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Neste tour pelo Marrocos, a motociclista Rosana Draschi conheceu as belezas, a cultura e os contrastes de um lugar fascinante

Por meio da empresa Moto Atacama Entretenimento, tive a oportunidade de conhecer um país de beleza impar e com uma cultura é irresistível.  Ali se misturam árabes e bérberes e os idiomas falados são o árabe, o tamazight e o francês. Espero que este artigo, assim como as fotos que o ilustram, alimente o seu sonho, também, de conhecer esta fascinante país, repleto de histórias e de belos caminhos para nós, motociclistas.

Nosso tour começou em Lisboa, rumo à Tavira (Portugal), com um percurso de 331 km e um pessoal animado e ansioso por encarar esta nova aventura, compartilhada com novos e velhos amigos. No caminho, fizemos uma parada para o almoço na Vila de Castro Verde, em um restaurante típico e que servia boa comida. Em nossa saída, pegamos um pouco de chuva, mas a viagem prosseguiu e tivemos apenas um imprevisto: nosso carro de apoio teve problemas, sendo prontamente substituído. Uma vez em Tavira, aproveitamos para conhecer o centro histórico e a Pousada do Convento da Graça, onde jantamos e demos boas risadas.

No segundo dia, seguimos para Tarifa (Espanha), em um percurso de 380 km. A partir dali, o coração bateu mais forte, já que estávamos prestes a atravessar o majestoso Estreito de Gibraltar. Fizemos uma travessia tranquila e confortável, apreciando uma vista que nos deixou ainda mais ansiosos.

CHÁ E SIMPATIA

Amigos são para todas as horas. A certo ponto da aventura, o companheiro e piloto Odair foi tomado por uma forte gripe e, contando com o reforço do carro de apoio e sua equipe, ele e a moto seguiram de carona. Uma vez que sua esposa, Sachie, não queria perder nenhum instante da viagem, eu a trouxe em minha garupa, ao longo de. três dias.

Enfim, motos embarcadas no ferry, rumamos para Tanger. Passada a fronteira, com suas formalidades e números de registros carimbados em nossos passaportes, começamos a desfrutar das belezas de Marrocos, incluindo um belo pôr do sol.  A chegada a Tanger foi emocionante, pois estávamos em meio a uma cultura diferente da nossa. A recepção no hotel foi com chá de hortelã e muita alegria, já que os brasileiros são muito bem-vindos por lá. Lembrando que precisamos ter muita atenção ao trânsito, um pouco imprevisível, tanto no que se refere aos veículos como às pessoas e animais.

 No terceiro dia, a caminho de Fez, passamos por Chefchaouen, conhecida como a “Cidade Azul”, cujo visual é encantador. Ali, desfrutamos de um almoço com comidas típicas, com muitos legumes e o famoso Tajine, e até a companhia de um sheik, muito receptivo. Neste dia, percorremos 335 km através de boas estradas.

 Em Fez, tiramos um dia de passeio. Na Medina há um comércio com muitas tradições locais, onde encontramos uma variedade de produtos, desde couro preparado em curtume até roupas bordadas a mão por homens. Encontramos, também, bules e pratos de prata, farmácias com remédios a base de ervas, açougues ao relento, tapetes feitos a mão (que levam até nove meses para ficarem prontos) e o famoso óleo de Argan.

É um local de muito movimento – por isso, sempre circule com um guia, se não poderá se perder em um labirinto de ruelas. E se ouvir alguém gritando “Balac Balac”, saia da frente! São os burricos correndo para entregar sua carga. Também é muito bonito ouvir o toque de chamada para as orações nas mesquitas. Todos os homens param o que estão fazendo para se dirigir à Mesquita mais próxima. Medina é um lugar de muitas cores, cheiros e tradições.

Os homens cuidam de seus comércios, enquanto as mulheres mantém a tradição, não podendo se expor tanto ao contato com outros homens e até com os turistas. Todas usam a vestimenta que só permite ver a cabeça e o rosto e algumas ainda usam a burca, na qual apenas os olhos ficam à mostra. Não é permitido tirar fotos com elas.

ÓLEO DE ARGAN

No quinto dia, seguimos para ErRachidia, passando pelos Alpes (Montanhas) Atlas e conhecendo a Suíça Marroquina, a cidade de Ifrane. Mesmo no deserto, avistamos neve e sentimos frio, mas é um lugar maravilhoso. Neste trecho, tivemos a oportunidade de ver a fabricação do óleo de Argan. É inimaginável a sua produção – as cabras colhem as sementes para comer, derrubando várias no chão, e depois, manualmente, em uma roda de pedra, as sementes de Argan são trituradas até a extração do óleo, utilizado na produção de cremes e na culinária.

No sexto dia, apenas 140 km separavam ErRachidia de Merzouga, mas no caminho, paramos para visitar o Oásis Ziz, local onde me ofereceram dez camelos para que eu ficasse e me casasse com o dono de uma pousada (que já tem mais três esposas!). Esta cultura é normal para eles, e um pouco assustadora para nós. Não consigo me imaginar morando no deserto sem poder pilotar uma moto!

 Chegamos a Merzouga, no Albergue Les Dunes D´or, que fica no meio das dunas, onde pudemos ver o pôr do sol, passear de camelo e atolar algumas motos na areia. Um hotel em meio ao nada, no deserto… Maravilhoso!

No sétimo dia, seguimos para Boulmanedades, a 303 km de distância. Paramos em Alnif para tomar uma água e conhecer o artesanato e os fósseis encontrados naquela região. O almoço foi em um hotel a caminho da Garganta de Todra, estrada muito estreita e de lindas paisagens, que nos levou ao Rio Todra, de água cristalina e que atravessa as Montanhas Atlas. É uma das maiores atrações de Marrocos, por seus desfiladeiros que chegam a 160 metros de altitude. Neste percurso montanhoso, vimos frequentemente o símbolo Yaz (ⵣ), que representa, em Berbere, um homem livre, o que não era tolerado até pouco tempo atrás.

No oitavo dia, seguindo para Ait Benhaddou, passamos pelo Vale do Dades, com uma estrada um tanto peculiar. Ait Benhaddou é a cidade onde ficam os museus de cinema e onde foram rodados filmes famosos, como “A Múmia”, “Gladiador”, “Lawrence da Arábia”, “Alexandre” e “O Príncipe da Pérsia”. Um lugar lindo de se conhecer, e onde pude ter uma ideia de como são os cenários usados nessas superproduções. Pudemos visitar a sala onde ficam todos os materiais de filmagem, incluindo câmeras muito antigas e vestuários de alguns filmes. Nossa estadia em Ait Benhaddou foi no Hotel Riad, lugar com uma vista de encher os olhos e no qual realmente nos sentimos em meio ao deserto.

 No nono dia, apenas 195 km nos separavam da segunda maior cidade do Marrocos. Assim como Fez, Marrakech tem uma parte “nova” e uma outra mais “antiga”. No caminho para lá, contemplamos as lindas montanhas dos Alpes Atlas. A chegada a Marrakech exige muita atenção. O trânsito é abundante, pesado e caótico, mas é possível transitar por ali desde que se tenha muita paciência.

O ponto turístico principal é a Praça Jemaa El Fna, ou Djemma El Fna, nome que pode ser traduzido como “Assembléia dos Mortos” – pois, no passado, ali se executavam criminosos, cujas cabeças ficavam expostas para servirem de exemplo. No entanto, também pode ser traduzida como “Lugar da Mesquita Desaparecida”, em referência a uma Mesquita destruída.       

 Na praça encontramos encantadores de serpentes, além de várias barracas com comes e bebes, onde jantamos. Outros artigos em exposição eram roupas e sapatos típicos, lembrancinhas locais e panelas de Tajine.

BELEZAS MAGNÍFICAS

Saímos de Marrakech de volta a Tanger, para a travessia do ferry. O jantar nos esperava em Tarifa, na Espanha, com uma boa noite de descanso. Logo ao amanhecer, no décimo primeiro dia, saímos de Tarifa para conhecer a linda cidade de Sevilha, com 255 km de estradas maravilhosas, e para visitar a cidade de Ronda, considerada o berço das touradas e com belezas magníficas, que incluem os penhascos sobre o Vale do Moinho.

  Depois de um almoço delicioso, seguimos para Sevilha a tempo de conhecer suas ruas, praças e a Catedral Central. É uma cidade grande e maravilhosa, na qual, de tempos em tempos, vemos pessoas dançando o tango. Chegado o décimo segundo dia, rumamos para o nosso destino final, Lisboa, onde a aventura começou, e de onde seguimos de volta para casa.

Tudo de novo?

Se eu faria outro tour pelo Marrocos? É claro que sim! O deserto é maravilhoso, os lugares são incríveis e as pessoas são muito receptivas (elas tentam ao máximo falar o português de Portugal, para nos atenderem bem, e na maioria dos locais em que chegávamos, éramos recebidos com o Chá de menta, de sabor marcante).

Viaje muito, mas não esqueça: sempre faça suas aventuras por meio de uma empresa especializada, para ter todo o apoio e conforto necessários. Desse modo, você terá tempo de sobra para colecionar boas lembranças!