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De uma roupa de borracha feita a mão – mas inovadora – a Mormaii tornou-se uma gigante, com tentáculos espalhados em vários segmentos, entre eles, o de duas rodas, onde volta a acelerar.

Texto: André Ramos

Fotos: Divulgação

Em 1979, Marco Aurélio Raymundo, um então jovem nascido em uma família de grana de Porto Alegre, deixou para trás o conforto que desfrutava e desembarcou em Garopaba com um a mulher, um filho ainda bebê e uma mala de roupas. 

Uma vez lá estabelecido, Morongo, apelido de Marco Aurélio, além de pegar ondas, passou também a atender a comunidade local em suas demandas médicas: quem podia, pagava; quem não podia, dava algo em troca (valia galinhas!) e quem não tinha nada para dar, era atendido do mesmo jeito.

Um dia, ministrando um curso de mergulho no sul da Argentina, observou que a gola das roupas de borracha eram feitas de uma borracha mais fina e flexível. Pesquisando, descobriu o que era, comprou um lote e começou a costurar suas próprias roupas de borracha usando técnicas de sutura cirúrgica. A rapaziada foi à loucura. Para dar conta dos pedidos, Morongo passou a empregar em sua pequena fábrica vítimas da Hanseníase, párias que assim passaram a conseguir se sustentar.

O nome Mormaii é um acrônimo formado pelas sílabas Mor, de Morongo, Ma, de Marisa, a ex-mulher, e ii, de Hawaii, um nome fácil de falar em qualquer língua e que se tornaria sinônimo de uma marca que nunca despiu-se de suas origens e da proposta de oferecer produtos de qualidade a quem compartilha de um estilo de vida leve, saudável e alto astral.

Mundo moto

Mas o que pouca gente fora do meio duas rodas sabe é que a Mormaii carrega em sua história um legado deixado pelo maior campeão do motociclismo brasileiro. Ninguém conquistou mais títulos na história do motocross nacional que Pedro Bernardo Raymundo, o Moronguinho, irmão mais novo de Morongo. Foram 14 campeonatos, seis na 250 e oito na 125.

Mas foi apenas em 2009 que a empresa decidiu emprestar seu nome para criar uma linha voltada ao motociclismo. Fruto de uma parceria com a Lucca, foram criados os primeiros capacetes e em 2013 veio a primeira moto. Batizada de VT 250, era destinada ao enduro e trilhas e junto com ela, também foi apresentado um reboque de design inovador, mas o projeto foi descontinuado em 2016.

Agora, em 2021, a Mormaii novamente volta a abrir o acelerador, graças a uma nova parceria, esta feita com a RF Motorsports, capitaneada por Fernando Rocha, empresário do setor gráfico e ex-piloto de kart.

Mas antes de esboçar seu primeiro produto, a nova empresa percebeu que teria um desafio a mais à sua frente: recuperar a confiança dos lojistas. “Havia um ano que não eram abastecidos e a empresa anterior saiu deixando um rastro complicado no relacionamento com eles. Mas depois de muito trabalho, começamos a reverter isso mostrando que somos uma outra empresa, em uma nova fase, formando um novo conceito”, explica.

Depois de cerca de nove meses desenvolvendo fornecedores, finalmente foi apresentado no começo deste ano o M1, um capacete que devido suas características, já está surpreendendo o board da empresa. “Inicialmente seria voltado ao público das motos pequenas, mas já estamos vendo-o com que tem motos grandes e esportivas”, garante Rocha.

Mas a pandemia trouxe um desafio a mais enorme para a nova empreitada. “Imagine você comprar o produto com o dólar a R$ 4,00 e ter de pagá-lo valendo R$ 5,65; um contêiner, que antes saía 1.000 dólares, agora chega a custar 8.000, mas estamos buscando a máxima eficiência para suportar esta fase”, revela, acrescentando que logo mais, novidades virão. É só aguardar.