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TRIUMPH SCRAMBLER 1200 XE
O estilo é Anos 60, mas a performance e tecnologia contemporâneas fazem da Scrambler 1200 XE uma motocicleta voltada a quem tem espírito aventureiro, mas que não abre mão da exclusividade.

Texto e Fotos: Trinity Ronzela

Expectativas

Desde o lançamento dessa moto, em julho do ano passado, aguardava a oportunidade de fazer um teste bem abrangente, para tentar responder todas as perguntas que tinha ouvido a respeito dela e para isso, procurei escolher um roteiro com grande apelo visual e terrenos variados, o que me manteve por dois dias inteiros (10 horas por dia marcadas no painel da moto) rodando por volta de 700km entre terra e asfalto, de dia e de noite, com sol e com chuva – muita chuva!!

A moto

Logo de cara a moto arranca um suspiro só de olhar: ela é linda! Rica em detalhes, foi difícil fotografar cada um deles, mas extremamente prazeroso. O motor bicilíndrico de 1.200 cm3, despertou muita curiosidade, pois eu gosto desta configuração e isso atiçou minha vontade de rodar com essa máquina em vários terrenos e situações.

Ela está disponível em duas versões: a super equipada XC (R$ 55.990) e a versão XE (R$  59.990),top de linha, que vem para enfrentar desafios off-road mais severos.

Direto ao ponto

A imensa maioria dos questionamentos que recebi foram a respeito do calor do motor/escapamento. “Esquenta muito?”, “Queima a perna?”, “O calor incomoda?”, entre outras.

Seguinte, a moto é uma Scrambler, motor exposto, 1.200cc, escapamentos próximos da perna, sem carenagens, ou seja, é o estilo da moto. É esperado que o motor e o escapamento esquentem a perna, (semelhante ao que acontece com as motos custom). Andei com vários tipos de botas, roupas, posições e terrenos e senti diferenças consideráveis.

Na estrada e trânsito fluindo, vai “de boa”; trânsito pesado, anda/pára, zigue-zague, vai sentir mais o calor… Questão de acostumar.

Esse calor, na minha opinião, é uma característica; não vejo como defeito ou impedimento para ter essa moto. Obviamente que, se pilotar de terno, vai sentir mais que usando uma roupa de cordura. Faço até um paralelo com os carros: a pessoa compra um Ferrari e reclama que é difícil para entrar e sair do carro, que não é macia….

Visual e detalhes

O estilo retrô misturado com a tecnologia foram usados de uma maneira primorosa! A riqueza de detalhes e capricho já se notam pelo tanque de combustível e o escapamento, obras de arte que expõem o DNA do modelo Scrambler!

Para acessar toda a tecnologia embarcada (não se deixe enganar pelo painel minimalista) existe um “mini” joystick no punho esquerdo para selecionar as inúmeras funções do painel, que “não aparecem” e me fizeram questionar: “onde colocaram tudo isso?”

Entre os destaques tecnológicos da moto estão ABS e controle de tração otimizados para curvas com IMU (Unidade de Medição de Inércia), seis modos de pilotagem (Road, Rain, Sport,Off-Road, Off-Road Pro e Rider, esta última, totalmente configurável pelo piloto), embreagem com torque-assistant, acelerador eletrônico, piloto automático, ignição sem chave, tomada USB e aquecedor de manoplas.

O que conseguimos ver apenas observando a moto são: garfos USD de 200mm Showa na dianteira e mola dupla Ohlins, com 200mm na traseira, ambas ajustáveis para pré-carga, compressão e rebote, braço oscilante em alumínio de 579mm, protetores de mão com barra de alumínio, alavanca Brembo MCS, emblema no tanque, conjunto de iluminação em LED, painel em TFT, regulagem da altura do pedal de freio, rodas raiadas sem câmaras, protetor de motor e o banco reto. Espero não ter esquecido de nada!

Testando na cidade

Ansioso, me posicionei, localizei os comandos básicos e já segui com a moto pelo caótico trânsito de Sampa! Fiquei feliz com a desenvoltura em meio aos carros. Zigue-zagueando junto com as motos menores, em cada parada nos semáforos eram vários elogios àmoto, e não só de motociclistas: ela realmente chama muita atenção. Ela é maior e mais pesada que as motos que estavam no trânsito mas não exigiu maiores manobras para acompanhar o fluxo motociclístico, com a vantagem de, se precisar de motor…

O painel e controles dos punhos exigem, naturalmente, um período de adaptação, mas nada que a prática de alguns minutos e quilômetros não resolva.

A opção de usar a chave no contato ou no bolso é legal, apesar de ir naturalmente para o bolso.

Tenho 1m80 de altura e não vi problemas para pilotar a moto, pelo contrário, ficou confortável demais para minha altura.

Esse estilo é muito agradável, dá a impressão de ser uma moto leve pela falta de carenagens e para-brisa. Me surpreendeu positivamente.

Outro ponto favorável foi a eficiência dos freios Brembo. Os discos de 320mm duplos na frente e de 255mm na traseira fazem o deslocamento no trânsito ser mais tranquilo e confiante.

Merece destaque, nessas ruas irregulares, esburacadas, cheias de valetas mal-feitas, a “paz” que o conjunto de suspensões nos traz, afinal, além de conforto, um bom set de suspensões nos confere segurança. Impressionante!

Pegando a estrada

Ela tem como acessório uma bolsa, que pode ser fixada na lateral esquerda e ajudar no transporte de alguma bagagem, mas optei em rodar com pouca bagagem e fui para a estrada sem ela.

A moto não exige muitas mudanças de marcha, pois os 11,22 kgf.m de torque a empurram de maneira fácil e confortável.Já na estrada, vamos lembrar, é uma Scrambler, sem carenagem, de 1.200 cm3 e 90 cv a 7.400rpm, ou seja, não é uma moto para andar (mesmo que ande) a 150, 160, 170km/h. É uma moto para curtir, ver a vida passar mais devagar, sem pressa. Se precisar, ela vai empurrar até o limite, mas não é a tocada mais confortável. Mantendo os 120km/h vai tranquila, sem precisar azular as pontas dos dedos para se segurar na moto. Se precisar acelerar para ultrapassar, basta girar a mão… Ela entrega! Mudança de trajetória? Fácil e rápido: a moto é na mão.

Em determinado trecho da viagem, na serra, curvas abertas e fechadas faziam parte da diversão. A moto é segura e estável.

Hora de sujar

Entrando na estrada de terra, inicialmente coloquei no modo “Off-Road” principalmente para sentir como era a atuação dos freios e as respostas. O ABS continua atuando na dianteira e deixa de atuar na roda traseira, ótimo! Posição em pé e vamos nos divertir!

A suspensão realmente é ótima! Ignora os buracos, alguma ondulação é passada confortavelmente e se der um salto, pousa macio, e melhor: parece ser uma “motinho” devido à sensação de leveza. A posição em pé também é muito confortável, nada a mexer na altura do guidão. Um detalhe apenas: em pé, automaticamente a perna direita fica mais próxima e até encosta no protetor do escapamento, um detalhe que vai necessitar cuidado devido ao equipamento que vai usar. Usando uma bota de off-road, mais alta que uma bota on-road e mais grossa, não incomoda. Usando uma bota de meia altura ou baixa, vai perder mais proteção que isola o calor. Com a calça, a mesma coisa: usei calça de cordura e não tive problemas nesse trecho.

Testei o ABS com vontade, e garanto: pode confiar. Algumas travadas propositais na dianteira em terreno molhado, com pedras soltas, e tudo bem: ela vai parar!

Gosto muito do motor bicilíndrico principalmente na terra, e com essa força, não é difícil começar a “brincar” com a moto, que permite isso com tranquilidade.

Os pneus originais MetzelerTourancearos 21 e 17 são eficientes para esses passeios on-off road: são muito versáteis, oferecendo muita confiança na terra e atendendo muito bem no asfalto!

Chuva? Pegamos também!

Modo chuva ativado e lá se foram 180km debaixo de chuva pesada, inclusive à noite, para lavar a moto e a alma! O painel muda de cor e continua sendo nítido, com as informações claras, enquanto que o conjunto ótico ilumina muito bem (existem faróis auxiliares como acessório), pois sob chuva forte, é muito importante ver e ser visto!

Detalhes

São 16 litros no tanque; fazendo uma média de 18km/l rodando na cidade, asfalto e terra, isso dá uma autonomia de 280km: na medida, e abastecer a cada 200km é prudente e menos cansativo.

O pedal do freio com duas alturas facilita bastante quando usamos botas off-road e os protetores de mão são firmes e passam segurança.

Resumo

Gostei muito da moto; andei bastante, por várias horas, em vários tipos de terreno e fiquei muito satisfeito! Ela me atende em todos os requisitos e dá prazer de pilotar. Tem um consumo acima do que eu esperava, mas mesmo assim, apresenta autonomia segura.

Não foi o caso – e nem é a proposta – mas em uma viagem mais longa, para acomodar uma bagagem mais volumosa daria trabalho – mas se resolveria.

O pneu sem câmara e as rodas raiadas são muito bem-vindas, juntamente com o aro 21 na dianteira.

Adoraria testá-la mais umas vezes!

Ficha Técnica

TriumphScrambler 1200 XE

Motor: bicilíndrico DOHC, 8V, refrigeração líquida

Cilindrada: 1.200 cm3

Alimentação: injeção eletrônica

Diâmetro x Curso: 97,6 x 80 mm

Potência: 90 v a 7.400 rpm

Torque: 11,22kgf.m a 3.950 rpm

Câmbio: 6 velocidades

Chassi: berço duplo em aço

Susp. Diant.: USD (invertida), 45 mm diâmetro, 200 mm curso, reg. pré-carga, compr. e ret.

Susp. Tras.: bi-shockOhlins, 200 mm curso, regulagens pré-carga, compr. e ret.

Freio Diant.: discos duplos 320 mm, pinça Brembo M50 4 pistões e fix radial, com ABS

Freio Tras.: disco 255 mm, pinça flutuante Brrmbo de dois pistões, com ABS

Pneu diant.: 90/90-21

Pneu Tras.: 150/70-17

Peso: 205 kg

Tanque: 16 l

Preço:  R$ 59.990