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Adversidades assolam o caminho da Harley-Davidson em um momento em que tudo parece estar contra a montadora.

Texto: Guigo Pinheiro e Hugo Renault

Quando vimos a Harley-Davidson mudar seu CEO este ano, foi impossível não pensar na enorme quantidade de desafios que o novo executivo teria pela frente: investimento a ser feito no desenvolvimento de novos produtos, possibilidade desses novos produtos não serem bem recebidos pelo público, forte concorrência no mercado doméstico e global… A lista de adversidades é longa. Jochen Zeitz assumiu o posto há apenas sete meses e tem que lidar com elas e com outras que surgem pelo caminho.

Sobre o futuro da linha Sportster, por exemplo, a fabricante optou por não atualizar os motores da família para as normas Euro 5 de emissão de poluentes. Já que todas as motos na Europa devem obedecer às normas já a partir do próximo ano, as Sportster não poderão mais ser vendidas lá. Isso representa um enorme mercado para a Harley-Davidson e a partir de 2021 ele não será aproveitado.

Quando as Sportsters deixarem o Brasil, a Fat Bob passa a ser a moto de entrada.

Aqui no Brasil a marca já havia confirmado o fim da comercialização dos modelos da família, porém sob o argumento de que a decisão foi tomada devido à “taxa de câmbio volátil em moeda estrangeira e, mais recentemente, como muitas outras empresas, o início da COVID-19”.

Também no Brasil, o reajuste válido desde julho fez com que os novos preços ficassem entre R$ 8.500 e R$ 22.200 mais caros e todos os 17 modelos oferecidos pela empresa em nosso mercado sofreram com o aumento. Mesmo que esse reajuste seja amparado pelo argumento da variação cambial, ele provavelmente chegou no pior momento possível. Quando a Iron 883 parar de ser comercializada no Brasil, além de uma enorme tristeza em todos nós, vai deixar o posto de moto mais barata da marca para a Fat Bob 107, custando atualmente R$ 82.900.

Mesmo nos mercados onde a Harley-Davidson é firme e estabelecida, há mudanças. A Bronx, projeto inovador que prometia servir como injeção de ânimo para os consumidores, foi aparentemente cancelado. E a Pan America, a primeira big trail da fabricante, teve o seu lançamento adiado sem data definida.

É difícil imaginar até onde a marca vai conseguir se sustentar vendendo seu lifestyle. Os produtos que estavam sendo aguardados há anos e prometiam inovação, pouco a pouco foram descartados. E o produto que vai assegurar a volta da marca aos seus trilhos e atender a legião de aficionados que não pode se dar ao luxo de desembolsar mais de 80 mil, quando será lançado?