Imagine percorrer trechos da Rota 66, visitar lugares incríveis e ainda participar do Laughlin River Run, um dos grandes eventos motociclisticos dos Estados Unidos… Não, faça mais do que imaginar: embarque conosco nessa viagem!

Texto: Vera Miranda
Fotos: Vera Miranda/Marcos Barros

Pela segunda vez, a convite da Melbourne Tour, a equipe de “Moto Adventure” teve o privilégio de fazer a cobertura de um dos mais aguardados eventos motociclísticos dos Estados Unidos: o “Laughlin River Run”.

“PEQUENA LAS VEGAS”

O Laughlin River Run acontece desde 1983, em Laughlin (no Estado de Nevada, na Costa Oeste dos Estados Unidos). Ao lado do Daytona Bike Week e do Sturgis, o evento é parte integrante do calendário dos motociclistas norte-americanos. E ganha mais força a cada edição, como pudemos comprovar em 2015. Definitivamente, as coisas mudaram desde a primeira edição do evento (que contou com menos de 500 participantes). Este ano, por exemplo, milhares de motociclistas se dirigiram a Laughlin, ávidos por um fim de semana divertido. Na medida em que a festa se consolidava, a simpática cidade chegou a ter um enorme contingente de pessoas em suas ruas. Dá para imaginar?

Laughlin – também conhecida como “A Pequena Las Vegas” – oferece uma serie de atrações ao longo do ano. Temos a beleza natural do Rio Colorado, além de nove cassinos, mais de dez mil quartos de hotel à espera dos visitantes, sessenta restaurantes, shoppings etc. E é claro que os motociclistas contribuem para deixar o lugar mais bonito, já que, durante o evento, um “mar” de motocicletas (cheias de personalidade e com estilos marcantes) invade a cidade. Só isso já seria um atrativo e tanto para a festa – mas ainda há os pilotos e garupas, com suas vestimentas e cortes de cabelo peculiares, que atraem olhares por onde passam. Estar ali é absorver toda essa energia e liberdade!

Quem visita o evento também pode conferir os acervos de vários expositores, que vendem e demonstram produtos diversos: são capacetes, roupas, peças e superlançamentos em motocicletas e máquinas customizadas. Sem contar a “trilha sonora”, cortesia de bandas musicais que se apresentam dentro e fora dos cassinos (em cujos estacionamentos são montados barzinhos). Em alguns desses estabelecimentos, os atendentes são exclusivamente do sexo feminino. Para deleite da clientela, as moças dançam no balcão enquanto vendem as bebidas.

Apesar de vários grupos participarem da festa, é proibido o uso de coletes, camisetas e bandeiras de moto clubes. E há uma boa razão para isso: em anos anteriores, foram registradas sérias confusões entre algumas facções. Mas tudo foi resolvido com um policiamento intensificado, que se encarrega de botar “ordem na casa” durante o evento. Os oficiais estão sempre de olho em potenciais desentendimentos ou confrontos. Uma medida que provou ser eficaz, novamente, este ano: em 2015, não observamos qualquer distúrbio durante a festa.

VIAGEM NO TEMPO

Entretanto, os que decidirem prestigiar a festa não devem abrir mãos de outras atrações muito interessantes – por exemplo: visitar a cidade de Bulhead, que fica do outro lado da ponte que divide o estado de Nevada e Arizona. Não deixe, também, de fazer um bate-volta até a cidade de Oatman, famosa no itinerário da Rota 66 (por sua relevância nos tempos da Corrida do Ouro, nos anos 1850, e porque ainda conserva seu cenário original). Também aconselho os viajantes a atravessarem a cidade em meio aos burros soltos, que também compõem aquele cenário de época. E a descerem a Estrada do Ouro até o fim, onde surge mais uma parada obrigatória: o posto de gasolina Cool Springs, construído em 1926 e restaurado em 2007. Na sequência, dê meia-volta e pegue a estrada novamente. Pilote com tranquilidade, curtindo o vento no rosto e admirando as incríveis paisagens. Faça, então, outra parada em Oatman e, com calma, aprecie o movimento local, curta os barzinhos e vá às lojas, que oferecem irresistíveis lembrancinhas da Rota 66 (este é o lugar onde há a maior variedade de souvenirs da lendária estrada norte-americana).

ANIMAÇÃO DE SOBRA

Nosso passeio começou em Los Angeles, com um grupo animadíssimo de 24 pessoas (vindas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Estes aventureiros realizaram o tour em 17 motos, de modelos variados (havia até um triciclo). Uma parte da turma fazia o passeio pela segunda vez, por diferentes razões: para acompanhar amigos, prestigiar o Laughlin River Run ou simplesmente porque adoraram se aventurar pela “Mother Road” – a “Estrada Mãe”, que originou todo o sistema rodoviário estadunidense e que serviu de modelo para o resto do mundo – na primeira vez e que, em 2015, quiseram repetir o passeio. É o que sempre digo: “a cada viagem, você repara em novos detalhes.”

Além disso, atravessar desertos, reservas indígenas, florestas, estações de esqui e cidades fantasmas, com vista para um destino final que inclui grandes centros, como Los Angeles e Las Vegas, é um sonho que não queremos que acabe! E o que é melhor: esta viagem foi coroada por uma lúdica chuva de neve, que pegamos em Wiliams. Uma vez que a previsão do tempo não antecipava tal cenário, brincamos, dizendo que a neve foi especialmente encomendada pela Melbourne Tour!

Vale frisar que o clima que nos acompanhou durante o trajeto foi muito agradável – nem muito quente e nem muito frio. Isto, até pararmos para almoçar em Seligman, Arizona. Ali, o tempo fechou: começou a chover e, à medida que subíamos para as montanhas, a temperatura despencava… O clima se manteve assim até Wiliams, onde, após 40 minutos de chuva, veio a neve. Aí sim, a diversão ficou completa!

POR ONDE ANDAMOS

Outro atrativo deste tour foi ter a chance de pilotar, pela primeira vez, a moto Indian, que será lançada no Brasil em outubro, pela Polaris (veja matéria completa nesta edição). A Indian foi encomendada pela Melbourne Tour, que considera o modelo uma excelente opção em termos de aluguel de motos para a clientela.

As viagens organizadas pela Melbourne primam por bons roteiros. Que o diga este tour, que nos levou a locais como Los Angeles – onde não falta diversão, já que a cidade é o terceiro centro comercial do mundo, ficando atrás, apenas, de Nova York e Tóquio. Los Angeles é famosa, também, por ser a cidade das estrelas da música, do cinema e dos milionários. Ali, destaco Beverly Hills, Rodeo Drive, Calçada da Fama, Teatro Chinês, Pier de Santa Monica, Universal Studio e Venice Beach.

Já Big Bear, também na Califórnia, é uma cidadezinha no condado de San Bernardin, famosa por suas estações de esqui (procuradíssimas no inverno). Em outras estações, os destaques são os maravilhosos visuais das montanhas, do lago Big Bear e da Floresta Nacional de San Bernardino.

Também visitamos Calico, na Califórnia, um dos pontos turísticos mais charmosos da Rota 66. Fundada em 1881, no deserto de Monjave, esta foi a maior mina de prata californiana naquele período. Hoje, atrai turistas do mundo todo, depois de ter sido parcialmente restaurada e registrada como Marco Histórico da Califórnia.

E não podemos deixar de citar o Bagdad Café, em Newberry Spring, Califórnia (um dos cafés da era do ouro da Rota 66, eternizado no filme “Bagdad Café”, produzido em 1987), e o Roy’s  Café, localizado na cidade-fantasma de Amboy, Califórnia. Este último é parada obrigatória para quem pilota na Rota 66 e quer uma bela foto de recordação (há um símbolo enorme da Rota 66 bem no meio da estrada). Trata-se de um posto de serviço completo que inclui, até, um pequeno hotel.

ATRAÇÕES INESQUECÍVEIS

A Hackberry General Store é uma interessante loja de souvenirs que foi reaberta, como ponto de informações, em 1992, com o ressurgimento do interesse pela Rota 66.  Chama atenção pelos carros antigos que se enfileiram em sua porta. Já Seligman, no Arizona, é uma cidade que vive das lembranças dos tempos áureos da Rota 66. Ali, aproveite para comprar as lembrancinhas que faltavam e se sentir nas décadas de 1950 e 1960. E não deixe de saborear um típico sanduíche norte-americano!

Na sequência, vem Williams, no Arizona – última cidade a ter a Rota 66 ainda preservada em trecho original. E, como já afirmei: as atrações são inúmeras! Logo surge o imponente Grand Canyon, considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo (é uma autêntica obra-prima da natureza, formada ao longo de milhões de anos).

Também conhecemos Page, no Arizona, que foi construída em 1957, no topo da Chapada de Manson (a 1.300m acima do nível do mar e 180m acima do Lago Powell).

Já o Glen Canyon é uma imensa área ao norte do Grand Canyon, com um visual deslumbrante (creditado ao tempo e à erosão do Rio Colorado).

Sem esquecer o Zion Nacional Parque, em Utha, que marcou o último trecho da viagem. O único modo de descrevê-lo é: “uma pintura da natureza”! Este destino fechou com chave de ouro nosso passeio, em termos de paisagens. São 540km quadrados cavados pela erosão, em meio ao arenito Navajo. O parque é tão lindo que dá vontade de ficar subindo e descendo a estrada que corta suas formações rochosas incríveis.

Las Vegas (Nevada) também merece ser mencionada – uma vez lá, a impressão que se tem é a de que o tempo passa mais rápido, tantas são as atrações oferecidas. Há shows, shoppings, passeios, cassinos e bons restaurantes em cada esquina. Tivemos até tempo para visitar até o Red Rock Canyon, que fica a 15km de Las Vegas e é outro cenário belíssimo. Voltamos para o Brasil com o coração apertado, como sempre acontece em viagens memoráveis, mas com uma porção de boas lembranças nas malas… e no coração!

QUEM LEVA

Melbourne Tour (11) 3064-9242 / 3061-9706

E-mail: info@mbtour.com

www.mb.tur.br

*Matéria publicada na edição #175 da revista Moto Adventure.