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Um dos mais conceituados customizadores brasileiros, Fernando Costa abre ao jogo e revela como é viver da kustom kulture no país.

Texto: André Ramos

Fotos: Divulgação Fernando Costa/Spades Kustom Cycles

A maioria das pessoas sonha em fazer aquilo que ama, mas poucos – bem poucos – acabam conseguindo conciliar a sua paixão com o que põe o pão na mesa, mas Fernando Costa é um destes felizardos.

Arquiteto de formação, Fernando trabalhou durante 25 anos como fotógrafo de moda e publicidade até que, depois de ter retornado de um período morando fora do Brasil, comprou sua primeira Harley e decidiu customizá-la. “Estudei muita referência para iniciar o processo de customização desta bike e percebi que havia uma grande carência de mão-de-obra. Sempre fui muito exigente em relação à excelência no acabamento dos trabalhos executados em minha moto, então, decidi investir neste segmento para ter a qualidade que eu exigia”, recorda-se Fernando, que a partir de então, tornou-se sócio em uma oficina.

Pouco tempo depois, percebeu que para oferecer o padrão de qualidade e atendimento que almejava, precisaria ter o seu próprio negócio e foi assim que surgiu a Spades Kustom Cycles, em 2007.

No ano seguinte a Spades Kustom Cycles foi convidada para expor suas criações em um dos eventos mais bacanas da primeira década dos Anos 2000, o São Paulo Moto Festival, e desde então a empresa não parou mais de ganhar notoriedade no segmento.

Mas a Spades não é apenas uma oficina de customização: é um ateliê de arte, moda e tendência, antenado com tudo que acontece no exterior. Além de roupas e peças exclusivas de decoração, a Spades é representante de 16 empresas americanas, entre elas, como Biltwell, Lucky-13, La Marca del Diablo, Lowbrow, Progressive Suspension e Performance Machine.

Um artista

Fernando acredita que sua formação é um elemento que define sua característica como customizador. “Sendo fotógrafo e sempre envolvido com arte, tenho uma tendência a dar muita atenção aos detalhes”, e isso é aplicado em cada processo criativo. “Costumo dizer que somos frutos de tudo que vivemos e aprendemos. Então, o olhar, as proporções e o envolvimento com a arte, tanto na arquitetura como na fotografia e design, são partes fundamentais do meu modo de pensar e desenvolver projetos”.

Para Fernando, o bom customizador é um artista com capacidade de conectar o clássico e o moderno, o estilo e a tecnologia e ressalta que o processo criativo é acumulativo: cada produto entregue gera conhecimentos que farão com que o próximo seja melhor.

Para manter-se atualizado, Fernando Costa criou uma rede de contatos no exterior, além de consumir muita literatura especializada baseada em livros e revistas. Nomes como os de Indian Larry, Paul Cox, Russel Mitchel, Shinya Kimura, entre outros são suas referências, bem como eventos como Born Free, Brooklin Invitational e Mama Tried.

Fernando garante que a pandemia não bateu na porta da Spades. “No início, fiquei preocupado porque meu mercado não é essencial para o cotidiano. Mas, logo vi que estava errado. Mantivemos todos os procedimentos necessários e continuamos nosso atendimento com hora marcada”.

Questionado sobre como é viver de customização no Brasil, Fernando respondeu:

– Faço o que gosto. Então, acordo sempre feliz para trabalhar! Tenho a oportunidade de fazer muitas motos para clientes, se não fosse assim, teria que fazê-las para mim. Mas, existem algumas dificuldades como mão de obra, importação e valorização do dólar, etc. A única coisa que me chateia é ver uma moto mal executada; infelizmente, ainda temos pessoas não qualificadas passando por “customizador”.