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Motocicleta chega com tudo novo, muita eletrônica embarcada e com a missão de manter dois importantes legados deixados pela 800.

Texto: Pablo Berardi e André Ramos

Fotos: Edgar Klein/Divulgação TRX

A primeira coisa que você precisa saber é que não se trata de uma Tiger 800 que recebeu um facelift (atualizações estéticas). É uma nova geração: chassis novo, motor novo, tudo novo. O que não muda é a proposta de utilização: ela continua sendo uma moto muito versátil, que melhorou tudo aquilo que a antecessora já tinha de bom. Além disso, conta com versões com roda dianteira de 19″ e 21″.


A partir de agora, acabou a sopa de letrinhas. Roda aro 19″ (GT) e roda aro 21″ (Rally). As versões topo de linha, de ambos os modelos, são chamadas de “Pro”. Além disso, existe a Tiger 900 “de entrada”, sem nenhum sobrenome, mas até o fechamento desta edição, somente estavam disponíveis por aqui as versões topo de linha.

A versão que avaliamos foi a 900 GT Pro, motocicleta com perfil mais on-road mas que (conforme você poderá constatar adiante) não amolece quando precisa encarar um trecho de terra

A motocicleta mudou bastante quando a comparamos com a versão 800. Para começo de conversa, o design passa longe do anterior: com farol mais afilado e um desenho mais contemporâneo para seu corpo, a moto está toda remodelada; mais fina na região onde o assento e tanque se encontram, mas sem perder o conforto. Apesar disso, o tanque ganhou um litro a mais de capacidade, passando de 19 litros para 20 litros.

O quadro é novo e está, segundo a marca, 5kg mais leve, enquanto que o sub-quadro agora é fabricado em alumínio e conectado com parafusos e não mais soldado. Este novo quadro fez com que o centro de massas da moto agora esteja 40 mm mais à frente e 20 mm mais baixo.

Com iluminação Full LED, esta versão GT Pro conta ainda com o farol de neblina também em LED. A bolha continua com regulagem, mas esta requer uma chave Allen para sua manipulação.

A Tiger 900 GT Pro (e também a Rally Pro) vem equipada com um belíssimo painel em TFT de 7”. É possível trocar estilo, cor, modo de pilotagem e muito mais tudo a partir de um joystick localizado no punho esquerdo. Vem ainda com o sistema My Triumph, que permite integração entre o celular e o painel para você conseguir mudar a música, ligar a GoPro, usar navegação e muito mais.

Nos freios, Aates havia dois discos de 305 mm; agora são dois discos de 320 mm, Brembo, com pinça monobloco e bomba radial Stylema, que resulta em tanta eficiência, que é possível frear com apenas um dedo.

Nesta versão, assim como na Rally Pro, o ABS é otimizado para curvas, que só estava disponível na 1200 XCA. O controle de tração também é otimizado para curvas, nessas duas versões, item que nem mesmo a 1200 apresenta.

Na Tiger 900GT Pro, a suspensão dianteira é fornecida pela Marzzochi, que substituiu a antiga Showa presente nas 800. São 180 mm na dianteira, que conta com regulagens de compressão e retorno manuais, enquanto que na traseira há um monoamortecedor da mesma marca, com 170 mm de curso, que conta com regulagem eletrônica da pré-carga e do retorno. São quatro posições de pré-carga e diversas opções de ajuste, partindo do mais confortável até o mais esportivo.  O assento do piloto conta com duas opções de regulagem: 810 e 830 mm nesta versão GT Pro.

Mesma potência, mais respostas

Outra grande novidade é o novo motor de 888 cm3. Ele tem, de forma geral, 10% a mais de torque (são 8,87 kgf.m a 7.250 rpm, contra 7,85 kgf.m a 8.000 rpm) e embora  permaneça com os mesmos 95 cv, a Triumph garante que houve um ganho na entrega da ordem de 9%.

Agora, o motor trabalha com uma sequência particular de centelhamento: 1 – 3 – 2, com um intervalo de 270º, o que deixou as respostas mais prontas, mais próximo de um bicilíndrico, e com um ronco mais grave, mas não se preocupe: o assovio ainda está lá.

Este novo motor conta com camisas de cilindro “siamesas”, que possibilitou este aumento na capacidade e no torque e para conseguir trabalhar neste novo regime de funcionamento, um novo virabrequim foi desenvolvido, bem como um novo comando, pistões e bielas. Agora a moto conta com dois radiadores, em vez de apenas um.

O novo conjunto de embreagem está menor e a alavanca apresenta torque-assist, que exige menor força aplicada para o acionamento.

Eletrônica onboard

A eletrônica embarcada vai além das suspensões e está presente também no gerenciamento do motor. Os freios ABS otimizados para curvas e o controle de tração com a mesma aplicação, só foram possíveis de serem devido a uma nova Unidade de Medição Inercial da Continental, que analisa diversos parâmetros a partir dos sensores de balanço, inclinação, esterço e aceleração, para calcular a intervenção em cada ação executada pelo piloto e em cada reação apresentada pela motocicleta.

Outra novidade na Tiger 900 GT Pro são os modos de pilotagem. São 5 no total: Road, Rain, Off-Road, Sport e Rider, que pode ter seus parâmetros programados ao gosto do freguês.

Outra maravilha da tecnologia é o quickshifter bidirecional, que possibilita trocas ascendentes e descendentes (reduções de marchas) sem o uso da embreagem, enquanto que sensores de pressão dos pneus (TPMS) avisam se uma ou ambas as rodas perdem pressão.

Outros mimos que a Tiger 900 GT Pro oferece é o piloto automático (cruise control) e os aquecedores de manopla e assento (piloto e garupa), que ampliam ainda mais o nível de conforto durante a pilotagem, principalmente no frio, no caso dos aquecedores. Sob o assento há uma tomada USB de 5V dentro de um espaço onde pode ser guardado o smartphone, enquanto que tomadas 12V estão presentes na frente e atrás da moto.

A Tiger 900 terá 3 opções de cores, mas o primeiro lote (que já está esgotado), chegou somente na cor branca. O preço inicial sugerido era de R$ 57.990 para a Tiger 900GT Pro, mas a partir de 1º de julho passou para R$ 59.990.

Impressões

Que moto maravilhosa é esta tal de Tiger 900 GT Pro! Quando andava numa 800, eu não conseguia imaginar algo que pudesse ser melhorado, mas os caras de Hinckley surpreenderam, elevando bastante o bastão.

Além de terem desenvolvido uma moto linda e moderna, eles conseguiram levar ainda mais adiante sua performance esportiva e seu nível de conforto. É tanto recurso em prol do prazer de pilotar e da segurança que é preciso algum tempo até que você passe a entender todas as funções e a colocá-las em uso de modo intuitivo.

Claro que a versão GT Pro foi toda pensada para andar no asfalto e fazer com que você não precise tomar um Relaflex ao final de cada de pilotagem, mas cara, a motoca encara uma estrada de terra da boa, pois sua posição de pilotagem em pé transmite segurança e deixa tudo muito fácil de ser executado. O único senão é que eu não consegui desconectar o ABS (nem sei se isso é possível, pois não encontrei esta função), mas desligando o controle de tração você tem na sua mão direita o controle dos 95 pôneis, fazendo com que você vire adolescente novamente.

Com um conjunto de freios e suspensões irrepreensível, a Tiger 900GT Pro tem todos os predicados para levar adiante o legado da Tiger 800, de moto mais vendida da marca no Brasil, país onde mais se vende Tiger no mundo.

Ficha Técnica

Motor: tricilíndrico DOHC, 12V, refrigeração líquida

Cilindrada: 888 cm3

Alimentação: injeção eletrônica multiponto sequencial

Diâmetro x Curso: 78 x 61,9 mm

Potência: 95,2 v a 8.750 rpm

Torque: 8,87 kgf.m a 7.250 rpm

Câmbio: 6 velocidades

Chassi: armação em treliça fabricado em aço

Susp. Diant.: USD (invertida) Marzzochi, 45 mm diâmetro, com regulagem de compressão e retorno, 180 mm curso

Susp. Tras.: monoamortecedor Marzzochi, com regulagem eletrônica de pré-carga e retorno, 170 mm curso

Freio Diant.: discos duplos 320 mm, pinça monobloco Brembo Stylema, com ABS otimizado para curvas

Freio Tras.: disco 255 mm Brembo, com ABS otimizado para curvas

Pneu diant.: Metzeler Tourance, 100/90-19

Pneu Tras.: Metzeler Sportec M5, 150/70-R17

Peso:198 kg 

Tanque: 20 l 

Preço:  R$ 57.990 (*)