Conheça a história de três amigos, três motos e uma vontade imensa de conhecer os países vizinhos, Uruguai e Argentina, a bordo de suas respectivas máquinas

Texto e fotos: Adenilson Padovan

Uruguai e Argentina

O aventureiro Adenilson Padovan, de 51 anos, sociólogo, historiador e professor universitário, em janeiro de 2016, teve a audaciosa ideia de desbravar o Uruguai e a Argentina a bordo da sua Triumph Tiger 800. Ele costuma realizar duas viagens longas por ano e já fez, por exemplo, a trilogia das chapadas (Guimarães, Diamantina e Veadeiros). Veja como foi a saga nas palavras do próprio viajante.

A Viagem

“Dia 2 de janeiro de 2016, sábado, marcamos um encontro no posto próximo ao início da Rodovia Regis Bittencourt às 6h. O companheiro Ortega, com sua Honda Transalp 700, o Rene, com sua Kawasaki Versys 650 e eu, Adenilson, com minha Triumph Tiger 800. Uma chuva torrencial perdurou pelos primeiros 950 quilômetros, até a chegada em Ararangua (SC), onde fizemos nossa primeira pousada. Já no domingo, chegamos a Chuí e aproveitamos para tirar muitas fotos. De um lado a Avenida Brasil, do outro, o Uruguai, e assim, nos hospedamos do lado brasileiro. Nesse dia foram mais 750 quilômetros de estrada.

No terceiro dia partimos de Chuí, passamos por Montevidéu, no Uruguai, e fomos até a Colônia de Sacramento, uma cidadezinha linda. Nos hospedamos por lá, no hotel Romi. Na terça-feira, na parte da tarde, atravessamos de catamarã de Colônia (Uruguai) a Buenos Aires (Argentina). A travessia nos custou em torno de R$ 160,00 por pessoa, contando o transporte da moto. Em Buenos Aires, nos estabelecermos no hotel Oito de Outubro, localizado no centro da cidade. À noite, fomos ao Porto Madero, que estava totalmente revitalizado, uma beleza, local cheio de restaurantes e barzinhos, ideal para a curtição. À beira do Rio da Prata, jantamos no restaurante Brasas Argentinas, onde pagamos 240 pesos por pessoa (algo em torno de R$ 60,00).

Na quarta-feira, deixamos Buenos Aires para trás e seguimos rumo a Mendoza pela tradicional Rota 7. Rodamos 640 quilômetros até chegar a Vicunã Makenna (Argentina). Ficamos hospedados no Hotel Mackenna, local que nos proporcionou bastante aconchego.

Animação e aceleradas

No dia seguinte, após merecido descanso, e sabendo que só faltavam 460 quilômetros para chegar a Mendoza (Argentina), estávamos extremamente animados para continuarmos a viagem. Quando finalmente chegamos à Mendoza, após quase 3.500 quilômetros rodando, ficamos muito felizes com o desempenho de nossas motocicletas, que não apresentaram nenhum problema. Então, nos hospedamos no Hotel Alexandre, outro point que ajudou a nos proporcionar um conforto notável.

Na sexta-feira, pela manhã, fomos cambiar nossos poucos dólares com milhões ou quase bilhões de pesos. Dirigimos-nos até a Adega Lopez e tivemos o privilégio de ganhar visita monitorada. Na volta, escolhemos o restaurante Arturito, no centro de Mendoza, e comemos uma parrilhada acompanhada de cerveja argentina.

O sábado chegou com muita chuva, e então partimos de Mendoza em direção à Cordilheira dos Andes. Estávamos um pouco cabisbaixos, pois esperávamos um dia ensolarado, o que não aconteceu. Porém, depois de 200 quilômetros rodados, já em solo andino, o sol nos brindou e nos defrontamos com a estarrecedora beleza das cordilheiras, um dos lugares mais incríveis e belos que já estivemos, quiçá um dos mais lindos do mundo. Sua imponência, sua formação geográfica, o clima, o degelo, são coisas indescritíveis, só vendo para crer. Deixo aqui uma frase na ínfima tentativa de transmitir esse sentimento: “A cordilheira do Andes é surreal de linda!”.

Retorno definido

No dia 10, um domingo, começamos a planejar o retorno para nossas casas. Ainda na Argentina, nos hospedamos em uma cidade chamada Berratán. Na manhã seguinte, partimos rumo a São Borja, no Rio Grande do Sul. No caminho, resolvemos que iríamos nos hospedar no Hotel Yatay, na cidade de Federal, na província de Santa Fé, na Argentina. Daí, rodamos mais 710 quilômetros.

Na terça-feira, circulamos por mais 230 quilômetros até a fronteira. De um lado, Paso del Libre (Argentina), e do outro, Uruguaiana (Brasil). São Borja se encontrava a 180 quilômetros. Chegando lá, fomos cuidar de nossas motos, realizando apenas a troca de óleo. Então, rodamos mais 450 quilômetros.

Já na quarta-feira, dia 13, saímos de São Borja rumo a Curitiba. Pegamos uma estrada maravilhosa, com muitas curvas, o que tornou o caminho ainda mais divertido. Após rodarmos 650 quilômetros, chegamos à primeira cidade do Paraná, chamada General Carneiro.

Fim da linha

No dia 14, uma quinta-feira, chegamos a Curitiba, e como toda volta é monótona, nosso companheiro Ortega decidiu agitar. Com sua potente Honda Transalp, “beijou” a traseira da Versys de Rene, lançando ambos (Rene e moto) para o chão. Acreditamos que foi intencional essa brincadeira, mas Ortega nega de forma veemente. Felizmente, só um manete quebrado da Kawasaki Versys. Já na cidade de Registro, a hospedagem foi realizada no Hotel Gran Valle. Pilotamos por mais 460 quilômetros.

Na sexta-feira, dia 15, partimos para o fim da viagem. Porém, subir a Serra do Café debaixo de chuva e com obras sendo realizadas, fora a quantidade enorme de caminhões, foi extremamente desgastante.

Resumo da saga: foram cerca de 6.800 quilômetros rodados em 14 dias, passando por três países, Brasil, Uruguai e Argentina. Ficamos com saudade do pó da estrada.

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