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Competição que já revelou nomes como os de Meikon e Tom Kawakami e de Felipe Macan oferece uma série de incentivos para quem deseja competir e ainda por cima, tem no equilíbrio das motocicletas uma de suas maiores virtudes.

No final do ano passado, a Revista Moto Adventure foi convidada pela Yamaha para acompanhar uma etapa da Yamalube bLu cRU R3 Cup no belo Circuito dos Cristais, que fica na cidade mineira de Curvelo.

O objetivo foi ver de perto as movimentações que ocorrem nos bastidores da competição e presenciar os diferencias que ela apresenta, que você fica sabendo a partir de agora.

Talvez a palavra que melhor expresse o que o campeonato revela seja: profissionalismo. Muito disso é fruto do excelente trabalho desenvolvido por Allan Douglas, um ex-piloto que competiu nas primeiras temporadas do então Superbike Series Brasil e que hoje é quem segura o leme desta nau, fazendo algumas coisas bacanas acontecerem. Exemplo?

Vira e mexe, Allan vai para o exterior para assistir algumas etapa dos Mundiais de Motovelocidade e de Superbike para ver o que os gringos estão fazendo. Nada passa por sua visão de raio-X e aquilo que é possível de trazer para cá, ele procura implementar.

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Um exemplo são os boxes: em cada prova, os dois boxes que abrigam os 36 pilotos, motos, mecânicos e parceiros recebem toda a identidade visual da categoria; seu piso é acarpetado e sempre que as motos saem para a pista, entra a turma da faxina com Feiticeiras à mão, limpando cada centímetro quadrado. Quando os pilotos retornam de um treino ou bateria, tudo está em perfeita limpeza: nem uma arruela é encontrada no chão.

Outro exemplo é visto nos pilotos: todos usam macacões iguais, variando um ou outro patrocinador que carregam estampado. Quando estávamos lá, presenciamos até mesmo um costureiro especializado em couro presente em um dos boxes, realizando reformas e personalizações em macacões, na hora!

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Um detalhe extra que mostra toda a preocupação da Yamaha em ajudar os pilotos a subirem de nível é a presença de dois racing coaches durante os finais de semana de corrida. Os experientes Gian Calabrese e Ricieri Luvizoto estão sempre prontos e solícitos oferecendo toda sua expertise a quem deseja ir para o próximo nível. Além disso, um profissional com experiência em telemetria está à postos para mostrar ao piloto, onde ele precisa melhorar, de acordo com os números que sua pilotagem demonstra na tela do computador.

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Ricieri Luvizoto orientando um piloto sobre posicionamento

Para que os capacetes também estejam sempre limpos e higienizados, a LS2, parceira da categoria, mantém em cada etapa um estande preparado para dar um trato nos cascos dos meninos. Assim que saem da pista, os capacetes são ali entregues para passarem por um processo de limpeza e sanitização química para que, na próxima entrada na pista, estejam como se tivessem saído da loja.

As motos também são iguais, tanto no âmbito visual, como, principalmente, no mecânico.

Dick Vigarista

Se você teve a sorte de ter vivido os saudosos Anos 80, certamente recorda-se do desenho da Penélope Charmosa e o inefável vilão Dick Vigarista, que sempre com seus ardis, tentava tirar a bela donzela das corridas mostradas em cada episódio do desenho. Pois atire a primeira pedra quem nunca ouviu falar desta figura na motovelocidade brasileira.

A presença deste personagem mau caráter sempre esteve presente na modalidade e até hoje, ouve-se falar dele aqui e acolá e para evitá-lo, a Yamaha tomou uma atitude digna de aplausos. Na Yamalube bLU cRU R3 Cup ela simplesmente fica responsável pela guarda e transporte de todas as 36 motocicletas YZF-R3 que compõem o seu grid.

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Sim, pois dessa maneira, é impossível que algum piloto ou mecânico mais esperto, promova alguma modificação na motocicleta que o deixe em condição privilegiada dentro da pista.

Na competição, todas as motos são rigorosamente iguais. Somente as alterações que o regulamento permite e exige que sejam feitas são permitidas (troca da carenagem, pedaleiras, linhas de freio, pneus, escape e semi-guidões). Nada pode ser alterado no motor, nas suspensões ou na eletrônica: tudo permanece igual a qualquer outra moto que está à venda nas concessionárias da marca.

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“Antes de cada etapa, todas as motos passam pelo dinamômetro para que seus desempenhos sejam aferidos e para que tenhamos a certeza de que nenhuma está rendendo mais que a outra”, explica Laner Azevedo, assessor de imprensa da Yamaha e um dos grandes apoiadores do campeoanto.

E isso tem duas razões: a primeira é para mostrar que a moto é boa e que é possível a qualquer um tirar uma moto da loja e colocá-la direto para competir, fazendo o mínimo possível. Segundo – e mais importante – para que todos tenham as mesmas condições esportivas. Inclusive, antes de cada etapa, as motos são sorteadas entre os pilotos, um instrumento adicional de isenção para garantir a lisura das disputas.

Mas isso não é tudo: ao final de cada temporada, os melhores pilotos são levados pela própria Yamaha para participarem de uma temporada lá fora, mais precisamente, no Mundial de SuperSport 300, feito já alcançado pelos irmãos Meikon e Tom Kawakami e por Felipe Macan. Ah, quase me esqueço: o que for considerado como melhor mecânico também ganha a chance de aprender com os melhores lá de fora. Top demais!

Os tiozinhos também têm vez

Mas você pensa que só a molecada que tem a faca nos dentes que pode se divertir na Yamalube bLU cRU R3 Cup? De jeito nenhum e este caráter democrático da competição é um outro grande barato. Ali, todo mundo se diverte. Na etapa de Curvelo, vimos dois extremos que demonstram isso: um era Mario Sales, 12 anos, que na chuva, fez a pole position nos treinos classificatórios; o outro, Néstore “Nenê” Guarino, que aos 62 anos encontra na categoria uma saudável maneira de praticar um esporte e, ainda por cima, na companhia do filho Néstore Filho.

Outro que já despediu-se da adolescência há muito e que também tira um grande barato na pista é Ronaldo Guimarães. Dono da marca de equipamentos de proteção HLX, Ronaldinho era só sorrisos nos boxes, mesmo ficando no pelotão intermediário, mas quem se importa, quando o que mais vale é fazer parte de tudo isso?

Oportunidade única

Devido ao fato de as mudanças e preparações da motocicleta serem muito limitadas e da moto em si ser bem mais barata que uma moto de alta cilindrada, os custos para participar da Yamalube bLU cRU R3 Cup tornam-se bastante convidativos para quem busca ingressar no mundo da motovelocidade ou mesmo, que já participou dele e quer uma opção mais econômica.

A primeira vantagem é que o interessado não precisa comprar a motocicleta. Ao contrário de todas as demais categorias da motovelocidade, na Yamalube bLU cRU R3 Cup o piloto não precisa comprar a motocicleta: ele apenas paga uma taxa – que ano passado foi de R$ 15 mil, divididos em 12 x iguais – que cobre todos os custos de participação.

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“Este valor serve para cobrir todas as despesas que ele (piloto) vai ter durante o ano com gasolina, pneus – inclusive, pneus de chuva, que são caríssimos – trocas de óleo e de pastilhas, suporte mecânico, além do macacão e do capacete”, revela Laner, acrescentando: “como a Yamaha se encarrega de levar as mtoocicletas, o piloto sequer precisa se preocupar em viajar de carro ou de caminhonete/van para as etapas. Ele pode ir de avião, chegando muito mais descansado e gastando muito menos em tempo e dinheiro”.

Diante do sucesso do formato da competição, para 2021 a Yamaha resolveu ampliar o número de vagas, de 36 para 48, mas mesmo assim, não foi suficiente para atender à demanda. Embora as inscrições tenham ficado abertas por sete dias, elas esgotaram-se em menos de 24 horas, tendo recebido a aplicação de mais de 100 pilotos. “Precisamos fazer uma seleção, infelizmente, pois não daria para colocar todo mundo no grid”, revela Laner.

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André Ramos, Rodolfinho da Z, que participou desta prova como convidado e Laner Azevedo