entrevista-fernando-simonetti-starplast

Ele é o nome por trás do marketing de uma das maiores fabricantes de capacetes do país e nos conta um pouco sobre o que vai na sua cabeça e nos planos da companhia.

Texto: André Ramos

Starplast é o nome que está por trás de três grandes marcas do mercado nacional de capacetes: Peels, Fly e Bieffe.

Tudo começou com Rubens Coelho de Souza, no ano de 1965, com uma revenda de peças de ônibus e caminhões na capital paulista. Algum tempo depois ele fundou a Stardiesel Fiberglass, que industrializava peças em fibra de vidro. A Starplast só surgiria em 1985 e, dois anos depois, passou a produzir capacetes com a marca Star. 

No início dos anos 90, a Starplast comprou a marca Peels e, com um acordo operacional com a italiana Bieffe, trouxe para o Brasil a tecnologia, moldes e componentes dos capacetes da marca para serem fabricados no país.

entrevista-fernando-simonetti-starplast

Com o crescimento da companhia, a demanda por maior volume de produção passou a não mais ser comprovado em sua unidade paulistana e foi então que, em 1999, a Starplast transferiu sua unidade fabril para Iracemápolis, a 386 km da capital paulista e onde  atualmente também funciona a fábrica da GWM (Great Wall Motors), antiga fábrica da Mercedes-Benz.

Nos anos 2000, a Starplast lançou uma nova marca de capacetes no mercado, a Fly, que passou a ser produzida na planta de Salvador, fundada em 2005. Além da inovação e investimento em equipamentos robotizados e a capacidade de produzir mais de 3 mil capacetes por dia nas duas plantas, a excelência nos produtos foi marcante na história da empresa, que foi a primeira indústria brasileira do segmento a ter laboratório próprio de testes e experimentos, garantindo que os capacetes industrializados pela Starplast estejam em conformidade com as normas regulamentadoras da categoria. Além dos produtos atenderem a todos os requisitos de segurança definidos pela legislação brasileira (INMETRO) e de vários outros países, a indústria buscou atestar a qualidade do seu processo produtivo e conquistou a certificação ISO 9001.

Em 2014 a Starplast realizou uma jointventure com a portuguesa Polisport, líder mundial em acessórios para o mundo ciclístico, e passou a produzir cadeirinhas de bebês para bicicletas na planta de Iracemápolis. 

entrevista-fernando-simonetti-starplast

Moto Adventure — E falando em história, uma das imagens que guardo na memória é da dupla André Azevedo e Klever Kolberg, primeiros brasileiros a andarem no Dakar, pilotando as Ténéré 600 com o patrocínio da Lubrax e capacetes Bieffe. Como foi que se deu esta parceria, que depois durou vários anos?

Fernando Simonetti — Na verdade a primeira participação que tivemos com o Klever e o André foi com a marca Peels no rali de 1992/93, só a partir do ano seguinte que a Bieffe passou a ser a marca oficial da equipe. Estivemos juntos em todas as participações com eles desde então. Conheci o Klever através de uma amiga em comum, a Sueli Rumi, isso foi num posto de gasolina na Dutra indo para um Enduro da Independência, foi por coincidência. 

Naquele ano, tínhamos pouco tempo para fornecer os capacetes para o aquela edição do Rali e assim usaram os capacetes que eles já tinham personalizados com a marca Peels. Por coincidência, já eram capacetes Bieffe, recebidos por meio de outro amigo em comum, Roberto Agresti, em 1993 começamos a nossa cooperação com a Bieffe Itália.

Moto Adventure — Como a Starplast vê o cenário do motociclismo de competição hoje no Brasil? Vocês enxergam a possibilidade de repetir alguma parceria parecida?

Fernando Simonetti — Nosso público, ao longo dos anos, acabou se afastando um pouco do motociclismo de competição, mas temos total interesse na continuidade e em fornecer os capacetes para este tipo de pilotagem. Tanto que já estamos buscando e desenvolvendo novos cascos para atender a esta demanda.

entrevista-fernando-simonetti-starplast

Moto Adventure — A Starplast administra três marcas de capacetes voltados a motociclistas (Bieffe, Peels e Fly). Elas não rivalizam entre si? Como fazem para administrar cada marca para minimizar a concorrência e para clarificar a identidade de cada uma delas para que o consumidor as diferenciem?

Fernando Simonetti — A diferença entre as três marcas se dá, principalmente, pelos tipos de capacetes de cada uma delas, que atendem a demandas de pilotagem diferentes. Os grafismos e identidade de cada marca são diferenciais também, que faz com que consigamos colocar cada um frente a um tipo de público e concorrente no mercado.

Moto Adventure — As três marcas estão focadas 100% no motociclista urbano da baixa cilindrada, com penetração na média. Vocês pensam em atacar outros segmentos mais seletos, como fez a Taurus com o lançamento da marca Urban, focada no motociclista das Customs?

Fernando Simonetti — Temos capacetes para públicos diversos. Atendemos a motociclistas que demandam por velocidades média altas com modelos como o B12 da Bieffe. A marca também tem a linha CUSTOM com 3 cascos diferentes, sendo um aberto, um estilo Enduro e outro fechado, todos com o estilo Old School. Além destes, estamos desenvolvendo novos cascos que atenderão a outros públicos, como o de motovelocidade com capacetes de fibras de Carbono ou de vidro e outros tipos, como o novo Enduro para a Bieffe.

entrevista-fernando-simonetti-starplast

Moto Adventure —Recentemente a Starplast mostrou-se vanguarda ao lançar capacetes com grafismos desenvolvidos com inteligência artificial. Sabemos que você estuda e pesquisa bastante sobre este assunto e sobre tendências junto ao cliente e na gringa. Fale um pouco sobre esta inovação.

Fernando Simonetti — O uso de inteligência artificial para diversos fins está cada vez mais presente em todas as vertentes de negócios. Saímos à frente de muitas marcas com o lançamento de um produto desenvolvido desta forma. Nossa pesquisa é constante e sempre inovadora. Já temos diversas frentes sendo aplicadas em processos na parte de desenvolvimento, que obviamente se tratam de formas sigilosas por enquanto. Mas muitas novidades vêm aí!

Moto Adventure — Falando em desenvolvimento, fale para o nosso leitor como se dá o processo de desenvolvimento e depois, d e homologação de um capacete. Por onde ele começa, quanto tempo leva na fase de projeto e design, depois, quanto tempo mais para homologação no Inmetro, quantos capacetes são necessários para os testes no instituto, etc.

Fernando Simonetti — O desenvolvimento de um novo capacete é um processo longo e moroso, muitas vezes. Com tecnologia e inovação este desenvolvimento pode ser reduzido em meses e é o que estamos buscando, cada vez mais, com estudos e implantações de sistemas. Um casco pode levar de um ou dois anos como até cinco ou seis anos para ficar pronto e homologado para ser comercializado. O desenvolvimento começa no desenho do casco, análise do seu uso, dos componentes, testes, processos de melhorias, amostra, molde e os ajustes necessários. No nosso laboratório interno podemos atestar o produto em todas as suas vertentes de segurança e qualidade para então, somente quando estiver 100%, encaminharmos para o INMETRO realizar a certificação, um processo que ainda pode levar alguns meses para ser concluído.

entrevista-fernando-simonetti-starplast

Moto Adventure — Uma dúvida que sempre nos chega é sobre intercomunicadores. Como vocês têm o Smarttrip, eu gostaria que você nos ajudasse a esclarecê-la. Afinal de contas, pode ou não pode usar o dispositivo?

Fernando Simonetti — O SmartTrip não é intercomunicador, mas sim, um sistema de fonia, certificado pela Anatel, que permite conectar, via Bluetooh, o celular ao capacete. Com o sistema de autofalante interno instalado no capacete (temos cascos preparados para receber este sistema), o piloto poderá receber orientações do celular, de acordo com o uso de aplicativos que ele possa usar – como o Maps, Waze ou mesmo escutar músicas, da forma que ele desejar. O autofalante dentro do capacete pode ter volumes monitorados pelo próprio usuário, não atrapalhando a pilotagem. 

Hoje, parte da proibição é em razão do uso de fone de ouvidos, que acaba prejudicando a percepção de sons do entorno do piloto, durante a pilotagem ou ainda, em caso de um acidente, ser um grande risco físico o uso de fones.

entrevista-fernando-simonetti-starplast

Moto Adventure — Como foi que pintou a parceria com o empresário/ator Felipe Titto? Já é possível traçar alguma análise de resultados sobre esta parceria?

Fernando Simonetti — Com a mudança de marca da Bieffe, desenhamos a persona do motociclista da marca e a imagem dele foi diretamente ligada. O estilo de vida, de negócios, o tipo de moto que usa e do que gosta, além do estereótipo físico. Esta parceria vem dando certo há um ano e contar com este nome tem sido muito importante para nós.

Moto Adventure — Para finalizarmos, o que é possível falar a respeito do que está por vir?

Fernando Simonetti — A grande novidade está dentro da linha Premium da Bieffe, que apresentamos durante o Festival Interlagos 2023. Com pelo menos 5 novos cascos para a marca, atingiremos mais públicos específicos que vêm buscando inovações e boa oportunidade de compra. Além disso, a PEELS também está com novo posicionamento de marca, atrativo e urbano, e chega em 2024 com um novo casco, além de abrir opções para o já renomado Icon, agora com versões com e sem óculos. A Fly tem novo casco para ser lançado já nos próximos meses e para 2024 apresentará novos capacetes fechados no mercado. Muita novidade vem por aí!