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Conheça a incrível trajetória do programa que está revolucionando o motociclismo esportivo no Brasil e pavimentando o caminho dos pilotos brasileiros para as pistas do mundo a partir da entrevista completa com Cíntia Faccin e Allan Douglas.

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Em nossa edição de maio de 2024 apresentamos uma reportagem trazendo a você, que faz parte dos melhores motociclistas, informações do bLU cRU, o programa de fomento ao motociclismo esportivo da Yamaha e que vem revolucionando a prática em nosso país.

E aqui, você lê a entrevista completa que fizemos com Cíntia FAccin, gerente de treinamento e da da Yamaha Racing Brasil e com Allan Douglas, idealizador do projeto no Brasil.

Moto Adventure – Falem um pouco sobre o panorama do programa bLU cRU, pois ele começou como um programa de fomento a pilotos privados e expandiu sua abrangência para a criação de um campeonato de motovelocidade e agora, já está também no motocross.

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Cíntia Faccin – O bLU cRU aqui do Brasil é inspirado no formato dos EUA. Lá ele foi lançado em 2013 dentro das atividades de lançamento das YZ 2014 quatro tempos e queriam se aproximar do público de pilotos amadores. foi um case global, apresentado pra gente dentro de um programa interno da Yamaha chamado “Marketing e Vendas” como um caso de sucesso e a gente usou isso para adaptar aqui para o Brasiol. Inicialmente, em 2018, ele surgi aplicado somente no motocross, depois a gente só em 23 que a gente colocou no Rally também e o projeto com este formato de campeonato nasceu junto com o Allan Douglas em 2017, antes de ter o programa oficialmente no Brasil, com a categoria “Super Street”. Depois foi crescendo a forma como fomos trabalhando, a quantidade de pilotos.

Allan Douglas – Em 2017 iniciou, porque em 2016 eram somente duas motos e no ano seguinte foi para dez motos, mas era como uma equipe e nào um programa. e Foi em 2018 que quando passamos a adotar o formato, mas foi em 2020 que a coisa pegou mesmo, entramos no Camponato Brasileiro (de motovelocidade). No final de 2019 fizemos um evento de apresentação do projeto na Churrascaria Fogo de Chão e em 2020 a gente consolidou e se tornou mais próximos.

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Moto Adventure – E como vocês enxergam a evoluçào deste projeto, que não apenas se tornou um campeonato, mas que se tornou um passaporte para que pilotos brasileiros vão correr na Europa?

Cíntia Faccin – Embora o programa na Europa tenha sido apresentado em 2020, ele nào começou neste ano devido à pandemia e com isso, o nosso começou antes, mas quero que o Allan fale sobre isso, com seu conhecimento de ex-piloto que fez a treansição para a carreira de empresário e manager do programa e de pilotos.

Allan Douglas – Fui  com  o Alexandre Barros para uma etapa da MotoGP em 2012 e lá comecei a ver o que era a KTM Rookie’s Cup com Moto3 e lá eu vi e me despertou o interesse para levar um brasileiro para correr. Como na época eu notei que já estava perdendo competitividade, em 2014, falamos com o Gilson (Scudeler) que precisávamos dar um prêmio para quem vencesse a categoria ir para a seletiva e como o Meikon de fato foi o campeão, o levamos para a seletiva e foi um desastre. Pois você chega em outro país, sem saber nada o que estava acontecendo, caiu na primeira volta, deu tudo errado, mas consegui fazer um relacionamento com os organizadores, dizer que éramos do Brasil – eles até perguntaram se havia campeonato de moto aqui – e pedi a eles que me indicassem um campeonato para participar e voltarmos melhor preparados para a seletiva. Eles indicaram a Moriwaki Cup, pré-Moto3, junto ao Britânico de Superbike e Mundial de Superbike. Eles disseram que este era o campeonato que nos permitiria nos preparar para a Rookie’s Cup. Na época eram 10 mil euros pela temporada, com tudo incluso e começamos a viajar sem saber o que iriíamos encontrar pela frente. Neste ano (2015) terminamos em 11o no campeonato, fizemos já alguns pódios e fomos para a seletiva da Rookie’s Cup no final do ano. Passamos na final e na final não passamos. Aprendemos mais um pouco. Em 2016 repetimos esse campeonato visando sermos campeões e de fato fomos. Nós já tínhamos comprado uma moto que deixamos na Espanha para treinar, passamos um mês treinando com ela e finalmente, na seletiva, conseguimos passar. Então fiz essa transição e sempre comento com a Cíntia, quanod ia para provas de MOtoGP eu não queria saber quem ganhava: queria saber como as equipes trabalhavam, como era o funcionamento e fiz isso também na Moriwaki, entendendo toda a logística. Claro que não poderíamos ter uma Moto3 no Brasil, mas poderiamos ter algo similar com um produto brasileiro e se possível, melhorar o que eles faziam. Assim, fiz dois anos de Moriwaki e dois anos de Rookie’s Cup, quatro anos entendendo o funcionamento para trazer ao Brasil e fazer de nosso jeito.Foi uma faculdade que fiquei cursando.

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Em 2019 ainda eram dez pilotos aqui e houve a oportunidade de crescer e como eu já sabia como fazer, parecia uma loucura para muitos mas eu estava tranquilo, pois sabia o que fazer, sabia como por em prática e fazer funcionar.

Moto Adventure – Mas o ano que explodiu aqui no Brasil foi 2022, quando os meninos começaram a ir pra fora e brilhar lá.

Allan Douglas – E se pegarmos esse projeto que surgiu em 2020, que foi a primeira R3 Cup, com dois anos já estávamos senod camoeão e vice lá fora. No primeiro ano, que foi o Turkinho (Humberto Maier) ele já terminou em sexto no campeonato, já fizemos pódio e ganhamos corrida. Então, no segundo ano a gente evoluiu como equipe, como estrutura, estávmaos mais próximos de fazer funcionar o todo, pois quando você chega é tudo muito novo, voce não sabe nada. Mas em 22 a gente já tinham mecânico brasileiro, todos falavam a mesma língua, trabalhava melhor, ajustava melhor a moto e eles já estavam andando nesta moto há cinco, seis anos, e já tinham intimidade com a motocicleta.

Moto Adventure – Aqui no Brasil a competição ganhou muita robustez, pois priemiro porque tinha o pacote de vantagens em relação ao valor investido muito atraente e acho que isso era um grande diferencial, porque você tinha moto, pneus, macacão, capacete, telemetria e associado a isso, um equilíbrio muito grande, pautado pelo fato da moto nào ir para o piloto, ficando sob tua gestão e no dia da corrida, ainda serem sorteadas. Entãso, era um molde de competição muito atraente. Isso foi tudo que você trouxe de fora?

Allan Douglas – Algumas coisas a gente implementou aqui e no meu ponto de visa, conseguimos evoluir em alguns quesitos. Lá na Rookie’s Cup cada um tinha seu mecânico e também nào tinha moto sorteada e tinha a sensação lá que em dada corrida a moto era boa, em outras, não, então, se um dia conseguisse colocar em prática o que queria, as motos seriam sorteadas. A base é similar, mas temos algumas particularidades que sob o meu ponto de vista, é melhor, como os sorteios das motos e mecânicos. A gente entende que quem tem mais dinheiro, pode pagar o melhor mecânico e a gente nào queria isso, pois nào podia ser pelo poder financeiro o diferencial. Tem de ter um meio de equilibrar isso. Lá atrás, pouca gente tinha macacão igual, com o mesmo padrão gráfico e posso falar que a gente puxou o nível para cima. Quando corria nào tinha telemetria e hoje todos têm, at;e em treinos em kartódromo.

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Moto Adventure – Quantos pilotos já passaram pelo programa?

Cíntia Faccin – Cerca de 150.

Moto Adventure – Vocês já anunciaram a adição da R15 e da R3. Falem sobre suas diferenças.

Allan Douglas – R15 foi nosso presente e o projeto da R3 foi ter a R15. Era o que faltava à R3, pois podemos elevar ainda mais o nível da R3 com garotos egressos da R15. Criamos uma seletva itinerante junto à Cintia, quebramos a cabeça para conseguir alinhar tudo, são mais de 50 pessoas entre mecânicos e staff, todo mundo teve de sair um dia antes, hospedar todo mundo, remunerar todo mundo por um dia a mais e traaho. Elas rolaram nas quatro últimas etapas do ano passado: começamos em Potenza (MG), Cascavel (PR), Curvelo (MG), Goiânia (GO) e mais a Super Final. Foram 250 inscritos, e de cada seletiva saíram 15 até chegarmos em 40 na Super Final, onde tivemos a dura tarefa de escolher 15, entre estes, uma menina. O número não é aleatório, pois relaciona-se ao nome da moto. Foram etapas legais, mas também, com muita tristeza, muito choro, pois sãso crianças.

Cíntia Faccin – Ok é para formar pilotos, mas tem um tragalho muito grande de formar pessoas. A pista é só um detalhe, pois sãso histórias dos pilotos e suas famílias. Tem gente lá que tenho certeza que se o filho foi o último vai ficar feliz por outras razòes, porque o desenvolvimento que acontece ali não é só do esporte, pois eles têm de falar com o diretor de prova, têm de ouvir o briefing sozinhos, têm de dar entrevista, virar influencer, têm de se virar. Na R15 não vão correr rodada dupla para que a gente tenha estes cuidados com a nutriçào, com a saúde física e mental, cuidar no sentido mais amplo para que ele se desenvolva como ser humano. O Allan costuma dizer que ele se realiza mais hoje, vendo o progresso dos meninos que quando corria.

Allan Douglas – A gente tem relatos, pois fazemos reuniões com pais do meio para o fim da temporada, e eu sempre pergunto aos pais o que mudou nos filhos. E temos relatos de pais que dizem que o filho tinha depressão e nào saía de casa e depois de passar a correr é outro ser humano, a gente convive, então, a história de superação de traumas, de vitórias, isso nos ensinou muito. A gente aprende e evolui constantente. A corrida d emoto é o que aparece, mas o mais legal é o que nào aparece. As pessoas às vezes me questionam sobre minha rotina, quase sem finais de semana, mas o que as pessoas nào vão entender nunca é tudo o que está envolvido, a corrida da vida e isso é bacana. Hoje a Copa ultrapassou ser só uma corrida de moto, é um projeto.

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Moto Adventure – Para este ano muda alguma coisa na R3?

Allan Douglas – O formato permanece (30 na Talent e 20 na Cup) e o que mudou é que a premiação melhorou para eles: o campeão ficará dois anos andanod no Mundial com tudo pago, em parceria com a Yamaha Japão, e o vice tem um ano 100%.

Cíntia Faccin – Até o ano passado, a Yamaha Brasil era quem dava esta premiação, custeando 60% da temporada na Europa para o campeão e 40% para o vice. Justamente pelo sucesso que alcançamos em 2022, recebemos um japonês que acompanha motorsports por lá ano passado para conhecer a estrutura do projeto para lançar algo parecido na Tailândia – inclusive, já foi lançado – ele anotava tudo, cada detalhe, e tivemos essa reunião, onde questionamos: se estávamos formando pilotos, será que apenas um ano seria suficiente? Por mais que o projeto já estivesse fluindo, era muito duro para o piloto. Aí tivemos essa conversa e ele foi para a Yamaha da Europa, que coordena esse projeto da R3 Mundial e ele nos disse que a Yamaha Japão nos pagaria o campeonato por odis anos e aí, pegamos o valor que dividíamos e compomos para permtir ao vice-campeão o pagamento integral de um ano. Então,s empre teremos dois pilotos e o que ganha na R3 Cup Europa, tem a chance de correr no Mundial de SuperSport 300 (SSP 300).

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Moto Adventure – E ano passado houve a seletiva para a nova copa, a YZ Cup.

Allan Douglas – A gente abriu as inscrições em 15 de dezembro e a seletiva foi no final de janeiro. Foi tudo muito rápido.

Moto Adventure – Qual a faixa etária? 

Allan Douglas – A gente segue o mesmo programa do bLU cRU no MXGP, de 13 a 15 anos e que pode correr a grande final que este ano vai correr na Inglaterra. então, pegamos isso de base, trouxemos para a nossa realidade, pois nào sabíamos se teriamos pilotos nesta faixa etária. Então, a gente adequou junto à FIM Latino-América na etapa de Goiânia da R3 – em novembro definimos o regulamento jnto à CBM e FIM – e entendemos que seria de 11 a 16 anos e mulheres até 17 e abrimos a inscrição sem muita pretensão.

Cíntia Faccin – Eu achava que teriamos.

Allan Douglas – Com um dia tínhamos 70 inscritos, com dois, 140 e com dez dias fechamos com 240 inscritos. No início sequer havia a ideia de seletiva; pensamos em pedir currículos, em pegar os melhores ranqueados e selecionar.

Cíntia Faccin – Ele queria ir nos campeonatos regionais, fazer peneiras…

Allan Douglas – Quando chegou a 240 pilotos do Brasil inteiro, além de Argentina, Uruguai, pensamos: como seleciono apenas 15? Não tínhamos plano de fazer uma seletiva física e aí a Cíntia falou “vamos dar um jeito” e deu um jeito dela internamente tudo a toque de caixa, motos, dinheiro, gente… Pensar que em novembro estávamos definindo se teríamos ou não, dezembro abrimos inscrições e estávamos tranquilos, pois o cameponato começaria apenas em março, mas de repente, precisamos fazer uma seletiva e até chegar as motos, que precismaos pegar de diversos locais diferentes, foi uma loucura, trabalhamos de madrugada na véspera. Teve 30 pilotos para sair os 15 e todos andavam muito bem e foi muito difícil. Tínhamos dez técnicos avaliando curva a curva e foi muito apertado. foi uma experiência muito boa e falando com gente experiente no motocross brasileiro, ninguém nunca tinha visto nada parecido, então foi bem inovador. Oferecemos a um custo acessível capacete Shoei, moto, mecânico…

Moto Adventure – E o bLU cRU para pilotos privados? Continua?

Cíntia Faccin – Sim, continua no motocross e no rally. Ano passado a gente dava premiação por pódio, um kit Yamaha, por etapa, mas já conseguimos oferecer peças a preço de custo, eventual apoio mecânico e para este ano introduzimos também na YZ 125 o programa para mais 25 pilotos que estejam usando nossa moto.

Moto Adventure, a Revista dos Melhores Motociclistas

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Fotos: Divulgação Yamaha Racing Brasil/LzPhotos