O fim de uma era e o nascimento de uma ‘besta’: ao abandonar o tradicional motor de quatro cilindros em linha pelo poder bruto do V4, a Yamaha não apenas muda sua mecânica, mas convoca o talento visceral de Toprak Razgatlioglu para reescrever as leis da física no MotoGP.
Após décadas de fidelidade inabalável ao motor de quatro cilindros em linha, a Yamaha Racing assinalou o início de uma nova era no MotoGP. A marca de Iwata, num movimento audaz para recuperar a supremacia perdida para as fábricas europeias, revelou finalmente o seu protótipo V4, colocando-o nas mãos experientes de pilotos de teste e, mais notavelmente, da estrela turca Toprak Razgatlioglu. O que se viu nos testes privados em Aragão e Valência foi descrito por observadores como um “terramoto cultural” no paddock.

O Fim de um Dogma e o Nascimento da V4
A transição para a configuração V4 não é apenas uma mudança técnica; é uma confissão de que o desporto mudou. Com a aerodinâmica extrema a ditar as regras, a Yamaha precisava de um motor mais estreito e capaz de entregar uma aceleração explosiva. Massimo “Maio” Meregalli, Diretor de Equipa da Monster Energy Yamaha, sublinhou a gravidade da decisão: “O motor V4 era algo que os nossos engenheiros tinham de considerar seriamente. Não podíamos excluir nada se quiséssemos ser competitivos novamente. É uma mudança de ADN, um novo espírito que a equipa precisava de adotar.”
Por trás desta revolução está o “guru” dos motores, Luca Marmorini (ex-Ferrari e Toyota F1), cuja influência foi decisiva para que o projeto saísse do papel e ganhasse vida nas pistas.

Toprak: O “Glitch” no Sistema
Embora o desenvolvimento conte com veteranos como Jack Miller — que descreveu o seu primeiro dia como “sólido, mas com muito trabalho pela frente para tornar esta numa verdadeira mota de corrida” — foi a performance de Toprak Razgatlioglu que captou todas as atenções. O campeão de WorldSBK, conhecido pelo seu estilo de travagem agressivo, parece ter encontrado na V4 a parceira ideal.
Dados de telemetria revelaram entradas em curva que desafiam a lógica, levantando a roda traseira do asfalto em ângulos impossíveis. O próprio Valentino Rossi, lenda viva do desporto, terá ficado “aterrorizado” e maravilhado com os dados de Toprak: “O que o Toprak está a fazer é incrivelmente raro. É onde a coragem pura encontra uma intuição técnica afiada. Ele não está a mudar o seu estilo para a mota; está a forçar a mota a seguir a sua vontade.”

Depoimentos dos Protagonistas
Os primeiros relatos dos pilotos são de puro entusiasmo. Toprak Razgatlioglu, após as primeiras voltas, não escondeu o choque: “A aceleração deste V4 parece um caça a jato. Tens de usar cada músculo, cada sentido. A entrega de potência é agressiva, e os travões de carbono exigem ajuste, mas é uma experiência incrível. Sinto que a mota já está a começar a ‘falar’ comigo.”
Para a Yamaha, a sinergia entre este novo motor potente e um piloto com a agressividade de Toprak — que se juntará ao projeto através da equipa Pramac em 2026 — é a receita para desmantelar a hegemonia da Ducati.
A mensagem enviada ao paddock é clara: a Yamaha não está apenas a tentar sobreviver; está a construir um novo império. Com o V4 a rugir nos circuitos, o equilíbrio de poder no MotoGP está prestes a sofrer uma alteração tectónica.
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