Ele está na Honda há 24 anos e atualmente é responsável pela área comercial da companhia. Conheça um pouco sobre a sua trajetória, como ele analisa o mercado e o que está prevendo vir pela pela frente.
Após formar-se em engenharia mecânica, Marcelo Langrafe ingressou na Honda em 1998, na divisão de Serviços Pós-Venda de automóveis da marca. Sempre buscando evoluir, ao longo de mais de 20 anos, passou por diferentes atividades até chegar à Diretoria de Serviços Pós-Venda, onde coordenou uma profunda reestruturação da cadeia de suprimentos de peças de reposição.
Após um trabalho bem-sucedido, em abril deste ano, assumiu a Diretoria Comercial da Moto Honda com a visão para o mercado brasileiro e hoje sua atribuição é focada em liderar as atividades de vendas, marketing, planejamento comercial e desenvolvimento da rede de concessionárias, tanto do negócio de motocicletas como da linha de motores e máquinas.
Ele nos concedeu uma entrevista, a qual você acompanha a partir de agora.
Boa leitura.
Moto Adventure – Muito obrigado por conceder uma parte de teu tempo para conversar com os leitores e seguidores da Moto Adventure. Vamos começar nosso bate-papo contigo falando um pouco sobre tua carreira? Fale um pouco a respeito de tua trajetória dentro da Honda. Por onde começou, por onde passou, até chegar nesta posição.
Marcelo Langrafe – Ingressei na Honda em 1998, formado em Engenharia Mecânica, na divisão de Serviços Pós-Venda de automóveis da marca.
Ao longo de mais de 20 anos de atuação na empresa, em função da cultura de desenvolvimento, passei por diferentes atividades e cheguei à Diretoria de Serviços Pós-Venda, onde coordenei uma profunda reestruturação da cadeia de suprimentos de peças de reposição.
Em abril deste ano, assumi a Diretoria Comercial da Moto Honda com a visão para o mercado brasileiro. Minha atribuição hoje é focada em liderar as atividades de vendas, marketing, planejamento comercial e desenvolvimento da rede de concessionárias tanto do negócio de motocicletas como da linha de Motores e Máquinas.
Além disso, auto como Diretor de CRM corporativo (Gestão de Relacionamento com o Cliente) para todas as empresas do grupo. A iniciativa busca digitalizar a jornada do cliente, fortalecendo ainda mais a fidelidade e confiança junto à marca.
Moto Adventure – Como a sua atuação dentro da marca impacta a operação da Honda no Brasil?
Marcelo Langrafe – A área comercial é responsável por conectar às necessidades dos clientes aos produtos e serviços e às mais variadas dimensões do negócio e da operação. Portanto, sob uma óptica mais conceitual, a área comercial é o principal responsável por garantir uma cultura corporativa que coloque o cliente no centro das decisões.
No caso da Honda, exercemos esse papel tanto para o cliente final, consumidor que adquire nossas motocicletas, quanto para os concessionários, que são nossos primeiros clientes e que exercem papel fundamental para a satisfação do consumidor final em toda a sua jornada com a marca.
Moto Adventure – Agora que avançamos bastante na superação da pandemia, olhando para trás, como você analisa este período que a indústria atravessou? E quais foram os aprendizados que ela trouxe à marca?
Marcelo Langrafe – A pandemia impôs diversos desafios à gestão dos negócios.
A velocidade de decisão e a flexibilidade foram os pontos essenciais para adaptação de todas essas dimensões do negócio à nova realidade imposta pela pandemia. Nossas prioridades, desde o início, foram preservar a saúde e segurança das pessoas e, ao mesmo tempo, garantir a continuidade do atendimento aos clientes.
Acredito que um dos grandes aprendizados que podemos tirar de tudo isso é a importância da resiliência, da inovação e do trabalho em equipe. Milhares de colaboradores, fornecedores, concessionários, profissionais da imprensa e outros parceiros de negócios contribuem, todos os dias, para que a Honda seja uma empresa respeitada e valorizada, em todos os segmentos em que a marca atua.
Moto Adventure – Qual análise você faz da presença da Honda no mercado brasileiro de duas rodas? Como compara seus números e o line up de produtos em relação ao período pré-pandemia e mesmo à concorrência?
Marcelo Langrafe – A Honda é líder do segmento de motocicletas no país e conta com o maior line up do mercado, com modelos que vão desde uma Pop 110i até a GoldWing, Fireblade, entre outros modelos. Atendemos com satisfação os diversos clientes, oferecendo o melhor produto para cada perfil.
No atual cenário, a empresa tem registrado resultados positivos em emplacamentos e produção. Analisando os dados mais recentes, de janeiro a setembro de 2022, o crescimento é de, aproximadamente, 20% nos emplacamentos, se comparado ao mesmo período do último ano.
Os bons resultados são consequência do continuo fortalecimento de nosso line up e estratégia comercial e do aumento na demanda pela motocicleta. Há uma maior utilização do veículo para o trabalho e, além disso, a cada dia, mais usuários têm optado pela motocicleta como uma solução de deslocamento para o dia a dia, por ser um veículo ágil, econômico e com baixo custo de manutenção.
Moto Adventure – Quais são os principais desafios que a Honda tem pela frente a partir de agora?
Marcelo Langrafe – É sempre desafiador nos mantermos no topo e, mesmo para uma empresa líder de mercado, existem desafios e oportunidades de melhoria e inovação. Precisamos sempre estar atualizados e ouvir o cliente, entender o que as pessoas querem, quais são as tendências de consumo.
Também buscamos criar experiência únicas, seja nas lojas físicas ou digital. Dessa forma, queremos fortalecer a marca e a imagem de nossos produtos e serviços para conquistarmos, ainda mais, os fãs e clientes Honda.
Seguimos acreditando no potencial do mercado brasileiro e, por isso, temos investimentos contínuos no fortalecimento do line up. A Honda tem muitas novidades pela frente e anunciaremos em breve importantes lançamentos, em diversos segmentos, para que possamos oferecer sempre o melhor produto para os consumidores.
Moto Adventure – Estamos diante de uma mudança de paradigma quanto à matriz energética, onde começa-se a discutir de maneira cada vez mais intensa alternativas aos combustíveis fósseis. Este ano a Kawasaki já apresentou em Colônia sua EV e diversas start ups estão surgindo nos cenários nacional e internacional visando oferecer alternativas. Como a Honda está se posicionando neste cenário?
Marcelo Langrafe – A visão de longo prazo da Honda é liderar o avanço da mobilidade e alcançar a neutralidade de carbono em seus produtos e atividades corporativas
Para o segmento de duas rodas, a empresa, globalmente, pretende alcançar a neutralidade de carbono para todas as motocicletas durante a década de 2040. Entre as iniciativas, a empresa anunciou um plano global para apresentar 10 ou mais modelos de motocicletas elétricas até 2025, além de continuar avançando a tecnologia de seus modelos com motores de combustão interna.
Considerando o mercado brasileiro, a Honda vê potencial e estuda alternativas para modelos elétricos, contudo, no momento, não há um plano concreto para anunciar. Vale ressaltar que o Brasil é pioneiro no desenvolvimento e melhoria contínua da tecnologia de combustível flex, que seguirá como solução prioritária da marca para avançar no país rumo à neutralidade de carbono no segmento de duas rodas.
Moto Adventure – Recentemente a marca revelou a Forza 350. Já é possível fazer uma avaliação da performance comercial deste produto? E como as scooters são vistas dentro da Honda?
Marcelo Langrafe – As scooters tem se consolidado como um dos veículos favoritos dos brasileiros nos deslocamentos urbanos e uma alternativa complementar ao automóvel e ao transporte público. Os dados de emplacamento do setor podem comprovar isso. No último ano, foram mais de 39% de crescimento, com cerca de 104 mil unidades emplacadas, um recorde histórico.
A Honda é líder de mercado com 60% de participação e para isso tem um line up diversificado, para atender diferentes perfis de clientes. O mais recente lançamento, a Forza, se une aos demais modelos para completar a gama de opções que a marca oferece e teve excelente aceitação. Temos modelos mais urbanos como a Elite e PCX, voltadas para o deslocamento diário dentro das cidades; já a ADV apresenta ótimo desempenho no dia a dia, mas também traz um DNA aventureiro; além da X-ADV, uma scooter de alta cilindrada, que pode ser utilizada no dia a dia, mas que também é voltada ao motociclismo de viagem, encarando com desenvoltura terrenos fora da estrada.
Sem dúvidas, é o segmento que mais cresce e a Honda seguirá fortalecendo a sua atuação para consolidar ainda mais a sua posição de liderança.
Moto Adventure – E ainda falando sobre scooters, ano que vem, acontecendo a segunda edição do Salão da Scooter, vocês pensam em estar presentes?
Marcelo Langrafe – Presente no marcado brasileiro há mais de 50 anos, líder absoluta no segmento, a Honda sempre incentivou e participou dos eventos que tenham como missão promover a aproximação da marca com seus fãs e clientes.
Contudo, nesse momento, estamos focados nos importantes eventos a serem realizados ainda 2022 e, portanto, é cedo para confirmar a nossa participação em uma eventual segunda edição do Salão da Scooter.
Moto Adventure – Como avalia o programa RedRider? Faça um balanço do que ocorreu este ano e do que espera-se para 2023.
Marcelo Langrafe – O programa RedRider é um exemplo de como a Honda tem investido em experiencias únicas para os clientes de alta cilindrada. Buscamos proporcionar ações especiais de relacionamento e eventos como expedições nacionais e internacionais, cursos de pilotagem e track days, experiencias que reforçam o quanto nosso cliente é especial e o quanto queremos que eles possam desfrutar do prazer de pilotar.
Este ano tivemos importantes eventos no calendário, como a Expedição RedRider Sertões, em que os participantes puderam acompanhar o trajeto feito pela equipe Honda Racing durante o Rally dos Sertões com a Africa Twin. Outra importante expedição foi a Amazônia-Moto GP, no qual os participantes tiveram a oportunidade de cruzar quatro países (Brasil, Peru, Bolívia e Argentina) explorando a Amazônia e a Cordilheira dos Andes com a Africa Twin e ainda assistir ao GP Argentino de Motovelocidade com a torcida da Honda. Além disso, tivemos os cursos de técnicas off-road e de pista com os pilotos Jean Azevedo e Leandro Mello, embaixadores da marca.
Para 2023, a Honda está preparando diversas novidades, entre expedições, cursos e eventos para que os clientes RedRider possam continuar vivenciando experiências únicas.
Moto Adventure – Este ano a Honda voltou a ter uma excelente performance em competições. O que já se planeja para o ano que vem?
Marcelo Langrafe – Em mais de 50 anos de Brasil, a Honda soma 44 anos de patrocínio ao motociclismo nacional e hoje somos o maior apoiador das competições motociclísticas no Brasil. O time da Honda Racing Brasil tem uma forte tradição e incontáveis títulos.
Nessa temporada, a contamos com 18 pilotos oficiais e já conquistamos as principais competições nacionais entre algumas delas: o Campeonato Brasileiro de Motocross na categoria principal, o Arena Cross, o Rally dos Sertões com o campeão Bissinho Zavatti na categoria geral, entre muitas outras vitórias.
Também tivemos bons resultados nos projetos de intercâmbios internacionais com Eric Granado, pela equipe Honda Laglisse, com a CBR 1000RR-R Fireblade SP, no Campeonato Espanhol de Motovelocidade; e a 6ª colocação do Bruno Crivilin com a CRF 250RX na categoria E1 do Mundial de Enduro.
Para o próximo ano, é certo que seguiremos sendo o maior apoiador do esporte à motor em duas rodas, com as equipes próprias Honda, na promoção das categorias de base e no patrocínio aos principais eventos do país.
Ainda vamos divulgar as estratégias de competições para a temporada 2023, fiquem ligados.
Moto Adventure – E para encerrarmos, 2023 será um ano de aceleração ou de contenção, em compasso de espera? De que maneira o resultado das eleições pode afetar os planos da marca?
Marcelo Langrafe – Os resultados do segmento de motocicletas têm sido positivos e demonstram o quanto a demanda por motocicletas está aquecida, tanto em função do setor de entregas, quando a busca por modais de transporte individuais e ainda pela procura por uma opção de mobilidade mais econômica, sobretudo em relação ao consumo de combustível. Para 2023, projetamos crescimento moderado nos emplacamentos e produção.
No ambiente político, sabemos que as eleições fazem parte do processo democrático do país e estamos acostumados com essa dinâmica, visto tudo que já passamos ao longo dos mais de 50 anos em que atuamos no Brasil. Entendemos que um governo que promova o acesso da população a bens e serviços, que desenvolva educação e pesquisa industrial e que invista em políticas públicas em prol do crescimento nacional será benéfico para toda a comunidade.