Com design vintage marcante e desempenho esportivo, a Z 900RS Café é uma motocicleta que encanta tanto pela performance quanto pelo visual.
Um dos segmentos que mais crescem entre os motociclistas em todo mundo é o de Clássicas, afinal, vivemos um momento de revival no qual as pessoas estão buscando referências pretéritas para adequá-las a um mundo altamente tecnológico e frenético. Além disso, motocicletas clássicas são a mais fina leitura do motociclismo raiz, com motos sem muita frescura e na maioria das vezes, sem pretensão com a alta performance. São apenas motos e nada mais.
Embora aqui no Brasil a Kawasaki não tenha uma moto estritamente clássica em seu line up, como acontece na Tailândia por exemplo, com a W800, aqui a marca verde entrou neste segmento em junho de 2018 quando lançou a Z 900RS, uma releitura da mítica Z1, de 1972, que fez um enorme sucesso na época.
Pouco tempo depois, era chegada a hora de a marca trazer outra novidade, oriunda da mesma fonte: a Z 900RS Café, basicamente a mesma 900RS, mas com alguns diferenciais alusivos à cultura cafe racer: bolha, assento exclusivo, guidão mais baixo, escapamento em aço escovado e pintura exclusiva.
Mecânica e ciclística
A moto apresenta o mesmo motor que empurra a irmã: um quadricilíndrico de 948 cm3, com duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC), 16V, arrefecimento a líquido e que, alimentado por injeção eletrônica, entrega 109 cv a 8.500 rpm e torque máximo de 9,7 kgf.m a 6.500 rpm.
Por utilizar um guidão mais baixo que a versão tradicional, no âmbito da ciclística, a motocicleta apresenta uma posição de pilotagem um pouco mais mergulhada sobre a frente, como maneira de pré-dispor o encaixe do tronco atrás da bolha, mas não há qualquer alteração no quadro, que continua sendo um treliçado feito em aço.
A Z 900RS Café traz na dianteira, suspensão invertida com tubos de 41 mm de diâmetro, com 10 regulagens de compressão, 12 de retorno, além da pré-carga da mola, com 120 mm de curso; atrás o monoamortecedor é posicionado quase na horizontal e trabalha com link, oferecendo regulagens de retorno e pré-carga da mola, com 140 mm de curso.
Os freios apresentam sistema anti-blocante nas duas rodas e trazem discos duplos de 300 mm na dianteira, com pinças monobloco de 4 pistões de fixação radial; atrás o disco único mede 250 mm, com pinça de dois pistões. As pastilhas são sinterizadas para melhor desempenho.
As rodas de alumínio são de 17 polegadas e recebem pneus Dunlop Sportmax sem câmara: na frente é um 120/70-ZR17 e atrás há um bojudo 180/55-ZR17.
Painel misto
O painel da motocicleta mistura elementos clássicos com vanguarda: os dois relógios analógicos (velocímetro e conta-giros) abraçam uma tela de LCD com fundo blackout, onde se encontra, além do marcador de combustível e de temperatura do líquido de arrefecimento, o computador de bordo. Este traz além dos trips total e dois parciais, informações relacionadas ao consumo médio e instantâneo, autonomia, temperatura do ar, relógio, indicador de pilotagem econômica e indicador de marcha engatada.
Eletrônica embarcada
Embora clássicas pautem sua concepção pelo minimalismo, em uma moto com 109 cavalos e quase 10 quilos de torque é de bom tom contar com a tecnologia para ajudar a domar todo seu vigor mecânico.
A Z 900RS Café conta com controle de tração KTRC (Kawasaki Traction Control), que apresenta dois níveis de atuação – além da possibilidade de ser desligado.
No modo 1 a intervenção é menos invasiva, permitindo ao piloto maior liberdade no uso do acelerador, o que resulta em leves patinadas e até mesmo, empinar a frente, mas no modo 2, a intervenção é mais severa, não possibilitando qualquer estripolia.
Sofisticado, o sistema KTRC baseia sua análise a partir do monitoramento do comportamento do chassi em relação à superfície por onde a moto está rodando e levando em conta a inclinação das curvas e seu raio, adapta o seu grau de intervenção, algo que também acontece em relação a diferentes tipos de pneus, levando em consideração seus perfis e coeficientes de atrito. Toda essa enorme gama de gama de informações é processada a uma velocidade de 5 milissegundos.
Não poderíamos deixar de citar o bonito farol dianteiro em LED, bem como a lanterna traseira também em LED, emoldurada pela rabeta em estilo “bico de pato”, uma bem-vinda lembrança dos tempos em que este estilo surgiu.
Impressões
Pra começo de conversa, a moto é muito estilosa e embora não seja uma clássica na mais pura acepção da palavra – como é o caso da W800 –, carrega uma personalidade forte, que irá agradar a uns e desagradar a outros; não é uma unanimidade, talvez, muito em função da bolha, que confere a ela uma aparência que suscita discussões, mas gosto é gosto e não se discute.
Apesar da posição de pilotagem um pouco mais mergulhada sobre o guidão, não cansa os punhos ou as costas do piloto, mesmo em rides mais longos; as pernas ficam confortavelmente apoiadas e o assento contribui para aumentar o conforto, uma vez que sua espuma de boa densidade e a corcova para apoio lombar, ajudam a manter o quadril sempre no lugar certo, reduzindo a necessidade de fazer força nos braços na hora das arrancadas.
E estas são vigorosas, afinal, os números que apresenta de performance refletem-se em seu apetite por saídas fortes. Por outro lado, como é dócil essa moto: andando na moralzinha, nem parece que você está na mesma Z 900RS Café que acelera com tanta empolgação. Parte desta versatilidade vem da sua eletrônica, desde os mapas que governam o seu funcionamento, até o controle de tração, que se encarrega de domar a fúria e evitar sustos desnecessários – item fundamental para auxiliar, principalmente, os inexperientes e os afoitos em demasia.
Com muito torque, a moto na estrada é uma delícia, afinal, a elasticidade proporcionada pelos seus quase 10 kgf.m de torque exigem poucas trocas de marcha para se buscar velocidade.
Em curvas, a moto passa muita segurança, resultado de um set muito bem resolvido de suspensões e seus múltiplos ajustes, com pneus radiais e rodas de alumínio, que promovem além de aderência, trocas de direção com rapidez, enquanto que os freios são espetaculares: precisos, progressivos e com um ABS muito bem calibrado.
O único senão fica por conta do preço: R$ 49.990, o mesmo da irmã RS tradicional, mas R$ 3.500 mais cara que a Z900, que apresenta ainda mais tecnologia embarcada, entretanto, este é o custo do estilo, que muitos não levam em conta na hora de decidir pela compra, afinal, são motocicletas de propostas diferentes.
Ficha Técnica
Motor: quadricilíndrico DOHC, 16V, refrigeração líquida
Cilindrada: 948 cm3
Alimentação: injeção eletrônica
Diâmetro x Curso: 73,4 x 56 mm
Potência: 109 v a 8.500 rpm
Torque: 9,7 kgf.m a 6.500 rpm
Câmbio: 6 velocidades
Chassi: berço duplo
Susp. Diant.: USD (invertida), 41 mm diâmetro, 120 mm curso, 10 ajustes compr., 12 ret e pré-carga
Susp. Tras.: monoamortecedor com link, 140 mm curso, regulagens pré-carga e ret.
Freio Diant.: discos duplos 300 mm, pinça monobloco 4 pistões e fix radial, com ABS
Freio Tras.: disco 250 mm, pinça de dois pistões, com ABS
Pneu diant.: 120/70-ZR-17
Pneu Tras.: 180/55-ZR-17
Peso: 215 kg
Tanque: 17 l
Preço: R$ 49.990