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Olá fã de moto!

Para quem ainda não nos conhece, somos uma dupla que caiu de pára-quedas no jornalismo especializado em motos depois de começar um canal voltado pro tema no YouTube. Desde 2015 estamos nessa, e de lá pra cá muitas coisas boas aconteceram, angariamos um público que não imaginávamos e nos tornamos reconhecidos pelo mercado motociclístico por conseguir produzir um canal que soma informação de excelência a boas doses de humor.
Poder escrever uma coluna na revista Moto Adventure para nós é a chancela do profissionalismo e o reconhecimento de um trabalho que começou por paixão e que sempre foi feito com responsabilidade e leveza.

Então antes de começar, fica aqui nosso agradecimento ao André Ramos, editor chefe da revista, que nos fez o convite para esta coluna, ao jornalista Laertes Torrens Filho, que foi um dos primeiros incentivadores do Motorama já em seu primeiro ano de existência, e também à diretora Vera Miranda, que também acredita, incentiva o nosso trabalho e tornou possível essa parceria que começa aqui.

Para nossa primeira coluna, gostaríamos de contar uma estória, que metaforicamente tem tudo a ver com os novos ventos que a comunicação e o jornalismo motociclístico respiram. Afinal, contar estórias sobre motos é quase tão legal quanto pilotar uma.

Uma lição para sempre

Houve uma época em que tive uma Honda CB400 1981. Não durou muito, mas o tempo que durou foi muito bom. Fiquei muito feliz em consegui-la, afinal aquela era o meu ideal de moto na época, mesmo 34 anos após sua fabricação.

Aliás, será esse fascínio exercido sobre nós, mesmo décadas após sua fabricação, o que torna uma moto clássica tão empolgante? Tudo o que sei é que naquela época, eu estava feliz da vida com a minha CBzona.

Estava sendo apenas o meu segundo dia com ela e fui almoçar. Mal eu sabia que aquele dia iria me ensinar algumas lições. Parei a CB no estacionamento em frente ao restaurante, junto a tantas outras motos e carros, só para poder ficar observando-a lá de dentro e “babando” enquanto almoçava, afinal, eu estava em lua de mel com ela – tenho certeza que alguns de vocês podem se identificar com este sentimento!

Terminada a refeição, levanto-me para ir embora, pego o capacete, as luvas, e a chave… Cadê a chave da moto? Sabe aquela fração de segundo em que seu corpo gela porque percebe que a chave não estava no bolso onde deveria estar, e pior, não está ali com você? Pra piorar, por instinto, lancei um rápido olhar para o estacionamento, na esperança dela ainda estar lá e ter uma pouco de tranquilidade, mas não a vi porque havia uma movimentação de outros veículos na área do estacionamento que me impediu de enxergá-la.

Tudo isso durou apenas alguns instantes mas a única coisa  que conseguia pensar era: “Não acredito que vou perder essa moto no segundo dia!” Durante aquele milésimo de segundo em que o desespero tomava conta do meu corpo, um homem se aproximou com a chave da moto na mão e perguntou:

  • Essa chave é sua?
  • Sim! Onde estava?
  • Na ignição.
  • Que vacilo!

Então ele me explicou que havia estacionado sua moto ao lado de uma CB 400 e percebeu que a chave estava na ignição. Ele estava ali para ir ao mesmo refeitório onde eu estava e pensou que o esquecido provavelmente estaria ali também e que não seria difícil encontrá-lo. Bastava procurar alguém segurando um capacete e que possivelmente estaria desesperado procurando por algo. E foi assim que ele me achou.

  • Obrigado – eu disse a ele – Não sei como te agradecer.
  • Não precisa agradecer. O que você pode fazer para retribuir é: sempre que vir um motociclista precisando de ajuda nas ruas ou nas estradas você vai parar e ajudar. Sempre.
  • Deixa comigo.

A promessa foi feita e precisava ser cumprida. Desde então, sempre correspondi à ela e percebo que muitos outros também tomam esta responsabilidade para si.

E esta posição é sem dúvida, uma regra básica para a existência do Motorama, irmandade, motociclismo e estar sempre disposto a receber novos amigos.

Felizmente, ainda não passamos por muitas situações em que estivéssemos sozinhos e precisando de ajuda com a moto, seja por acidente ou por alguma razão técnica., mas na maioria delas, algum irmão ou irmã parou e ofereceu ajuda.

A CB 400 teve que ir embora pouco tempo depois disso. Mas com ela, aprendemos no mínimo duas lições. A primeira: sempre ajudar o colega, porque juntos somos mais fortes. E a segunda: nunca mais esquecer a chave na ignição.