva e mudar de ângulo com tanta desenvoltura. O segredo está no centro de gravidade mais baixo e, principalmente, no ângulo da coluna de direção, muito mais fechado (um trail de 87.9º para 105.2º na T120), aproveitando-se o tal centro de gravidade mais baixo e a maior distância entre-eixos para se jogar com a geometria da direção e obter, assim, um compromisso ideal entre estabilidade e agilidade.

Ela está mais do que aprovada! Com motorização de 1.200 cilindradas e uma série de acessórios para personalizar a moto, ela pode estar na sua garagem a partir deste mês por R$ 49.990,00.

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