Praticar o motociclismo exige um trabalho comportamental para antecipar ações, discernir atos seguros e executar manobras com habilidade e segurança. A inteligência deve ser a primeira regra da pilotagem
TEXTO E FOTOS: OSWALDO FERNANDES JR.
A velha jaqueta de couro, rebeldia, atitudes hostis, capacete aberto e a combinação de brigas, bebedeiras e motociclismo devem ser aposentadas e deixadas no passado – ou simplesmente relembradas em filmes divertidos e temáticos de Hollywood. O mundo mudou, assim como as motos, e os conceitos e atitudes devem ser revistos e respeitados. Não adianta novas motocicletas para conceitos antigos. Adequar comportamentos nas dinâmicas das vias, aumentar a segurança, ter maior domínio sobre a máquina, possuir controle emocional e observar regras e regulamentos implicam em respeito à vida. O motociclismo desbrava novos caminhos, mais seguros, com muita atitude e mudanças de comportamento. Isto é o motociclismo inteligente e seguro.
Todavia, antigos conceitos ainda prevalecem sobre a modernidade. Não adianta as motos possuírem o estado da arte em tecnologia, tais como ABS, módulos de mapeamento de motor, controle de tração, suspensão inteligente, dezenas de sensores, computadores e módulos eletrônicos de controle, se a inteligência do piloto não estiver preparada para conhecer e utilizar adequadamente cada tecnologia disponível.
Elevar o emocional, comprar a moto dos sonhos, vestir o manto da soberba, elevar a vaidade e voltar aos atos de inconsequência juvenil, por muitas vezes, não começam ou acabam bem. O tamanho da motocicleta e a quantidade de adereços despojados não impõe respeito, muito menos diferenciam os motociclistas. Não basta pensar que sabe acelerar, trocar de marchas, inclinar aos limites, utilizar técnicas de contra esterço, ter um líder para copiar e conhecer uma turma animada para curtirem o universo das duas rodas. Velhos hábitos continuam a provocar novos acidentes. Temos que pilotar com as mãos, e muito mais, com a inteligência: atentos, conectados ao meio e à motocicleta e cientes de que eventuais falhas e despreparos podem levar a danos e prejuízos sérios.
O motociclista deve ser consciente da gestão de riscos, possuir completo domínio da motocicleta, planejar a rota, ter foco, posicionamento seguro, saber avaliar limites, entender a dinâmica das vias e dos usuários, respeitar as diferenças, conhecer as sinalizações e estar predisposto a novos desafios, aventuras e superações. Ser motociclista é ter a atitude de se desafiar, mas, ao mesmo tempo, conhecer limites e respeitar a vida em toda a sua aventura.
O motociclismo exige que o piloto dedique toda a atenção necessária ao meio, além da capacidade de manter a moto equilibrada na via, com rumo certo ao seu propósito. Tanto que, ao pilotar, não temos tempo de pensar em outros assuntos que não sejam a emoção de sentir-se dono de seu próprio destino. A sensação de dominar a motocicleta proporciona prazer a qualquer piloto. A prática do motociclismo inteligente produz saudáveis doses de adrenalina, serotonina, dopamina e endorfina, responsáveis por sentimentos de prazer e felicidade e que ampliam as atividades cerebrais e a sensação de bem-estar.
Ser motociclista requer técnica e habilidade, conhecer competências, propor atos seguros, estar pronto para mudar valores, validar novos desafios e sobreviver às adversidades. Significa respeitar as diferenças e compartilhar conquistas e emoções. Ser motociclista é ter atitude!
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