Para escapar dos congestionamentos, economizando tempo, dinheiro e ganhando qualidade de vida, muitas pessoas estão encontrando na moto e, especialmente nas scooters, a solução para este problema.
Texto: André Ramos
Fotos: Leonardo Vincenzo/Laertes Torrens
Não é de hoje que deslocar-se nos grandes centros urbanos tornou-se uma tarefa bastante desafiadora. O crescimento constante da população, do tamanho das cidades e do número de veículos tem tornado os esforços governamentais poucos eficazes para dar conta de tanta gente e de tanto carro, fazendo com que o trânsito engarrafado seja uma constante e o transporte público, uma tortura diária.
Segundo a pesquisa “Mobilidade Urbana”, realizada pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com o Sebrae, realizada em 2022, o brasileiro que vive em grandes cidades perde, em média, 21 dias por ano preso no trânsito; ou seja, quase um mês do ano perde-se dentro de um carro ou ônibus. A pesquisa ainda mostrou que do dia de um habitante de uma grande cidade, 64,5 minutos vão para o ralo por causa do trânsito, ou seja, mais de uma hora do dia de uma pessoa é desperdiçada nos deslocamentos.
Uma outra pesquisa, esta realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou que cerca de um terço dos brasileiros que vivem em grandes cidades afirmam que o tempo gasto para ir e voltar do trabalho ou da escola aumentou após a pandemia.
Entre os que passam mais tempo se deslocando para atividades de rotina, 8% gastam mais de três horas por dia — 7% ficam entre duas e três horas por dia no trânsito e 21%, entre uma e duas horas, revela uma reportagem publicada no Portal UOL em 21 de agosto de 2022.
Mais da metade (55%) dizem ter sua qualidade de vida afetada em razão do tempo gasto no transporte — e 51% afirmam que o tempo perdido na locomoção impacta na produtividade (a margem de erro da pesquisa, realizada em parceria com Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem, é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%), continua a reportagem.
O estudo ainda aponta que 60% dos entrevistados afirmam que já chegam aos seus compromissos estressados, mesmo percentual que diz chegar atrasada com frequência, enquanto que 23% disseram já ter perdido ao menos um dia de trabalho por terem ficado muito tempo no trânsito.
Especificamente em São Paulo, a pesquisa “Viver em São Paulo: mobilidade urbana”, feita em 2020 pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, mostrou que mesmo durante a pandemia, o paulistano gastava, em média, duas horas em deslocamentos andando de carro e no caso de quem dependia de transporte público, o desperdício de tempo chegava a 2h31, em média. Desde então, novos estudos não foram feitos, mas é evidente que após o final da pandemia, o fluxo de veículos aumentou consideravelmente na capital paulista e em outras grandes cidades, ampliando este tempo gasto no trânsito.
Efeitos colaterais
Diante desta exposição contínua e por várias horas todos os dias, não é de se espantar que o trânsito esteja na raiz de algumas doenças. A tensão por ficar no anda e para por horas, associada à disputa por espaço leva as pessoas a um elevado nível de estresse que despeja cortisol em excesso na corrente sanguínea, aumentando a pressão arterial e acarretando uma série de males físicos e psicológicos como hipertensão, ansiedade, depressão e crises de pânico.
Ficar por muitas horas preso em engarrafamentos também amplia os riscos de lesões na audição, enquanto que permanecer sentado com as pernas encolhidas por muito tempo pode resultar em problemas circulatórios que podem gerar trombose. Além disso, os movimentos repetitivos levam em muitos casos à fadiga muscular e desgaste das articulações, provocando frequentes dores nos ombros, costas e coluna, sem contar que o sedentarismo resultante do excesso de carro e da falta de tempo para dedicar-se à cuidar de si, vai acarretar em ainda mais problemas no curto, médio e longo prazos.
Solução
Não restam dúvidas que a motocicleta é uma grande alternativa para fugir a este caos, afinal, com ela nos livramos dos congestionamentos, estando sempre em movimento, o que gera diversos benefícios.
O primeiro é que nos livramos da ansiedade gerada pelo anda e para, o que também nos faz dar adeus à angústia dos atrasos – só quem já experimentou a sensação de impotência ao perceber que se atrasará ou mesmo perderá um compromisso entende como isso incomoda e gera uma profunda perturbação emocional.
Além disso, esta economia de tempo abre novas janelas de oportunidades para nos dedicarmos a uma série de atividades que antes o trânsito nos roubava, como fazer aquele curso que poderá mudar tua vida, ir para a academia, ficar mais tempo com seus filhos, dormir aquela hora a mais…
No caso da pessoa que anda de transporte púbico, ela se despede de todas as agruras que isso implica, como ficar muito tempo esperando por um ônibus. da impossibilidade de embarcar quando ele chega por estar lotado; do risco de ser assaltado(a) durante a espera e de viajar em condições degradantes em conduções lotadas, sofrendo até mesmo abuso sexual no caso das mulheres.
Em terceiro lugar, temos a economia que uma moto de baixa a média cilindrada (as mais recomendadas para o dia a dia) proporciona também ao bolso, uma vez que os gastos com combustível, seguros, licenciamento, IPVA e manutenção costumam ser muito inferiores aos observados em um carro, mesmo popular.
As vantagens da scooter
Mas entre as motos, uma categoria que não para de ser vista com cada vez mais frequência nas ruas são as scooters. Consolidadas nas cidades europeias e asiáticas, estes veículos demoraram para atrair a atenção do brasileiro, mas na última década, as vendas dispararam.
Em 2012, foram produzidos cerca de 30 mil scooters pelas fábricas brasileiras e o segmento representava somente 1,3% da produção nacional à época, de 1,6 milhão de motos. Em 2022, foram produzidas 121.586 unidades, uma explosão de 305,29%, fazendo com que o segmento passasse a representar 8,9% da produção (dados da Abraciclo).
Este salto representa a compreensão por parte do brasileiro que vive principalmente nos grandes centros urbanos, das vantagens que a scooter oferece em relação às motos.
O câmbio automático CVT dispensa a troca de marchas e isso no ambiente urbano traz muito conforto. Outra comodidade é o espaço para armazenar objetos sob o assento, que pode ser ainda mais ampliado com a instalação de um top case; ainda há compartimentos atrás da carenagem que servem para guardar chaves, controles e outros objetos menores, além de abrigarem geralmente uma tomada 12V ou mesmo USB; os pés vão protegidos pela carenagem, evitando que se molhem com facilidade e que sejam atingidos por detritos; scooters possuem design atraente e contemporâneo, que cativa homens e mulheres de diversas idades; por conta disso, muitos compram uma scooter em vez de uma moto de baixa cilindrada para “não serem confundidos com motoboys”; e por fim, muitas ainda vêm equipadas com itens de ponta como iluminação em LED, sistema start-stop, controle de tração, freios ABS e painel full digital, alguns até com computador de bordo. Por fim, scooters costumam ser leves e baixas, o que facilita seu uso por pessoas menos experientes, além de serem bastante econômicas e ágeis no trânsito.
Troca-troca
Mas para saber, na prática, quais os impactos que a troca do carro e do transporte público pela scooter podem provocar nas rotinas das pessoas, fomos conhecer as histórias de dois personagens.
Marcelo Anhê é executivo de uma grande rede de hospitais. Morador da Zona Norte de São Paulo, demorava cerca de uma hora e meia para percorrer os dez quilômetros do trajeto de sua casa até a sede da empresa. Pilotando motos de alta cilindrada há cerca de cinco anos, aos 57 e cansado de desperdiçar parte de sua vida dentro do carro, ele resolveu realizar um desejo que nutria há muito tempo: ir de moto para o trabalho.
“Essa decisão foi postergada porque andar de moto dentro de uma cidade do tamanho de São Paulo é muito diferente de andar na estrada, mas resolvi comprar uma scooter e ver como seria meu dia a dia, e posso te dizer que depois de um ano e oito meses foi uma decisão muito acertada”, revela Marcelo, que passou a levar no máximo, 25 minutos para chegar ao trabalho.
Desde que comprou sua Honda ADV 150, ele montou uma planilha para comparar quanto gastava com seu carro e quanto passou a gastar com a scooter.
“Cheguei a resultados extraordinários. Meu carro valia cerca de R$ 100 mil; o IPVA dava R$ 4 mil; o seguro, mais R$ 5 mil. Na revisão anual gastava R$ 1,5 mil. Somente estes gastos geravam R$ 10,5 mil ao ano. Já a scooter tem valor venal de R$ 22 mil; o IPVA é de R$ 440 e o seguro deu R$ 880. Fiz duas revisões neste ano (1.000 e 5.000 km) e gastei respectivamente R$ 57 e R$ 127. O total de gastos com a scooter foi de menos de R$ 1.500 e comparando com o automóvel, claramente nota-se a grande economia que obtive”, celebra Marcelo, que conclui: “foi uma excelente opção na minha vida”.
Até seus 37 anos de idade, Deise Carvalho jamais havia andado sequer de bicicleta. Morando em Diadema (SP) e trabalhando na Zona Sul de São Paulo, sujeitava-se todos os dias a longas esperas e a ônibus lotados que muitas vezes sequer paravam no ponto, o que a fazia chegar atrasada com frequência a seu trabalho. “Muitas vezes chegava a brigar para conseguir sentar nos degraus da escada do ônibus”, recorda-se Deise, que ao sair do trabalho, ainda ia para a faculdade, chegando em casa somente por volta da meia-noite, extenuada, para acordar no dia seguinte, após poucas horas de sono.
Diante disso, ela resolveu tomar uma atitude corajosa para sair desta situação: foi atrás de tirar sua habilitação de moto e de comprar uma scooter.
Não se sentindo segura para pilotar, fez um curso de pilotagem que lhe forneceu os conceitos e bases que necessitava para que passasse a encarar o caótico e violento trânsito urbano de São Paulo.
“No início eu ficava atrás dos carros, mas hoje, quatro meses depois que comecei, já estou bem mais desenvolta”, garante. “Excluí os medos que tinha e hoje gasto somente 20 minutos do meu trabalho até chegar na faculdade e da minha casa até meu trabalho são mais 20 minutos”, revela Deise.
“Eu sou alguém que tinha medo, mas que hoje até já pega estrada; a moto está sendo para mim uma terapia e minha qualidade de vida melhorou muito, pois posso dormir até um pouco mais tarde, consigo chegar em meus compromissos com mais agilidade e chegar em minha casa em um horário adequado. Agora eu posso dizer que consigo viver”, emociona-se.
Não restam dúvidas que o trânsito é um ente nocivo e desafiador a todos que vivem e precisam se deslocar nos grandes centros urbanos, que mina a saúde física e emocional dos seus habitantes. Assim, vencê-lo é imprescindível para o resgate da qualidade de vida e para gerar economia de tempo e de dinheiro e neste sentido, a scooter mostra-se como a melhor solução por todos os seus atributos e quem já descobriu isso, não se arrepende.
A você que ainda está se estressando e desperdiçando tempo e vida nos congestionamentos, deixamos o convite: permita-se vivenciar esta experiência. Você não se arrependerá.
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