A calvície afeta nossa vaidade e autoestima, mas será que nós, motociclistas, estamos todos fadados a ver nossas madeixas indo embora por conta do capacete? É isso que esta reportagem vai esclarecer.
Muita gente que anda de moto e começa a perceber que seus cabelos estão caindo, atribui a potencialização do fenômeno ao uso do capacete. Mas será que isso tem a ver? Até que ponto usar capacete provoca ou acelera o aparecimento da temida – para muitos – careca?
“O capacete não provoca a queda de cabelos”, garante Alessandra Anzai, médica dermatologista e assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “A alopécia androgenética (nome científico para a calvície) acontece por predisposição familiar e está relacionada à ação dos hormônios masculinos no folículo capilar”, complementa.
Mesmo assim, a médica salienta que quem pilota, principalmente de maneira frequente, deve tomar alguns cuidados em relação à higienização do capacete, uma vez que ele é um ambiente com grande potencial para a formação de colônias bacterianas e de fungos.
“O capacete vai abafar o couro cabeludo e isso vai provocar suor, gerando umidade. E todo ambiente onde há calor e umidade é propício para a proliferacão de micro-organismos que podem causar o aparecimento de fungos e bactérias que podem provocar dermatites no couro cabeludo e isso sim, pode provocar coceira, descamação e irritação do couro cabeludo, promovendo a queda, mas quando estes problemas são solucionados e a pessoa não tem tendência à alopécia, o processo é transitório e a pessoa não ficará com falhas”, explica.
Outros fatores
Entretanto, existe um outro tipo de queda de cabelo que não depende de fatores genético-hereditários, mas sim, da ação do capacete. A alopécia por tração manifesta-se quando os fios são submetidos a um processo constante de tensão, estressando suas raízes e gerando um processo de queda. Isso nos mostra como é importante observar se o capacete não está tensionando os fios no momento em que é colocado na cabeça.
Uma dica que pode contribuir para minimizar a tensão é usar um condicionador ou mesmo uma máscara capilar que irá reduzir o atrito entre os fios e o forro do capacete. E nunca é demais lembrar: capacete tem de ser do tamanho exato de sua cabeça.
Se você estiver observando que seus cabelos estão caindo, calma: não vá atrás de receitas milagrosas ou mesmo de “dicas” dadas por conhecidos ou retiradas da internet, pois a perda de cabelos pode não estar relacionada somente ao fato de o teu pai ou avô ser ou ter sido careca.
Segundo reportagem publicada na revista Veja Saúde de 2 de outubro de 2018, estudos científicos recentes apontam 11 fatores principais que estão relacionados à queda de cabelos:
- Síndrome metabólica
- Cigarro
- Anemia
- Problemas intestinais
- Doença renal crônica
- Sífilis
- Micose
- Ovário policístico
- Disfunções da tireoide
- Estresse crônico
- Doenças autoimunes
Mas além destes, pode colocar aí também a menopausa e a andropausa, uma alimentação pobre em nutrientes, envelhecimento, ansiedade, período pós-parto, uso de produtos químicos nos fios e ingestão de certas medicações.
Existe também um tipo específico de queda que provoca o aparecimento de áreas sem cabelos no couro cabeludo, a alopécia areata, que é provocada por fatores genéticos ou mesmo por doenças autoimunes como vitiligo e lúpus.
“O primeiro passo é fazer um diagnóstico. Existem vários tipos de quedas, cada uma com tratamento específico e é o dermatologista quem vai dizer se a queda é temporária – e sozinha vai se reverter – ou se há necessidade de tratamento para recuperação dos fios”, alerta a Dra. Alessandra Anzai.
Assim, para evitar que seu capacete cause alguma doença capilar, procure mantê-lo sempre limpo: lave o forro com frequência e use produtos antissépticos para lavagem a seco quando não for possível e sempre que voltar de um rolê, deixe-o secando ao sol.